Chiquinho | |
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Capa da revista Claridade, onde "Chiquinho" foi publicado pela primeira vez. | |
Autor(es) | Baltasar Lopes da Silva |
Idioma | português |
País | Portugal |
Assunto | Emigração |
Gênero | Romance |
Localização espacial | Ilha de São Nicolau, na aldeia de Caleijão e na ilha de São Vicente |
Editora | Edições Claridade |
Formato | 21 cm |
Lançamento | 1947 |
Páginas | 298 |
Chiquinho é um romance de Baltasar Lopes da Silva, publicado em 1947. É provavelmente a obra de literatura mais conhecida de Cabo Verde, que marcou o início da literatura tipicamente cabo-verdiana, cobrindo temas locais e da cultura crioula, isto no contexto do movimento mais amplo e com o mesmo objectivo, conhecido como Claridade, no qual, além de Baltazar Lopes, participaram Manuel Lopes e Jorge Barbosa, como membros fundadores da revista que deu nome ao movimento e principais activistas do mesmo.
O romance está dividido em três partes: "Infância", "São Vicente" e "As águas". O livro é dedicado à memória do grande filólogo Leite de Vasconcelos, professor do autor.[1]
Chiquinho nasceu e viveu sua infância na casa construída pelo avô em São Nicolau, mais especificamente no Caleijão, em meio às roças.[2]. Seu pai parte para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida[3]. O interesse do protagonista pela narrativa se dá desde cedo, com as estórias contadas por sua avó ( "Mamãe Velha") e Nhá Rosa Calita[4]. A partir do momento em que começa a frequentar o Liceu e estudar, Chiquinho começa a vislumbrar melhores possibilidades para si. Ele também passa a ler as cartas que os emigrados na América enviavam a seus parentes na ilha[4]
Chiquinho parte para São Vicente, onde estuda no Liceu. Lá, junto aos amigos Andrezinho, Nonó, Humberto e Alcides, funda o Grêmio Cultural Cabo-Verdiano e o jornal Folha Acadêmica, no qual o grupo discute a situação do país. Chiquinho se propõe a escrever ensaios sobre a vida em São Nicolau e a compilar uma antologia popular cabo-verdiana.[4]
Recém saído do Liceu e de volta à ilha natal, Chiquinho é confrontado com a falta de perspectiva profissional e a situação social precária dos habitantes do local, assolados pela fome e a seca. Sem conseguir auxiliar sua família com seu salário de professor no posto de ensino (no qual há uma grande evasão escolar)[3], Chiquinho acaba ele próprio emigrando para os Estados Unidos.
"Chiquinho" é considerado um marco da literatura cabo-verdiana. Além de edições em Cabo Verde e Portugal, o livro também foi traduzido para o checo, o francês, o italiano e o russo.[2]
Leão Lopes considera que o livro tem elementos autobiográficos de Baltasar Lopes da Silva, como por exemplo o paralelo da publicação criada pelos personagens do livro com a revista Claridade.[2]
Enquanto Onésimo Silveira vê o evasionismo presente em "Chiquinho" e em outras obras do grupo de autores ligados à Claridade como um escapismo dos problemas de Cabo Verde, Alexandre Ferreira Martins vê no personagem título uma busca por uma prosperidade intelectual e pessoal sem se esquecer das raízes e das origens, amenizando o cunho negativo e resignado do termo evasionismo.[3]
O cientista Orlando Ribeiro inspirou-se largamente nas páginas deste romance para escrever um capítulo do seu livro A Ilha do Fogo e as suas erupções.
René Pélissier, historiador da África ibérica no século XIX, escreveu: «Há neste livro páginas que mereciam figurar numa antologia do sofrimento».[1]