Alaa Abd El-Fattah | |
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Nascimento | 18 de novembro de 1981 Cairo, Egito |
Ocupação | Blogueiro, programador e ativista |
Alaa Ahmed Seif Abd-El Fattah (em árabe: علاء أحمد سيف عبد الفتاح, IPA: [ʕæˈlæːʔ ˈæħmæd ˈseːf ʕæbdelfatˈtæːħ]; nascido em 18 de novembro de 1981), conhecido profissionalmente como Alaa Abd El-Fattah ( em árabe: علاء عبد الفتاح), é um blogueiro egípcio, desenvolvedor de software e ativista político. Ele tem trabalhado ativamente no desenvolvimento de versões em idioma árabe de importantes softwares e plataformas.[1] Ele foi preso no Egito por supostamente organizar um protesto político sem solicitar autorização, embora tenha sido libertado sob fiança em 23 de março de 2014.[2] Ele foi preso novamente e libertado sob fiança novamente em 15 de setembro de 2014,[3] posteriormente condenado a um mês de prisão in absentia,[4] e recebeu uma sentença de cinco anos em fevereiro de 2015,[5] da qual foi libertado em fins de março de 2019. El-Fattah permaneceu sujeito a um período de liberdade condicional de cinco anos, obrigando-o a ficar em uma delegacia de polícia por 12 horas diárias, da noite até a manhã.[6] Em 29 de setembro, durante os protestos egípcios de 2019, El-Fattah foi preso pela Agência de Segurança Nacional e levado ao Ministério Público de Segurança do Estado por acusações desconhecidas até o momento.
Alaa cresceu em uma família de ativistas e o ativismo foi um tópico constante de discussão em sua infância. Seu pai, Ahmed Seif El-Islam Hamad, um advogado de direitos humanos que foi preso em 1983 por oficiais do Serviço de Investigações de Segurança do Estado e torturado por cinco anos, é um dos fundadores do Hisham Mubarak Law Center.[7] Sua mãe Laila Soueif, irmã do romancista e comentarista político Ahdaf Soueif,[8] é professora de matemática na Universidade do Cairo e ativista política.[9] O ativismo de seus pais data da época de Anwar Sadat.[10] Durante uma manifestação em 2005, sua mãe, junto com outras mulheres, foram atacadas por partidários de Mubarak; Diz-se que Alaa a protegeu.[11] Uma de suas irmãs é Mona Seif, fundadora do 'Nenhum Julgamento Militar para Civis', um grupo de conscientização dos detidos civis convocados por promotores militares e que investiga alegações de tortura envolvendo policiais militares.[12] Sua outra irmã, Sanaa Seif, é uma estudante adolescente que cofundou um jornal sobre a primavera árabe chamado 'Gornal'.[13]
Alaa Abdel Fattah é conhecido por co-fundar junto com sua esposa Manal Bahey El-Din Hassan,[14] filha do ativista Bahi El-Din Hassan,[15] o agregador de blogs egípcio Manalaa e Omraneya, o primeiro agregador de blogs árabes a não restringir a inclusão com base no conteúdo do blog.[16][17] Em 2005, o blog Manalaa ganhou o Prêmio Especial Repórteres Sem Fronteiras no concurso Best of Blogs da Deutsche Welle.[18] Ele apoiou iniciativas que promovem o jornalismo cidadão nas redes sociais e tem mais de 600.000 pessoas seguindo suas contas pessoais no Twitter e no Facebook.
Alaa Abdel Fattah foi interrogado, preso e detido em várias ocasiões. Ele foi preso em 7 de maio de 2006 durante uma manifestação em defesa de um judiciário independente e foi libertado em 20 de junho de 2006. Em 30 de outubro de 2011, ele foi preso por incitar à violência nos confrontos Maspero de 9 de outubro e libertado em 25 de dezembro de 2011.[19] Em 26 de março de 2013, ele foi preso por incitar à agressão durante um protesto fora da sede da Irmandade Muçulmana, conhecido como Conflitos Mokattam de março de 2013[20] mas foi posteriormente absolvido de todas as acusações.[21] Dois dias depois, em 28 de março de 2013, ele foi preso e acusado de incendiar a sede da campanha do ex-candidato presidencial Ahmed Shafik em 28 de maio de 2012,[22] e recebeu uma pena suspensa de 1 ano de prisão.[23] Em 28 de novembro de 2013, ele foi preso por manifestação, incitação à violência, resistência às autoridades e violação da Lei Antiprotesto após uma manifestação contra julgamentos militares para civis do lado de fora do edifício do Conselho de Shura em 26 de novembro de 2013.[24] Ele foi inicialmente libertado em 23 de março de 2014, após 115 dias de detenção. Em junho de 2014, foi condenado in absentia a 15 anos de prisão e detido novamente à espera de um novo julgamento, período durante no qual fez greve de fome.[25] No novo julgamento, em 15 de setembro de 2014, foi libertado sob fiança.[26]
Durante sua detenção de dois meses em 2011, seu filho Khaled nasceu[27] e durante sua detenção de três meses em 2014 seu pai Ahmed Seif El-Islam Hamad morreu.[28]
Em 7 de maio de 2006, Alaa foi preso durante um protesto pacífico após ter reinvindicado um judiciário independente. Sua prisão, junto com a de vários outros blogueiros e ativistas, gerou protestos de solidariedade ao redor do mundo,[29][30] alguns dos quais criaram o blog "Free Alaa" dedicado a pedir sua libertação da prisão.[31][32] Alaa foi libertado em 20 de junho de 2006, depois de passar 45 dias na prisão. Sua esposa, Manal, foi citada pelo The Independent como tendo dito: "Não há como recuar agora, com certeza continuaremos nossas atividades."[33]
De acordo com o jornal egípcio al-Ahram Weekly, o nome de Abd el-Fattah "é em muitos aspectos sinônimo da Revolução de 25 de janeiro do Egito". Alaa participou de quase todas as manifestações desde o início da revolução.[34] Ele não estava no Egito em 25 de janeiro de 2011, quando começaram os protestos contra o regime e quando o governo egípcio suspendeu a internet no país. No entanto, ele conseguiu coletar informações de familiares e amigos por meio de telefones fixos e publicou para o mundo exterior os eventos ocorridos no Egito durante os primeiros dias da revolução. Alguns dias depois, ele voltou para o Egito e estava em Tahrir Square, o epicentro dos protestos, em 2 de fevereiro. Enquanto se manifestava lá, ele participou da defesa da praça de ataques das forças de segurança e agressores pró-regime, um evento conhecido no Egito como "batalha de camelos".[35]
Alaa continuou sua participação na revolução egípcia, até que Mubarak deixou a presidência. Posteriormente, fixou residência no Egito, onde manteve sua participação nas manifestações contra a forma de governar o país pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF) após a queda de Mubarak.[33]
Em 30 de outubro, Alaa foi preso sob a acusação de incitar à violência contra os militares durante as manifestações de Maspero de 9 de outubro, durante as quais centenas de pessoas ficaram feridas e 27 morreram na pior violência desde que Mubarak deixou o cargo. Alaa recusou-se a reconhecer a legitimidade dos seus interrogadores ou a responder às suas perguntas e foi então detido por 15 dias, período renovável indefinidamente.[36] Ele foi acusado de ter incitado a luta em Maspero, de assaltar soldados e danificar propriedades militares.[37] Como em sua prisão em 2006, sua mãe falou em seu apoio e iniciou uma greve de fome em oposição à corte marcial de civis em 6 de novembro.[38] Seu pai e suas irmãs também participaram dos protestos de 2011.[10] Em sua primeira audiência, o pai de Alaa, o advogado de direitos humanos Ahmed Seif El-Islam, apresentou ao tribunal militar fitas de vídeo, uma das quais continha imagens de blindados atropelando manifestantes e outra de âncoras da televisão estatal "incitando a violência". Ele também acusou o chefe da Polícia Militar de ser o responsável direto pela violência e acusou o Conselho Supremo das Forças Armadas de obstrução à justiça por instituir um toque de recolher na noite do ataque para "ocultar todas as evidências dos crimes do Exército".[39]
O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu a libertação de Alaa e de todos os outros presos por exercerem a liberdade de expressão,[40] enquanto a Amnistia Internacional condenou a sua prisão e acusou o SCAF de envolvimento nos confrontos Maspero.[41] Em reação à sua prisão, milhares de manifestantes participaram de manifestações no Cairo e Alexandria exigindo a libertação de Alaa. Ativistas de direitos humanos e blogueiros de fora do Egito também pediram sua libertação.[34] Enquanto estava encarcerado na prisão de Bab al-Khalq, ele escreveu uma carta a outros ativistas egípcios, alegando que o SCAF havia "sequestrado" a revolução. Ele também comparou sua atual prisão com o tempo de prisão que cumpriu em 2006, dizendo "Nunca esperei repetir a experiência de cinco anos atrás. Depois de uma revolução que depôs o tirano, eu volto para suas prisões?".[41]
Após protestos contra o encarceramento de Alaa, as autoridades militares permitiram que seu caso fosse tratado por um tribunal civil em vez de um tribunal militar. Em 13 de dezembro, o tribunal retirou duas acusações contra ele, incluindo incitamento e reunião ilegal. O tribunal estendeu sua detenção por mais 15 dias e manteve as acusações de roubo de armas e disparos contra soldados. Enquanto Alaa permanecia sob custódia, nasceu seu filho Khaled, em homenagem a Khaled Said, o blogueiro assassinado que se tornou um símbolo da revolução egípcia.[42]
Em 25 de dezembro de 2011, um juiz representando o Ministério Público ordenou a libertação de Alaa Abd El-Fattah no dia seguinte. Ele permaneceu proibido de viajar.[43][44]
Em novembro de 2013, Alaa foi preso novamente por supostamente encorajar uma manifestação contra a nova constituição fora do Parlamento egípcio.[45] 20 policiais invadiram a casa de Abd El-Fattah, arrombaram a porta e confiscaram os computadores e telefones celulares da família. Quando Alaa pediu para ver o mandado de prisão, a polícia agrediu fisicamente ele e sua esposa.[46]
Em setembro de 2014, foi nomeado pela Esquerda Unitária Europeia-Esquerda Verde Nórdica para o Prémio Sakharov, juntamente com o rapper tunisino Weld El 15 e o rapper marroquino L7a9d.[47] No mês seguinte, a indicação foi retirada após a controvérsia sobre alguns tweets de Abd El-Fattah em 2012 na época do bombardeio de Gaza por Israel. Ele reclamou que os tweets foram tirados do contexto.[48]
Em 23 de fevereiro de 2015, Alaa foi condenado a cinco anos de prisão.[49] Ele foi libertado em 29 de março de 2019.[50]
Na manhã de 29 de setembro de 2019, durante os protestos egípcios de 2019 dos quais Alaa não havia participado, a família de Alaa divulgou um comunicado para anunciar que ele foi sequestrado após deixar a delegacia de Dokki.[51] Desde sua libertação em março de 2019, Alaa foi obrigado a cumprir liberdade condicional diária da polícia de 12 horas por dia na delegacia de Dokki por cinco anos. Mais tarde, em 29 de setembro, a irmã de Alaa, Mona Seif, declarou que ele havia sido preso pela Promotoria de Segurança do Estado e que a família de Alaa não sabia do que ele era acusado. Alaa foi torturado por em um 'corredor polonês' na prisão de Tora.
Em dezembro de 2021, Alaa foi sentenciado à 5 anos de prisão, após ser julgado sob acusações de disseminar notícias falsas. Junto com ele foram condenados também o blogueiro Mohamed “Oxygen” Ibrahim e o advogado Mohamed El-Baqer, ambos por 4 anos. Os três estavam encarcerados desde 2019, em condições que já foram denunciadas por seus familiares, que afirmaram que era negado a Alaa o acesso à livros, rádio e qualquer comunicação, como também o direito à andar fora da cela.[52]