Sacerdócios da Roma Antiga |
---|
Colégios Maiores |
Pontífices · Áugures · Vestais Flâmine · Septênviros epulões Quindecênviros dos fatos sagrados |
Outros colégios ou sodalitas |
Feciais · Irmãos arvais · Sálios Tícios · Lupercais · Sodais augustais |
Sacerdotes |
Pontífice máximo · Rei das coisas sagradas Flâmine dial · Flâmine marcial Flâmine quirinal Rei dos Bosques · Curião máximo |
Sacerdotisa |
Virgem vestal máxima Flamínica Dial Rainha das coisas sagradas |
Tópicos relacionados |
Religião na Roma Antiga |
O curião máximo (em latim: curio maximus) era um obscuro colégio de pontífices na Roma Antiga cujo objetivo era supervisionar as cúrias[a], grupos de cidadãos de relações tênues entre si dentro de um agrupamento maior que era originalmente a tribo[b]. Cada cúria era liderada por um curião (em latim: curio), que só podia assumir o posto depois dos cinquenta anos de idade e o mantinha até morrer. Exigia-se dos curiões que tivessem boa saúde, não tivessem nenhum defeito físico e que abdicassem todas as demais posições políticas e militares; por conta disto, o número de candidatos elegíveis e dispostos nunca foi grande[2], uma restrição que obviamente já havia sido relaxada no final da década de 30 a.C., quando Calvísio estava na função.
O processo eleitoral para a função de curião máximo provavelmente era similar ao da eleição do pontífice máximo, ou seja, através da Assembleia tribal[3].
No início da República Romana, o cúrio máximo era sempre um patrício e servia também como o inter-rei mais sênior[c]. O mais antigo curião máximo identificado como tal foi Sérvio Sulpício, cônsul em 500 a.C., que assumiu o cargo em 463 a.C.[4][5][6]. Aulo Semprônio Atratino, cônsul em 497 e 491 a.C., foi o primeiro inter-rei em 482 a.C. e, presumivelmente, curião máximo, mas não aparece nas fontes identificados como tal. O primeiro plebeu a ser eleito foi em 209 a.C.[7].
A eleição de um plebeu para suceder um eminente Emílio Papo foi, como seria de se supor, controversa, embora o cargo de curião máximo tenha se tornado "anacrônico e algo bizarro"[2] e a eleição de pontífice máximo plebeu em 254 a.C. e de um rei das coisas sagradas plebeu no ano anterior[d] parecem ter aberto o caminho. Quando os patrícios se opuseram à candidatura de Caio Mamílio Atelo, os tribunos da plebe, que geralmente se mantinham fora dos assuntos religiosos, foram chamados. Eles seguiram o protocolo e enviaram o tema para o Senado Romano, que imediatamente devolveu o problema para eles. Alguma disputa política que não é mais possível ser discernida através dos registros históricos provavelmente estava em andamento. Mamílio acabou eleito e ocupou a função até morrer numa epidemia de peste em 175 a.C.. Seu sucessor, também plebeu, foi Caio Escribônio[9][10][11], cujo novo cognome, "Curião", passou para seus descendentes, especialmente seu filho, Caio Escribônio Curião, cônsul em 76 a.C., e seu neto, o general Caio Escribônio Curião, ambos ativos na época de Júlio César[12].
O curião máximo presidia a Quirinália[13] e também os festivais agriculturais das cúrias, como a Fordicídia, quando vacas grávidas eram sacrificadas, e a Fornacália, ou "festival do forno"[14][15][16]. A Fornacália não tinha data pré-determinada e cada cúria podia celebrar o festival separadamente, mas o curião máximo é que a fixava e a postava no Fórum Romano[17]. Outra função do curião máximo era coletar as "contribuições religiosas" das cúrias (chamadas de "curionium aes", "bronze da cúria")[3].
Embora o curião fosse uma espécie de pontífice, ele não tinha poder para convocar assembleias para fins políticos e cada cúria dispunha ainda de um flâmine curial, cujas funções eram especificamente religiosas[18].