Carrapato-de-boi

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCarrapato-do-boi
carrapato e ovos
carrapato e ovos
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Chelicerata
Classe: Arachnida
Ordem: Acarina
Família: Ixodidae
Género: Rhipicephalus
Espécie: R. microplus
Nome binomial
Rhipicephalus microplus
( , )

O carrapato-de-boi ou carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus - antigamente denominado Boophilus microplus) é um carrapato da família dos ixodídeos, de ampla ocorrência na América do Sul, Central e África. O macho de tal espécie apresenta um par de placas de pontas agudas no ânus, e está associado à disseminação de diversas e importantes protozooses no gado bovino.

O Rhipicephalus microplus é o mais importante ectoparasita dos rebanhos bovinos e está presente em todas as áreas tropicais e subtropicais entre os paralelos 32° N e 32° S, abrangendo regiões que se dedicam à pecuária nas Américas, na África, Ásia e Austrália. As perdas econômicas causadas pelo B. microplus são estimadas em quase 2 bilhões de dólares no Brasil, quando contabilizadas a queda na produção de leite e carne, a mortalidade, a redução da natalidade, os gastos no seu controle e a transmissão dos protozoários Babesia bovis e B. bigemina, e da riquétsia Anaplasma marginale, que causam a Tristeza Parasitária Bovina.

Rhipicephalus microplus é um ectoparasita hematófago que possui uma alta capacidade de dispersão e adapta-se rápido à regiões tropicais, podendo parasitar outras espécies como equinos, cães, ovinos, caprinos, búfalos, cervídeos e até mesmo o homem.[1][2][3]

Por muitos anos, o R. foi considerado uma única espécie. Entretanto, novos estudos levaram à reclassificação em duas espécies distintas: R. microplus e R. australis. Devido a grande semelhança entre R. microplus e R. australis, reconhecer a diferença foi uma tarefa complexa, mas que permitiram uma caracterização mais precisa dessas espécies crípticas. Evidências obtidas por meio da análise de características morfológicas, da ausência de co-especificidade, de marcadores de microssatélites, do DNA ribossomal mitocondrial 12S e 16S, bem como do genoma mitocondrial, levaram a reclassificação nas duas espécies. Nesse contexto, populações presentes em diversas regiões, como Austrália, Camboja, Nova Caledônia, Bornéu, Filipinas, Nova Guiné, Indonésia e Taiti, foram renomeadas como R. australis. O mais importante é que a compreensão mais aprofundada sobre a biologia e a distribuição das duas espécies pode proporcionar avanços nas estratégias de controle desses carrapatos.[4]

Apesar da existência de outras formas de controle, atualmente, a do carrapato é feita principalmente com o uso de carrapaticidas. Os métodos de controle biológico incluem a seleção de raças menos sensíveis ao carrapato, o cultivo de pastagens que dificultam a sobrevivência das fases de vida livre, a ação de predadores naturais, o manejo do rebanho e a rotação de pastagens.

Entretanto, devido ao alto custo dos métodos de controle disponíveis atualmente, a crescente resistência aos acaricidas usados ​​para controla, a procura de novas formas de controle é uma grande preocupação em todo o mundo. Entre eles, a vacinação é proposta como uma estratégia segura e sustentável para superar problemas relacionados à infestação de carrapatos e à transmissão de doenças[5] . No entanto, o progresso no desenvolvimento de vacinas anti-carrapatos tem sido lento e irregular e, atualmente, poucas vacinas contra carrapatos foram desenvolvidas e testadas experimentalmente, e apenas duas entraram no mercado comercial, em apenas algumas regiões do planeta. [6]

Características morfológicas

[editar | editar código-fonte]
  • Peritrema em forma de círculo
  • Macho com 4 placas adanais bem desenvolvidas e apendice caudal
  • Festões ausentes
  • Olhos presentes
  • sulco anal ausente
  • coxa I com dois espinhos curtos em ambos os sexos
  • escudo sem ornamentação

Referências

  1. Ali, Abid; Khan, Munsif Ali; Zahid, Hafsa; Yaseen, Pir Muhammad; Qayash Khan, Muhammad; Nawab, Javed; Ur Rehman, Zia; Ateeq, Muhammad; Khan, Sardar (2019). «Seasonal Dynamics, Record of Ticks Infesting Humans, Wild and Domestic Animals and Molecular Phylogeny of Rhipicephalus microplus in Khyber Pakhtunkhwa Pakistan». Frontiers in Physiology. ISSN 1664-042X. PMC 6646419Acessível livremente. PMID 31379587. doi:10.3389/fphys.2019.00793. Consultado em 29 de janeiro de 2022 
  2. Nelson, Suzanne L.; Durden, Lance A.; Reuter, Jon D. (1 de setembro de 2017). «Rhipicephalus microplus and Dermacentor nitens (Acari: Ixodidae) Coparasitize White-Tailed Deer on St. John, U.S. Virgin Islands». Journal of Medical Entomology (5): 1440–1443. ISSN 1938-2928. PMID 28591859. doi:10.1093/jme/tjx112. Consultado em 29 de janeiro de 2022 
  3. Batista, Helder Ribeiro; Sarturi, Cristiane; Stelmachtchuk, Felipe Nascimento; Oliveira, Daniel Rocha; Morini, Adriana Caroprezo; Gennari, Solange Maria; Marcili, Arlei; Bastos, Fernanda Aparecida Nieri; Barata, Lauro Euclides Soares (dezembro de 2018). «Prevalence and risk factors associated with ectoparasite infestation of buffaloes in an Amazonian ecosystem». Parasites & Vectors (em inglês) (1). 335 páginas. ISSN 1756-3305. PMC 5987401Acessível livremente. PMID 29866180. doi:10.1186/s13071-018-2917-2. Consultado em 29 de janeiro de 2022 
  4. Ali, Abid; Parizi, Luís Fernando; Ferreira, Beatriz Rossetti; Vaz Junior, Itabajara da Silva (19 de abril de 2016). «A revision of two distinct species of Rhipicephalus: R. microplus and R. australis». Ciência Rural (em inglês): 1240–1248. ISSN 0103-8478. doi:10.1590/0103-8478cr20151416. Consultado em 23 de novembro de 2024 
  5. Parizi, Luís Fernando; Githaka, Naftaly Wang’ombe; Logullo, Carlos; Zhou, Jinlin; Onuma, Misao; Termignoni, Carlos; da Silva Vaz, Itabajara (janeiro de 2023). «Universal Tick Vaccines: Candidates and Remaining Challenges». Animals (em inglês) (12). 2031 páginas. ISSN 2076-2615. PMC PMC10295593Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 37370541 Verifique |pmid= (ajuda). doi:10.3390/ani13122031. Consultado em 23 de novembro de 2024 
  6. Muhanguzi, Dennis; Ndekezi, Christian; Nkamwesiga, Joseph; Kalayou, Shewit; Ochwo, Sylvester; Vuyani, Moses; Kimuda, Magambo Phillip (2022). Thomas, Sunil, ed. «Anti-Tick Vaccines: Current Advances and Future Prospects». New York, NY: Springer US (em inglês): 253–267. ISBN 978-1-0716-1887-5. doi:10.1007/978-1-0716-1888-2_15. Consultado em 23 de novembro de 2024 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Ícone de esboço Este artigo sobre aracnídeos, integrado no Projeto Artrópodes é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.