O cinema da Palestina é uma indústria relativamente jovem quando comparada ao cinema árabe, sendo também que muitos filmes palestinos são produzidos com fundos e apoio da Europa e de Israel.[1] Nem todos os filmes palestinos são gravados em árabe e alguns são até produzidos em inglês, francês e hebraico.[2][3]
Em geral, acredita-se que o primeiro filme palestiniano realizado é um documentário sobre a visita do rei Ibn Saud da Arábia Saudita em 1935 à Palestina, feita por Ibrahim Hassan Sirhan em Jaffa.[4][5] Sirhan seguiu o rei saudita na sua visita pela Palestina e o resultado foi um filme mudo que se apresentou nos festivais de Nabi Rubin. Após este documentário, Sirhan associou-se com Jamal al-Asphar para produzir um filme de 45 minutos chamado The Realized Dreams, com o objectivo de "promover a causa dos órfãos". Sirhan e al-Asphar também produziram um documentário sobre Ahmad Hilmi Pasha, membro do Alto Comité Árabe.[4][6]
Em 1945 Sirhan fundou o estúdio de produção "Arab Filme Company" juntamente com Ahmad Hilmi al-Kilani. A companhia lançou a longa-metragem Holiday Eve, que foi seguido pelo filme A Storm at Home. Ambos os filmes desapareceram em 1948, quando Sirhan teve que fugir de Jaffa após a cidade ser bombardeada.[7]
O êxodo palestiniano de 1948 (conhecido em árabe como Nakba) teve um efeito devastador na sociedade palestiniana, incluindo na sua pequena indústria cinematográfica. Os esforços cinematográficos, que requerem infraestrutura, equipas profissionais e fundos orçamentais, quase cessaram durante duas décadas.[8] Ainda assim, alguns palestinianos participaram na produção cinematográfica de vários países vizinhos. Sirhan participou na produção da primeira longa-metragem jordana, The Struggle in Jarash, (1957), e outro palestiniano, Abdallah Ka´wash, dirigiu a segunda longa-metragem da Jordânia, My Homeland, My Love, em 1964.[9]
Em 1967 o cinema palestiniano obteve o auspicio da companhia PLO, financiada pelo partido político Fatah e outras organizações palestinianas como o PFLP e o DFLP. Neste período realizaram-se mais de 60 filmes, na sua maioria documentários. O primeiro festival de cinema dedicado aos filmes palestinianos celebrou-se em Bagdade em 1973. Essa cidade também foi sede dos dois seguintes festivais de cinema palestinianos, em 1976 e 1980.[10] Mustafa Abu Ali foi um dos primeiros directores de cinema palestinianos e ajudou a fundar a Associação de Cinema Palestiniano em Beirute, em 1973. Só se fez um filme dramático durante o período, a saber, O regresso a Haifa, em 1982, uma adaptação da curta novela de Ghassan Kanafani.[11]
O filme dramático de 1996 Crónica de um desaparecimento recebeu reconhecimento internacional e converteu-se no primeiro filme palestiniano a ter uma estreia nacional nos Estados Unidos.[12] Um filme emergente para seu género, ganhou um "Prémio ao Novo Director" no Festival Internacional de Cinema de Seattle e um "Prémio Luigi De Laurentiis" no Festival de Cinema de Veneza.[13] Entre os directores destacáveis deste período encontram-se:
Em 2008 produziram-se três longas-metragens e oito curtas-metragens palestinianas, um número recorde de produções nesse momento.[14] Em 2010, o Hamas, a autoridade governamental na Faixa de Gaza, anunciou o lançamento de um novo filme titulado A grande libertação, que mostra a destruição de Israel por parte dos palestinianos.[15]
Actualmente na Faixa de Gaza todos os projectos cinematográficos devem ser aprovados pelo Ministério de Cultura do Hamas antes de se poder exibir em público. Cineastas independentes têm afirmado que o Ministério de Cultura reprime os conteúdos que não se ajustam aos objectivos religiosos e políticos do Hamas. Num caso notável de 2010, o Hamas proibiu a curta-metragem Something Sweet, dirigido por Khalil al-Muzzayen, que teve relevância internacional e foi exibido no Festival de Cinema de Cannes. O Hamas proibiu que se exibisse localmente devido a uma cena de quatro segundos na qual se mostra uma mulher com o cabelo descoberto. Em 2011, um festival de cinema organizado pelo Centro de Assuntos da Mulher de Gaza incluiu documentários e peças de ficção sobre temas relativos ao género feminino, mas o Ministério de Cultura censurou numerosas cenas. Num filme teve-se que eliminar uma cena na qual uma mulher descobriu um dos seus ombros e em outro filme eliminou-se uma cena que mostrava um homem a realizar um juramento.[16]