Caníclio (em grego: κανίκλειος; romaniz.: Kanikleios), mais formalmente chamado cartulário do caníclio/canícula (em grego: χαρτουλαριος του κανικλειου; romaniz.: chartoularios tou kanikleiou) ou guarda do caníclio/canícula (em grego: ἐπὶ τοῦ κανικλείου; romaniz.: epi tou kanikleiou), foi um dos ofícios mais importantes da chancelaria imperial bizantina.[1] Seu titular foi o guardião do tinteiro imperial, o caníclio (em grego: κανικλείον; romaniz.: kanikleion), que tinha a forma dum cão pequeno (em latim: canicula) e continha a tinta escarlate com a qual o imperador assinaram documentos de Estado. O ofício primeiramente apareceu no século IX, e foi geralmente realizado em conjunto com outros ofícios do governo.[2]
Sua proximidade com a pessoa imperial e a natureza de sua tarefa fizeram com que o caníclio muito influente, especialmente na formulação da bula dourada imperial. O ofício foi frequentemente concedido aos assessores de confiança dos imperadores, que atuavam como principais ministros: mais notadamente Teoctisto sob Miguel III, o Ébrio (r. 842–867),[2] Nicéforo Urano no início do reinado de Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025),[3] Teodoro Estipiota sob Manuel I Comneno (r. 1143–1180),[4] Nicéforo Alíates sob João III Ducas Vatatzes (r. 1259–1254) e Miguel VIII Paleólogo (r. 1259–1261), e o estudioso Nicéforo Cumno, que também ocupou o cargo de primeiro-ministro (mesazonte), sob o imperador Andrônico II (r. 1282–1328).[5] O último detentor registrado deste ofício foi Aleixo Paleólogo Tzâmplaco em cerca de 1438.[1]
Em Constantinopla havia um quarteirão no Corno de Ouro nomeado "do Caníclio" (ta Kanikleiou) que adquiriu este nome em homenagem a residência palaciana construída por Teoctisto.[6]