Atentado à escola em Cabul em 2021 | |
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Local | Cabul, Afeganistão |
Data | 8 de maio de 2021 |
Tipo de ataque | Explosões com bombas |
Alvo(s) | Hazaras e xiitas |
Arma(s) | Carro-bomba e dispositivos explosivos improvisados |
Mortes | 85 |
Feridos | 147 |
Responsável(is) | Estado Islâmico de Coraçone (EI–C) |
Motivo | Guerra do Afeganistão (2001–presente) |
O atentado à escola em Cabul em 2021 ocorreu em 8 de maio de 2021, quando um carro-bomba, seguido por mais duas explosões de dispositivos explosivos improvisados, explodiu em frente à escola Sayed al-Shuhada em Dashte Barchi, uma área predominantemente hazara–xiita,[1][2] no oeste de Cabul, Afeganistão,[3] deixando pelo menos 85 pessoas mortas e outras 147 feridas.[4][5][6][7][8][9] A maioria das vítimas eram meninas entre 11 e 15 anos.[10][11] O ataque ocorreu em um bairro que tem sido frequentemente atacado ao longo dos anos por militantes pertencentes ao Estado Islâmico de Coraçone (EI–C).[2][12]
Após o ataque, os residentes de Dashte Barchi expressaram raiva pela falta de segurança na área.[13] Os residentes disseram que o governo não fez o suficiente para proteger a escola de Dashte Barchi, apesar de saber que ela foi repetidamente atacada por militantes pertencentes ao EI–C. Muitos dos residentes responsabilizaram o presidente afegão Ashraf Ghani pelo ataque, protestaram e gritaram contra o governo e as forças de segurança afegãs.[13]
A área de Dashte Barchi em Cabul é habitada por membros da minoria étnica hazara do Afeganistão.[14] Em 2018, 34 pessoas foram mortas em um atentado a bomba em uma escola e cerca de 24 pessoas foram mortas em um ataque a um clube de luta livre na área.[15] Em 2020, 24 pessoas morreram em um ataque à maternidade e cerca de 30 morreram quando o centro de ensino Kawsar-e-Danish foi atacado na mesma área. Os afiliados do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) assumiram a responsabilidade pela maioria dos ataques.[15] Os hazara praticam o xiismo e são considerados hereges pelo ISIL.[14] O Talibã também tem como alvo os hazaras para perseguição violenta e também se opõe à educação de meninas, especialmente adolescentes.[16]
O Afeganistão em geral também viu um grande aumento nos combates entre as forças de segurança afegãs e os insurgentes do Talibã, à medida que ambos os lados trabalham para ganhar território em áreas estratégicas devido à retirada das tropas dos Estados Unidos e da OTAN.[17]
Um carro-bomba explodiu em frente à entrada da escola Sayed al-Shuhada.[18] A escola ensina meninos e meninas em três turnos, sendo o segundo para mulheres.[19]
Uma professora de escola descreveu que "uma explosão de carro-bomba aconteceu primeiro, e então duas outras explosões ocorreram perto da escola feminina em Cabul".[20] Um porta-voz do Ministério do Interior apoiou a declaração afirmando que a explosão inicial foi um carro-bomba seguido por dois dispositivos explosivos improvisados.[21]
Um dos alunos feridos contou que estava deixando a escola quando ocorreu a explosão e, cerca de dez minutos depois, houve outra explosão, seguida por outros minutos depois. Ela disse que todos estavam desorientados e gritando, com sangue, destroços e pertences pessoais espalhados pelo quintal.[22]
Imediatamente após o atentado, os números eram que 58 pessoas haviam morrido e que mais de outras 160 ficaram feridas. Um dia após o ataque, o número de mortos subiu para 85.[4][23] A maioria das vítimas eram estudantes menores de 18 anos.[24] Um coordenador do programa do hospital para onde a maioria dos feridos foi transportada afirmou que a maioria dos pacientes tinha entre 12 e 20 anos.[22]
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, condenou o ataque terrorista e declarou 11 de maio como o dia nacional de luto após o atentado.[25][26] O presidente Ashraf Ghani culpou o Talibã pelo ataque, mas o porta-voz do Talibã, Zabiullah Mujahid, negou envolvimento no ataque, em uma mensagem divulgada aos meios de comunicação social.[21][27] O porta-voz do Talibã também condenou o ataque e responsabilizou o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) pelo ataque. Além disso, ele acusou a agência de inteligência do Afeganistão de ser cúmplice do Estado Islâmico.[12]
Muitos familiares das vítimas condenaram a suposta falta de ação do governo em proteger a população. Um parente das vítimas disse que "o governo reage após o incidente, mas não faz nada antes do incidente".[22] Os moradores de Dashte Barchi relataram que demorou pelo menos uma hora para as forças de segurança chegarem ao local. A demora na chegada de policiais, inteligência e ambulâncias ao local irritou a multidão que passou a atacar a ambulância e os veículos da polícia.[13] Muitos dos residentes responsabilizaram o presidente Ghani pelo ataque, protestaram e gritaram ruidosamente contra o governo e as forças de segurança afegãs.[13]