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Eleição presidencial no Brasil em 1898 | ||||
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1º de março | ||||
Candidato | Campos Sales | Lauro Sodré | ||
Partido | PRP | PR Federal | ||
Natural de | Campinas, São Paulo | Belém, Pará | ||
Votos | 420 286 | 38 929 | ||
Porcentagem | 91,52% | 8,48% | ||
Votação por estado. | ||||
Titular Eleito | ||||
A eleição presidencial do Brasil de 1898 foi a terceira eleição presidencial e a segunda eleição direta do país. Foi realizada no dia 1º de março de 1898, tendo, oficialmente, dois candidatos inscritos para o cargo de presidente e dois para o de vice-presidente. Houve eleições para os vinte estados da época e o Distrito Federal.
Os quatro anos de governo de Prudente de Morais foram agitados, tanto por problemas político-partidários (a perda do apoio do Partido Republicano Federal) como pela oposição dos setores florianistas e pela continuação, no Rio Grande do Sul, da Revolta Federalista (1893-1895).
Prudente de Morais dedicou todos os seus esforços à pacificação das facções, que tinham em seus extremos os defensores do governo republicano forte de Floriano e os partidários da monarquia. Durante seu governo, abandonou uma a uma as medidas inovadoras de Floriano Peixoto. Essa cautela de Prudente foi necessária, já que os florianistas ainda tinham uma certa força, principalmente no Exército. Além disso, o vice-presidente Manuel Vitorino estava ligado às ideias de Floriano. Prudente de Morais imprimiu uma direção ao governo que atendeu mais aos cafeicultores e afastou os militares da política.
As dificuldades econômico-financeiras, herdadas da crise do encilhamento, acentuaram-se em sua administração, sobretudo devido aos gastos militares, aumentando as dívidas com os credores estrangeiros. Com a assessoria de seus ministros da Fazenda, Rodrigues Alves e Bernardino de Campos, negociou com os banqueiros ingleses a consolidação da dívida externa, operação financeira que ficou conhecida como funding loan, base da política executada por Joaquim Murtinho nos quatro anos seguintes.
Enfrentou, ainda, a revolta da Escola Militar. Fez então valer a sua autoridade: fechou a escola e o Clube Militar. Mas pouco tempo depois enfrentaria um movimento rebelde ainda maior: a Guerra de Canudos, no sertão baiano. Os confrontos ocorreram entre 1896 e 1897, com a destruição da comunidade e a morte da maior parte dos 25 000 habitantes de Canudos.
Prudente de Morais desfrutava de grande popularidade ao fim do mandato, em 15 de novembro de 1898, quando passou o cargo de Presidente da República a seu sucessor: Campos Sales.
De acordo com a Constituição de 1891 que vigorou durante toda a República Velha (1889-1930), o direito ao voto foi determinado a todos os homens com mais de 21 anos que não fossem analfabetos, religiosos e militares.[1] Mesmo tendo o direito de voto estendido a mais pessoas, pouca parcela da população participava das eleições.[2] A Constituição de 1891 também declarou que todas as eleições presidenciais seriam realizadas em 1º de março.[3] A eleição para presidente e vice eram realizadas individualmente.
Durante a República Velha, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM) fizeram alianças para fazer prevalecer seus interesses e se revezarem na Presidência da República, assim, esses partidos na maioria das vezes estiveram a frente do governo, até que essas alianças se quebrassem em 1930. Essas alianças são chamadas de política do café com leite.[4]
Nessa época, o voto não era secreto, e existia grande influência dos coronéis - pessoas que detinham o Poder Executivo municipal, e principalmente o poder militar da região. Os coronéis praticavam a fraude eleitoral e obrigavam as pessoas a votarem em determinado candidato. Com isso, é impossível determinar exatamente os resultados corretos.[5]
Oficialmente, se candidataram para a presidência da república brasileira dois candidatos, apesar de que cem (100) nomes foram sufragados. O paulista Manuel Ferraz de Campos Sales se candidatou com o apoio pelo então presidente brasileiro, Prudente de Moraes, e foi ex-Presidente do Estado de São Paulo.[6][7] Campos Sales era ex-membro do Partido Liberal do período monarquíco e um republicano histórico, sendo membro do Partido Republicano Paulista desde 1873. O principal candidato da oposição era o positivista Lauro Sodré, candidato mais apoiado pelos florianistas e pelos positivistas, já tendo atuado como governador do Pará de 1891 a 1896.[8]
Também receberam votos Conde d'Eu, marido da Princesa Isabel, o Visconde de Ouro Preto, o último chefe de governo do período monarquíco e o Barão de Rothschild, um banqueiro. Esses votos eram uma forma de protesto contra a república, devidos aos candidatos serem personagens da já extinta monarquia brasileira.[7]
Foram sufragados cento e sesenta e nove (169) nomes para vice-presidente, com destaque para Francisco de Assis Rosa e Silva e Fernando Lobo Leite Pereira.
Em 1898, com aproximadamente dezesseis milhões e quinhentas mil (16.500.000) pessoas, sendo um milhão e cento e sessenta e oito mil eleitores (1.168.000), apenas quatroscentos e setenta mil (470.000) compareceram à votação, representando 2,85% da população. Os resultados foram divulgados em 29 de junho.[7][9][10][11]
Eleição para presidente do Brasil em 1898 | Eleição para vice-presidente do Brasil em 1898 | ||||
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Candidato | Votos | Porcentagem | Candidato | Votos | Porcentagem |
Campos Sales | 420.286 | 91,52% | Francisco de Assis Rosa e Silva | 412.074 | 89,45% |
Lauro Sodré | 38.929 | 8,48% | Fernando Lobo Leite Pereira | 40.629 | 8,81% |
Júlio de Castilhos | 621 | 0,13% | Luiz Viana | 1.859 | 0,40% |
Dionísio E. C. Cerqueira | 454 | 0,09% | Quintino Bocaiúva | 1.843 | 0,40% |
Outros | 1.661 | 0,35% | Outros | 4.263 | 0,92% |
Votos nominais | 462.188 | Votos nominais | 460.668 | ||
Votos brancos/nulos | 7.812 | Votos brancos/nulos | 9.332 | ||
Total | 470.000 | Total | 470.000 | ||
Fonte:[9] |
Nota geral: os valores são incertos (ver processo eleitoral).
Bibliografia