Um armazém automático ou armazém automatizado é a automatização de todas ou a maior parte das tarefas que são realizadas dentro de um armazém, que é um espaço físico para o armazenagem dos produtos e bens dentro da cadeia de suprimento.
É um sistema de armazenagem exclusivamente desenhado para soluções logísticas que precisam carecer ao máximo as taxas de produtividade, redução de espaço necessário e redução da movimentação de material. Este tipo de soluções podem ser adaptadas à ambientes diferentes, dependendo do setor e atividade da empresa, com possibilidade de até implantar soluções em ambientes de frio ou congelado.
Um sistema de armazenamento e recuperação automatizado (em inglês: automated storage and retrieval system, AS/RS) consiste num conjunto de equipamentos computorizados para depositar e recuperar automaticamente cargas com localizações definidas. Estes sistemas são bastante utilizados na indústria e em armazéns (Armazéns, 2003).
A implementação de sistemas AS/RS como meio de armazenagem tiveram um forte impacto no mundo dos armazéns e nos sistemas de armazenagem. Estes sistemas automáticos de manuseio e armazenagem de produtos, por via de processos de controle computadorizados, foram integrados em processos de manufatura e distribuição. Embora o primeiro impacto da implementação destes sistemas tenha sido na armazenagem e recuperação de produtos acabados, provou-se, mais recentemente, que é também um grande apoio estrutural para o manuseio de matérias-primas. (Tompkins, 1984, p. 363).
A estrutura dos armazéns também foi alterada devido ao AS/RS. Grande parte dessa alteração deve-se aos racks que são estruturados no armazém que, além de terem um processo de construção mais econômico do que as estruturas normais, e devido aos seus fins especiais, estes armazéns recebem tratamento fiscal favorável relativamente aos seus lucros (Tompkins, 1984, p. 363).
Embora bastantes práticos e cooperativos, a implementação destes sistemas sai caro à empresa que os instala. Para além disso, os sistemas são pouco flexíveis e nem sempre fiáveis, sendo adequados para fluxos regulares e elevados de materiais (Ferreira, 2007).
Em função das características de cada armazenagem, o armazenamento automático pode ser composto por:[1]
A implementação de um sistema de armazenamento e recuperação automatizado tem como objetivo (Armazéns, 2003):
Um sistema de armazenamento automático pode-se aplicar a diversos tipos de materiais e atividades (Armazéns, 2003):
A implementação de um sistema AS/RS no armazenamento de materiais em curso de fabricação - work in process (WIP) – deve-se sobretudo aos riscos que este suporta. Esses riscos são (Armazéns, 2003):
Assim sendo, e de forma a minimizar estes riscos, devemos proceder ao armazenamento automático do WIP (Armazéns, 2003)
A um armazém automático estão associados alguns nomes característicos, pertencentes a este sistema (Armazéns, 2003):
Existem várias categorias de AS/RS (Armazéns, 2003):
Um sistema automático do tipo carrossel consiste num sistema de tração que faz mover, numa trajetória oval, um conjunto de recipientes ligados entre si. O perímetro da oval de um carrossel pode ir dos 3 aos 300m, podendo, a sua altura, estar compreendida entre os 1,5 e os 2,5m. Este sistema pode ser montado no chão ou num mezanino e o seu controle pode dar-se por teclado ou computador (Armazéns, 2003).
O principal objetivo deste sistema consiste no armazenamento e retirada de itens, assim como o seu transporte e acumulação e é usual aplicar-se em casos particulares dependendo da sua necessidade (Armazéns, 2003).
No projeto e estruturação de um sistema de AS/RS devemos ter em conta os seguintes aspectos (MACHADO, 2006):
Duas características físicas determinantes na projeção de um sistema de AS/RS são o tamanho e peso da unidade de carga:
O correto dimensionamento da unidade de carga, seja ela palete, caixas, bandejas, é essencial na determinação do menor espaço, em que na prática, essa unidade possa ser armazenada, de maneira a determinar a necessidade de espaço individual de armazenagem. Uma vez que as dimensões de uma unidade de carga podem ser variáveis, no final da determinação do espaço individual de armazenagem, pode ser necessário mais do que um tamanho para esse espaço. Contudo, pequenas variações no tamanho das unidades, não se refletem a nível orçamental.
Simultaneamente ao tamanho máximo da carga, é essencial determinar a orientação desta relativamente às prateleiras, de forma a estabelecer a largura de armazenamento. Por exemplo, caso a unidade seja uma palete, as longarinas devem estar posicionadas paralelamente ao corredor por onde a empilhadora circula, conseguindo com isto extrair partido da capacidade máxima da palete.
Com vista à estruturação e seleção do tipo de armazenagem a usar, procede-se à determinação do peso máximo das unidades de carga a serem movimentadas.
É a quantidade máxima de bens por unidade de carga que determina o número de locais de armazenagem que uma estrutura deve ter.
Independentemente dos diversos tipos de existências, o número de unidades de carga a ter em armazém, deve basear-se não só nas operações atuais mas também tendo em vista as necessidades futuras (até dois anos).
Isto é, a necessidade do numero de cargas a entrar e sais do sistema por hora: uma vez que a movimentação de materiais estão relacionadas com os níveis de produção e saída de produtos, há que determinar o número de unidades a armazenar e a expedir (em cada hora de funcionamento). É errado proceder a este cálculo considerando valores médios horários, uma vez que as taxas de entrada e saída de cargas não são relativamente constantes, ao longo dos turnos. Deve-se ter isso em conta de forma a manter a eficiência em todas as instalações.
O número e tipos de grua a usar num sistema é determinado pelos requisitos deste. Estas podem ser de dois tipos:
Gruas que executam uma tarefa (armazenamento ou retirada), aguardando no local de finalização da atividade, um novo comando. Uma grua com estas características pode realizar até 32 ciclos por hora, o que implica que pode ter armazenado/retirado 32 cargas ao armazém.
Estas gruas executam repetidamente comandos de armazenagem e retirada de cargas do armazém. Gruas deste tipo, executam até 22 ciclos por hora, permitindo, assim, o armazenamento de 22 cargas e expedição de outras tantas.
De forma a obter um fator de eficiência mais elevado, deve-se planejar para estas gruas, duas cargas por ciclo.
Caso a velocidade de entrada ou saída de cargas seja críticas, devemo-nos concentrar naquela que for a mais rápida. Consoante o funcionamento das instalações, algumas podem levar a que alguns turnos sejam exclusivos ao armazenamento ou retirada de cargas. Um exemplo disso, é caso se armazene todo o bem produzido num turno e no seguinte, uma equipe assegure (exclusivamente) a expedição desse mesmo bem.
Uma vez (devido à interacção entre os diversos mecanismos de um sistema) que é impossível obter o total do rendimento de um sistema, deve-se considerar, para efeitos de cálculo, o funcionamento da grua a 85 por cento da sua capacidade máxima.
Uma determinada grua pode operar em um ou vários corredores. Cada corredor contém duas estantes. Logo, se tivermos uma grua a operar por corredor, o número de estantes a ter em conta deve ser duas vezes superior ao número de gruas.
O cálculo da altura de um sistema deve ser efectuado com base nas cargas que este irá conter. Assim sendo, deve-se calcular a altura das cargas, não tendo exclusivamente em conta a sua altura real mas também a altura necessária aos elementos da estante que a suportam, assim como, a entrada do vaivém da grua. Para cargas consideradas leves (até 1 100 kg), a altura adicional, respectiva ao vaivém, deve ser de 15 cm. Se a carga for pesada (superior a 1 100 kg), esta altura deve ser de 23 cm.
Um sistema pode variar entre os 9 e os 27 m de altura. Ainda assim, consideram-se os sistemas mais eficientes, aqueles que têm a sua altura compreendida entre os 15 e 21 m.
O número de colunas que um sistema deve conter é determinado através do número de unidades de carga que é necessário armazenar, número de gruas e quantidade de cargas em altura.
O comprimento do sistema é determinado calculando, à priori, o comprimento das prateleiras do sistema, isto é, número total de colunas numa fila. Ao cálculo da largura de cada coluna deve-se adicionar a folga lateral da carga e a largura de um pilar da estante á largura da carga. Se o sistema necessitar de levar outros equipamentos que o apoiem, como é o caso de correias transportadoras, sistemas puxados por cabo, carro de transferência ou veículos sem condutor, deve-se ter em conta a medida do comprimento adicional de cada um, somando, e obtendo, desta forma, um correcto comprimento total do sistema.
De forma a determinar a largura do sistema, deve-se definir, primeiro, a unidade de corredor, isto é, a largura total de um corredor e das estantes de armazenagem adjacentes. Na determinação da unidade de corredor deve-se também ter em conta as folgas entre as estantes e o corredor, adicionando-se 61 cm ao seu cálculo. Sabendo o valor da unidade de corredor e o número de corredores, determina-se a largura do sistema.
Para um mesmo e determinado tipo de parâmetros (medidas da palete, peso das cargas, movimentação, etc.) podem-se obter configurações diferentes para o sistema, isto é, alterando algumas variáveis do sistema, tais como o número de colunas ou de cargas em altura, altera-se o tipo de layout.
A redução de custos de um projecto de AS/RS pode ser obtida através da redução de custos de maquinaria e de controladores necessário ao sistema.
A utilização deste equipamento surge na necessidade de armazenar um grande número de unidades de carga associado a uma reduzida taxa de movimentação e permite transitar a grua, sobre a qual actua, de corredor para corredor. Cada carro de transferência de corredor, normalmente, trabalha com uma só grua, permitindo ao sistema maximizar a utilização da grua, uma vez que a transferência de gruas entre corredores ocorre com pouco frequência. De modo a se considerar viável o uso do carro de transferência como uma hipótese viável à abordagem de uma grua por corredor, deve haver uma proporção de três, ou mais, corredores por grua.
Aquando o uso de um carro de transferência, deve-se adicionar 6 metros ao cálculo do comprimento do sistema.
Aquando a existência de um número elevado de cargas armazenadas em relação a um número de unidade mantidas em armazém (SKU), é viável a implementação de um sistema de armazenagem de cargas, uma atrás de outra, ou seja, de profundidade dupla. Isto acontece quando não é necessário o pleno acesso a todas as cargas, podendo cargas semelhantes serem agrupadas, armazenadas e movimentadas, em simultâneo, ao longo do ciclo da grua. Em comparação com o sistema de armazenagem de profundidade simples, a densidade de armazenagem da carga no sistema aumenta entre 10 a 20 por cento.
Um projecto de AS/RS pode necessitar de actividades peculiares que podem afectar o planeamento e orçamento global. É fundamental ter em conta dos seguintes factores:
Após instalado um sistema de AS/RS, os transportadores e os equipamentos para transferência das empilhadeiras nele a atuar, são controlados de forma a localizar um determinado compartimento, posicionando-se e retirando ou armazenando nesse compartimento, itens desejados (Armazéns, 2003).
A identificação dos compartimentos é feita com base em códigos alfanuméricos. Estes, indicam o corredor e posição horizontal e vertical no qual o compartimento pretendido se encontra. Todos os códigos correspondentes a todos os compartimentos do armazém são armazenados numa base de dados, que se actualiza sempre que se realize uma transacção (Armazéns, 2003).
O método como os transportadores ou os chariots-transfer se posicionam pode ser efectuado com base na contagem horizontal e vertical: contando o número de prateleiras (horizontal) e colunas (vertical), ou por meio de identificadores ópticos (Armazéns, 2003).
O método de transferência de carga para um AS/RS pode-se dar quer manualmente, quer automaticamente (Armazéns, 2003):
Tipo de interface | Tolerância |
---|---|
Carga e descarga manual | ± 5 cm |
AGV - Tapete | ± 2 cm |
Carga e descarga em AS/RS | ± 0,5 cm |
Interface com máquina-ferramenta | ± 0,02 cm |
Esta interface pode dividir-se em dois tipos (Armazéns, 2003):
Consiste no fluxo de informação subjacente aos materiais que percorrem a fábrica, seja em movimento ou armazenamento. Este fluxo relaciona-se com:
Baseia-se na transferência de itens entre sistemas de armazenamento, de manipulação de materiais e de produção. O seu concebimento pende do:
Estes critérios são (Armazéns, 2003):