Banu Catame

Banu Catame ou Catame (em árabe: خثعم; romaniz.: Khathʿam) era uma tribo árabe antiga e medieval que tradicionalmente vivia no sudoeste da Arábia. Tomaram parte em cooperação ou oposição à expedição do governante axumita Abramo do século VI contra Meca. Após a hostilidade inicial, abraçaram o Islã e desempenharam um papel importante nas primeiras conquistas muçulmanas da década de 630. A tribo de Xarã no Iêmem e na Arábia Saudita é o principal clã dos catamitas.

As origens genealógicas dos catamitas foram contestadas pelos historiadores e genealogistas árabes medievais. Ibne Hixame (falecido em 833) e ibne Cutaiba (falecido em 889) propuseram, com base nas informações fornecidas a eles pelos "genealogistas de Mudar", que Catame eram adenanitas, o agrupamento abrangente de todas as tribos do norte da Arábia. Consequentemente, a linha de descendência da tribo era Catame ibne Anemar ibne Nizar ibne Maade ibne Adenã.[1] No entanto, ibne Alcalbi (falecido em 819) afirmou que eram descendentes dos sabeus do sul da Arábia e que sua genealogia era Catame (nome de nascimento Afetal) ibne Anemar ibne Iraxe ibne Anre ibne Algaute (Algaute era o suposto pai da tribo Azede).[2] De acordo com o historiador moderno Giorgio Levi Della Vida, os catamitas eram provavelmente uma confederação de tribos menores com origens diferentes. O nome da tribo possivelmente deriva da frase árabe tacatama (takhath'ama), que significa "se manchar de sangue" como resultado de um pacto. Em suas alianças ou expedições tradicionais, a tribo era tipicamente associada a grupos da Arábia do Sul. Os principais clãs dos catamitas são Xarã, Naixe e Aclube; o último diz-se que descendia da tribo Rabia ibne Nizar e fizeram parte dos catamitas através de um pacto.[3]

Pelo menos desde o século VI, moraram nas áreas de Turubá, Bixa, Tabalá e Juraxe, todas na área montanhosa do sudoeste da Arábia, entre as cidades de Najrã e Taife e na rota de caravanas entre o Iêmen e Meca. Em Tabalá, a tribo cultuava Dul Calaça, junto com as tribos bájilas (que eram tradicionalmente consideradas parentes dos catamitas), bailas e dáucitas.[3] De acordo com os estudiosos muçulmanos xiitas medievais Almajlici (m. 1699) e Atabarsi (m. 1153) e o estudioso muçulmano sunita Albaiaqui (m. 1066), os catamitas, junto com as tribos do sul da Arábia de aquitas e axaritas formaram a maioria das tropas nas fileiras de Abramo, o governante Axumita do Iêmem, em meados do século VI. Esses mesmos relatos afirmam que, uma vez que Abramo chegou a Meca para destruir a Caaba, então o principal santuário para os árabes politeístas, catamitas e axaritas se recusaram a participar.[4] O historiador ibne Habibe (falecido em 859) também observa que sob seu chefe Nufail ibne Habibe, juntaram-se ao exército de Abramo,[5] enquanto o historiador ibne Ixaque (falecido em 767) afirma que não eram um componente do exército e, sob o comando de Nufail, lutaram contra Abramo no sul da Arábia quando o último marchava contra Meca; a tribo foi derrotada e Nufail foi capturado.[6]

A batalha mais conhecida envolvendo os catamitas no período pré-islâmico foi o Dia de Faife Arri (Fayf al-Rih) em que a tribo sob seu líder, o poeta guerreiro Anas ibne Mudrique, liderou uma aliança incluindo a tribo Madije e derrotou os amiritas e feriu seu líder Amir ibne Atufail. Anas novamente liderou sua tribo à vitória contra os juxamitas liderados pelo poeta e salteador Sulaique ibne Sulaca. Anas viveu por um período considerável após o advento do Islã na década de 620. A reação inicial da tribo ao profeta islâmico Maomé foi hostil, mas eventualmente enviou uma delegação aceitando a religião, à qual Maomé respondeu declarando que todas as rixas de sangue da tribo datando do período pré-islâmico foram abolidas. Uma seção da tribo se rebelou contra o nascente estado muçulmano em Medina, mas acabou se submetendo após a destruição do santuário Dul Calaça por abedalá ibne Jarir Albajali. Membros da tribo participaram das primeiras conquistas muçulmanas na Síria e no Iraque durante os anos 630 e formaram parte das guarnições árabes de Cufa e Baçorá.[3]

Referências

  1. Levi Della Vida 1978, p. 1105.
  2. Levi Della Vida 1978, p. 1105–1106.
  3. a b c Levi Della Vida 1978, p. 1106.
  4. Kister 1972, p. 69–70.
  5. Kister 1972, p. 70.
  6. Kister 1972, p. 67.
  • Levi Della Vida, G. (1978). «Khathʿam». In: van Donzel, E.; Lewis, B.; Pellat, Ch. & Bosworth, C. E. The Encyclopaedia of Islam, New Edition, Volume IV: Iran–Kha. Leida: E. J. Brill. pp. 1105–1106. OCLC 758278456 
  • Kister, M. J. (junho de 1972). «Some Reports concerning Mecca from Jāhiliyya to Islam». Jornal de História Econômica e Social do Oriente. 15 (1): 61–93. JSTOR 3596312