Cerradão

Trilha em área de cerradão no Parque Estadual Matas do Segredo, Campo Grande, MS.

Cerradão (ou catanduva)[1][2][3] é a denominação de uma formação florestal do cerrado, com árvores podendo alcançar até 15 metros de altura.

Nos cerradões agregam-se as linhas de matas e matas de galeria. O cerradão é a uma formação florestal do bioma cerrado com características esclerófilas (grande ocorrência de órgãos vegetais rijos, principalmente folhas) e xeromórficas (com características como folhas reduzidas, suculência, pilosidade densa ou com cutícula grossa que permitem conservar água e, portanto, suportar condições de seca). Caracteriza-se pela presença preferencial de espécies que ocorrem no Cerrado sentido restrito e também por espécies de florestas, particularmente as da mata seca semidecídua e da mata de galeria não-inundável. Do ponto de vista fisionômico é uma floresta, mas floristicamente se assemelha mais ao cerrado sentido restrito. É um tipo mais denso de vegetação.

Principais Características

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Aspecto do interior da vegetação no Parque Estadual Matas do Segredo.

O Cerradão apresenta dossel contínuo e cobertura arbórea que pode oscilar de 50 a 90%, sendo maior na estação chuvosa e menor na seca. A altura média da camada de árvores varia de 8 a 15 metros, proporcionando condições de luminosidade que favorecem a formação de camadas de arbustivas e herbáceas diferenciadas.

Embora possa manter um volume constante de folhas nas árvores (padrão denominado perenifólio) o padrão geral é de perda parcial desse volume (ou semidecíduo), sendo que muitas espécies comuns ao cerrado sentido restrito como Caryocar brasiliense (pequi), Kielmeyera coriacea (pau-santo) e Qualea grandiflora (pau-terra), ou comuns às Matas Secas, como Dilodendron bippinatum e Physocallimma scaberrimum (cega-machado), apresentam queda das folhas em determinados períodos na estação seca. Estes períodos nem sempre são coincidentes com aqueles das populações do Cerrado ou da Mata.

A presença de espécies epífitas é reduzida, restringindo-se a algumas bromélias (Billbergia e Tillandsia) e plantas como o cactos conhecido comumente como saborosa (Epiphyllum phyllanthus).

Estrada aberta em meio a área de cerradão, com raízes e horizontes de latossolo à mostra, em Arapuá, MG.

Em sua maioria, os solos de Cerradão são profundos, bem drenados, de média e baixa fertilidade, ligeiramente ácidos, pertencentes às classes Latossolo Vermelho ou Latossolo Vermelho Amarelo. Também pode ocorrer em proporção menor Cambissolo Distrófico. O teor de matéria orgânica nos horizontes superficiais é médio e recebe um incremento anual de resíduos orgânicos provenientes da deposição de folhas durante a estação seca. De acordo com a fertilidade do solo o Cerradão pode ser classificado como Cerradão Distrófico (solos pobres) ou Cerradão Mesotrófico (solos mais ricos, ainda que de fertilidade médiana), cada qual possuindo espécies características adaptadas a esses ambientes.

Espécies de árvores mais frequentes

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Espécies arbóreas mais freqüentes no cerradão distrófico:

  • Caryocar brasiliense (pequi),
  • Copaifera langsdorffii (copaíba),
  • Emmotum nitens (sobre, carvalho),
  • Hirtella glandulosa (oiti),
  • Lafoensia pacari (pacari),
  • Siphoneugena densiflora (maria-preta),
  • Vochysia haenkeana (escorrega-macaco)
  • Xylopia aromatica (pindaíba, pimenta-de-macaco).

Alguns autores também mencionam como espécies normalmente encontradas nas áreas distróficas:

Espécies arbóreas mais freqüentes no cerradão mesotrófico:

  • Callisthene fasciculata (jacaré-da-folha-grande),
  • Dilodendron bippinatum (maria-pobre),
  • Guazuma ulmifolia (mutambo),
  • Helicteres brevispira (saca-rolha),
  • Luehea candicans,
  • L. paniculata (açoita-cavalo),
  • Magonia pubescens (tinguí)
  • Platypodium elegans (canzileiro).

Em áreas mesotróficas alguns autores ainda incluem

  • Astronium fraxinifolium (gonçalo-alves),
  • Dipteryx alata (baru),
  • Physocallimma scaberrimum (cega-machado),
  • Pseudobombax tomentosum (imbiruçu)
  • Terminalia argentea (capitão-do-campo).

Como arbustos mais freqüentes são citados na literatura, entre outras, as espécies

  • Alibertia edulis (marmelada-de-cachorro),
  • A. sessilis,
  • Brosimum gaudichaudii (mama-cadela),
  • Bauhinia brevipes (= B. bongardii; unha-de-vaca),
  • Casearia sylvestris (guaçatonga),
  • Copaifera oblongifolia (pau-d’olinho),
  • Duguetia furfuracea (pinha-do-campo),
  • Miconia albicans (quaresma-branca, folha-branca),
  • M. macrothyrsa,
  • Rudgea viburnoides (bugre).

Alguns autores indicaram também Psychotria hoffmanseggiana, além das gramíneas

  • Aristida longifolia,
  • Echinolaena inflexa (capim-flexinha)

e a exótica Melinis minutiflora (capim-gordura).

Vista aérea de cerradão no Parque Nacional Serra da Canastra, MG.

Do estrato herbáceo, foram indicadas como freqüentes, para a região da Chapada dos Veadeiros (GO), gramíneas dos gêneros Aristida, Axonopus, Paspalum e Trachypogon.

Todas as espécies mencionadas podem ser encontradas em outras formações florestais ou savânicas. Em estudo de 1994, que teve como base a vegetação da Chapada Pratinha, a pesquisadora Felfili e sua equipe do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília, não encontraram espécies exclusivas de Cerradão, quer no estrato arbóreo, quer no estrato arbustivo.

Referências

  1. Löfgren, A. (1898). Ensaio para uma distribuição dos vegetaes nos diversos grupos florísticos no estado de São Paulo. Boletim da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, n.11, p. 5-50, 2a ed., link. [1a ed., 1896, link.]
  2. Rizzini, C.T. 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural.
  3. WALTER, B. M. T. (2006). Fitofisionomias do bioma Cerrado: síntese terminológica e relações florísticas. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, [1].