Carlos Filipe Fernandes da Silva Gonçalves (Mindelo, 12 de Outubro de 1950), é um músico, jornalista e investigador de Cabo Verde, ex-director da Rádio Comercial, autor do livro intitulado Kap Verd Band. Na obra, com 250 páginas, Carlos Gonçalves reúne entrevistas, conversas e pesquisas de fundo sobre documentação escrita de vários autores, desde o princípio até o fim do século XX, sobre a música de Cabo Verde.
Carlos Filipe Fernandes da Silva Gonçalves nasceu a 12 de Outubro de 1950 na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente.[1] Filho de Arnaldo da Silva Gonçalves e de Ivone Aida Lopes Fernandes Ramos. Carlos Gonçalves pertence a uma família de grandes figuras literárias, incluindo seu tio António Aurélio Gonçalves, sua tia Orlanda Amarílis Lopes Rodrigues Fernandes Ferreira, seu avô materno Armando Napoleão Rodrigues Fernandes, que publicou o primeiro dicionário de língua crioula-portuguesa em Cabo Verde e Baltazar Lopes da Silva.[carece de fontes]
Trabalha como jornalista,[2] tendo aos 16 anos começou a laborar no Rádio Barlavento (en), como discotecário, tendo sido responsável pela programação musical da emissora durante cerca de quatro anos.[1] Em 1971 deslocou-se a Portugal para o serviço militar, e em 1973 foi mobilizado para a Guiné Portuguesa, sendo colocado em Bissau.[3] Foi aí que após a Revolução de 25 de Abril de 1974 esteve em ligação com membros cabo-verdianos do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde.[3] Escreveu artigos para os jornais Expresso das Ilhas[4] e a revista Leitura,[5] ambos de Cabo Verde, e Público, de Portugal.[6] Exerceu igualmente como músico[3] e investigador de música.[7] Destacou-se pelos seus conhecimentos sobre a cultura musical de Cabo Verde, tendo por exemplo sido um dos comentadores convidados no programa Fórum África da RTP África, no âmbito da elevação da Morna a Património Cultural e Imaterial da Humanidade.[8] Em 2015 foi entrevistado pela emissora Rádio França Internacional sobre o disco Boas Festas, lançado em 1967 pelo músico Luís Morais.[9] Em 25 de Julho de 2006, Carlos Gonçalves integrou a Comissão da Carteira dos Jornalistas de Cabo Verde, em representação da rádio, tendo este organismo sido criado pelo governo para fazer a regulação do jornalismo no arquipélago.[10] Em 12 de Fevereiro de 2021 foi um dos convidados num debate sobre a rádio, organizado pela comissão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, tendo falado sobre a história da rádio em Cabo Verde, do jornalismo militante, e da importância do financiamento como promotor da diversidade do pluralismo da informação.[11]
Em 2006 publicou o livro Kab Verd Band, obra que foi frequentemente utilizada por jornalistas e outros investigadores como uma base de dados sobre a música em Cabo Verde, tendo por exemplo sido citada no jornal português Público,[2][12] artigos de revistas culturais brasileiras[13][14] e em teses universitárias.[15] Em Janeiro de 2020 apresentou oficialmente o livro Bá dal na Rádio! - Memórias da Rádio Barlavento, onde relatou a história daquela estação, concluindo com o assalto às instalações e o encerramento da emissão em 1974.[3] Em 5 de Fevereiro de 2021 lançou a obra Capítulos da Morna, sobre aquele estilo musical cabo-verdiano.[16] Segundo o autor, este livro era formado por várias partes da obra Kab Verd Band AZ- dicionário da Música de Cabo Verde cujo lançamento estava previsto para 2020, mas foi atrasado devido a vários problemas, sendo desta forma «uma pequena mostra do vasto construído que abarca o quem é quem, géneros musicais e tudo o mais que se relaciona com a música de Cabo Verde. Assim, muita informação inédita e desconhecida do grande público é agora disponibilizada através destes capítulos da morna».[17] O livro foi publicado pelo Instituto da Biblioteca Nacional, tendo sido lançado no âmbito da classificação da morna como Património Mundial da Humanidade.[17] A apresentação foi feita pelo historiador e investigador cultural Edson Brito, que realçou as facetas académicas e literárias de Carlos Gonçalves, e descreveu o livro como uma obra acessível, tanto para os académicos como para o público geral, em especial para os interessados em obter mais informações sobre a cultura cabo-verdiana em geral, e o estilo da morna em particular.[17] Colaborou igualmente no livro Radiografia Crioula: um olhar político e social de Cabo Verde, lançado em 2017.[18]