Barinel era uma antiga embarcação de carga a remos (as mais pequenas) ou a vela, com a sua origem no Mediterrâneo.[1] Tinha um porte maior que as barcas, e com a proa, recurvada, já a assemelhar-se à estrutura das naus portuguesas do século XV e XVI.[2]
Esta embarcação foi fundamental no impulsionamento dos Descobrimentos portugueses e usada nos descobrimentos da costa africana até à sua substituição pelas caravelas na década de 1440 pela Marinha de Guerra Portuguesa e usada até a meados do século XVI na Marinha mercante portuguesa.[2] Não há imagens de barinéis da época dos descobrimentos.[3]
Os barinéis foram também utilizados na guarda da costa na Índia no tempo do vice-rei D. Francisco de Almeida, assim como em navegações de corso, de guerra e de comércio.[2]
A etimologia da palavra barinel não é consensual, mas parece ter origem no latim ballenariu, derivação de ballena, «baleia», pelo italiano barinello, castelhano ballener, catalão balener, provençal balenier ou francês ballenier, que significa «barco equipado para a pesca da baleia».[4] Também se encontram as grafias "varinel"[5] e "baryne".
O barinel tem origem no Mediterrâneo no século XIV, com o desenvolvimento das rotas comerciais e da engenharia naval portuguesa no final do século XIV, era necessário uma versão aumentada da "barcha" (barca), com um a três mastros dependendo do seu tamanho.[6]
Estes navios foram usados principalmente no início do século XV juntamente com as barcas para a exploração dos arquipélagos das Canárias, Madeira e Açores, e nas rotas comerciais portuguesas da Flandres e do Norte da Europa.[2][3]
Juntamente com as barcas, inicialmente, e posteriormente com as caravelas, foram embarcações fundamentais no impulsionamento marítimo português e nas iniciais descobertas portuguesas.[2]
Foi em barcas que se redescobriu o arquipélago da Madeira e se atingiram as ilhas dos Açores. Foi em barcas e barinéis que os primeiros colonos se deslocaram para os seus definitivos lares insulares.[7]
Foram depois trocadas pelas caravelas totalmente após a dobragem do cabo Bojador pois, por ter os mastros de pano redondo e pela sua estrutura, tinha maiores dificuldades a fazer as viagens de regresso.[8]
Outras fontes citam o uso dos barinéis até ao século XVI, onde, segundo Gomes Pedrosa, teriam sido trocados gradualmente pelo galeão.[9]
Um negociante italiano, Girolamo Sernigi, que estava em Lisboa aquando a chegada de Vasco da Gama da Índia, descreveu a armada dele como sendo composta por barinéis de mais de 90 tonéis cada e um de 50 tonéis.[10] No entanto, estas embarcações seriam posteriormente confirmadas como naus e não barinéis.[7]
Outras descrições da época dão conta que estas embarcações terão sido usadas em navegações de corso, de guerra e de comércio.[8]
Os barinéis possuíam maior tamanho que as suas predecessoras barcas, e possuíam uma proa alterosa a atirar para nau, também ela recurvada.[3]
Poderia ter a almeida da popa (parte curvada do forro lateral dos navios de popa quadrada, situada sob o painel da popa e formando com ele um ângulo convexo) [11] ora curva como a caravela, ora reta como a nau e o mesmo com a grimalda.[2]
Poderiam ter de um a três mastros, de velame redondo e tinham um cesto da gávea no maior mastro da embarcação (mastro grande). Com os Descobrimentos portugueses, e com a necessidade cada vez maior de bolinar os ventos da região da Alta Guiné e do Cabo Bojador, foram adaptadas as velas e os mastros para suportar pano latino.[6]
Para alturas sem vento, possuíam também, e principalmente os barinéis mais pequenos, remos. Comparativamente à barca, tinham um calado maior e uma tonelagem maior.[10]
A barca possuía geralmente uma tripulação de 20 homens, enquanto que um barinel teria uma tripulação de 30 homens.[3]
Muitas das características do barinel acabaram por influenciar a estrutura da caravela e posteriormente da nau, podendo ser classificada como a predecessora das naus portuguesas do final século XV e XVI.[9]