Batalha de Wanat | |||
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Guerra do Afeganistão | |||
![]() Soldados do exército dos EUA vigiando a Base Kahler no dia anterior a batalha.
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Data | 13 de julho de 2008 | ||
Local | Província do Nuristão, Afeganistão | ||
Desfecho | Indeciso
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A Batalha de Wanat ocorreu em 13 de julho de 2008, quando cerca de 200 insurgentes talibãs atacaram tropas americanas e afegãs perto de Quam, no distrito de Waygal, na província do Nuristão, no extremo leste do Afeganistão.[1]
O Talibã cercou a base remota e seu posto de observação, atacando-a a partir de Quam e das terras agrícolas circundantes, destruíram grande parte das munições pesadas americanas, atravessaram suas linhas e entraram na base principal antes de serem repelidos por artilharia e aeronaves. Os Estados Unidos alegaram terem matado pelo menos 21 combatentes talibãs, com nove soldados estadunidenses mortos e 27 feridos, e quatro soldados do Exército Nacional Afegão feridos.[1][2]
Um dos vários ataques a postos avançados remotos, a batalha de Wanat foi descrita como um dos mais sangrentos ataques do Talibã durante a guerra.[3] Em contraste com ataques anteriores, desde atentados bombistas à beira de estradas até emboscadas aleatórias, este ataque foi bem coordenado; os combatentes de diferentes grupos insurgentes conseguiram atingir com precisão equipamentos essenciais, como um lançador de mísseis filo-guiados, através de um esforço sustentado e disciplinado.
A batalha tornou-se foco de debate nos Estados Unidos gerando "um grande interesse e escrutínio entre profissionais militares e observadores externos", principalmente devido ao relativo "número significativo de baixas da coalizão".[1] Várias investigações foram empreendidas sobre os eventos que levaram à batalha. A investigação inicial foi concluída em agosto de 2008. Em julho de 2009, o senador James Webb solicitou que o Exército dos Estados Unidos investiga-se formalmente a batalha e a investigação anterior. O tenente-general Richard F. Natonski realizou outra investigação no final de 2009, que levou a ordens de repreensão para a cadeia de comando. Em junho de 2010, o Exército dos Estados Unidos revogou as reprimendas, declarando que não houve negligência e mencionando sobre os soldados que "pelo seu valor e sua habilidade, defenderam com sucesso suas posições e derrotaram um inimigo determinado, habilidoso e adaptável".
Em 2008, as forças da OTAN no sudeste do Afeganistão enviaram patrulhas de sub-companhias para a fronteira com o Paquistão para interromper o fluxo de fornecimentos para os talibãs provenientes das Território Federal das Áreas Tribais administradas pelo Paquistão.[4] Estas forças da ISAF estabeleceram pequenas bases de patrulha, que foram alvo de ataques regulares das forças talibãs.[5]
Por volta das 4h20 do dia 13 de julho, as forças talibãs abriram fogo contra a base com metralhadoras, lança-rojões RPG e morteiros. Outros 100 guerrilheiros atacaram o posto de observação a partir das terras agrícolas a leste.[6]
O ataque inicial atingiu o espaldão de morteiros da base operacional avançada (FOB), destruindo o morteiro de 120mm e detonando o estoque de munição de morteiro. Em seguida, os insurgentes destruíram o lançador de mísseis TOW montado no Humvee dentro do posto avançado de combate com fogo coordenado de foguetes não-guiados RPG. Em pouco tempo, as duas armas mais pesadas da base foram destruídas, com a subsequente explosão do morteiro de 120mm lançando mísseis antitanque contra o posto de comando da base.[7]
Do ponto de vista americano, a situação mais grave foi o ataque concentrado numa pequena equipa situada no pequeno posto de observação conhecido como "TOPSIDE", aninhado entre rochas debaixo de uma árvore localizada a 50-70m da base principal. O primeiro tiro atingiu com precisão, ferindo ou atordoando todos os soldados presentes. O Pfc. Tyler Stafford foi expulso de sua posição de metralhadora ao lado do Spc. Matthew Phillips, que continuou a lançar granadas contra os agressores antes de ser mortalmente ferido. O Cpl. Jason Bogar disparou centenas de tiros com seu fuzil-metralhador até que ele travasse, antes de cuidar dos ferimentos de Stafford. Depois que um RPG feriu o Sargento Ryan M. Pitts, Bogar aplicou um torniquete em sua perna antes de manejar outra arma. Bogar então saltou do bunker do posto avançado para chegar perto o suficiente para matar os insurgentes que atiravam contra os homens do hotel da vila. Uma vez fora do bunker, ele foi baleado no peito e morto. Os soldados sobreviventes correram do posto avançado para o posto principal, deixando Pitts para trás. Sozinho, Pitts conseguiu impedir que os talibãs tomassem a sua posição até que seus camaradas retornassem, duas horas depois, e ele fosse evacuado para receber cuidados médicos.[8] O Sargento Ryan M. Pitts receberia a Medalha de Honra pelos seus atos.[8]
Quatro soldados norte-americanos foram mortos nos primeiros 20 minutos de batalha – outro morreu depois – e pelo menos outros três ficaram feridos. Três vezes, equipes de soldados da base principal enfrentaram o fogo dos talibãs para reabastecer o posto de observação e transportar os mortos e feridos.[9][10]
As tropas americanas responderam com metralhadoras, granadas e minas Claymore. Os canhões de artilharia em Camp Blessing dispararam 96 tiros de obuses de 155mm. Os talibãs romperam brevemente o arame-farpado do posto de observação antes de serem rechaçados. Depois de quase meia hora de intensos combates no posto de observação, apenas um soldado – o Sgt. Pitts – permaneceu. Ele foi gravemente ferido e lutou sozinho até a chegada de reforços. Dois soldados norte-americanos, o comandante do pelotão, o 1º Tenente Jonathan P. Brostrom, de 24 anos e natural do Havaí, e o Cabo Jason Hovater, foram mortos ao tentar entregar munição ao posto de observação. Os soldados norte-americanos foram por vezes expulsos das suas fortificações pelo que consideraram serem granadas, mas que na verdade eram pedras atiradas pelos atacantes.[11][12] Brostrom, Hovater e outro soldado podem ter sido mortos por um insurgente que penetrou no perímetro do arame-farpado.[7]
Helicópteros de ataque AH-64 Apache e um drone não-tripulado Predator armado com mísseis Hellfire chegaram à base cerca de 30 minutos após o início da batalha. Durante a batalha, os soldados norte-americanos foram reabastecidos pelo helicóptero UH-60 Blackhawk com apoio de fogo dos AH-64 Apaches. As tropas feridas foram evacuadas para o vizinho Camp Wright, onde membros da Tropa E, 2/17 de Cavalaria, 101ª Divisão Aerotransportada esperariam para rearmar e reabastecer os UH-60 e AH-64. Mais tarde, um bombardeiro B-1B Lancer, um A-10 e um avião F-15E Strike Eagle foram chamados. Os militantes retiraram-se cerca de quatro horas depois.[11] Depois que os militantes recuaram, seguiram-se operações de limpeza e os talibãs retiraram-se da cidade.[6]
Nove soldados americanos foram mortos no ataque, principalmente no posto de observação.[13][14] Os americanos reivindicam que entre 21 e 65 militantes foram mortos e outros 20 a 40 feridos, mas as forças da Coalizão encontraram apenas dois corpos talibãs após a batalha.[6][12] O ataque teve o maior número de mortes de tropas americanas no país desde a Operação Red Wings, três anos antes.[15]