Eruxécia (em georgiano: ერუშეთი; romaniz.: Erušeti), também chamada Baixa Javaquécia ou Javaquécia Ocidental,[1] foi uma região da Geórgia na Idade Média, atualmente parte província de Ardaã no nordeste da Turquia, próximo da fronteira com a Geórgia. O distrito estava centrado no assentamento epônimo, na atual vila de Oguziolu que, segundo a tradução histórica medieval, foi um dos primeiros centros do cristianismo na Geórgia. As ruínas de igrejas cristãs são encontradas em toda a região. Na Geórgia Moderna, o nome "Eruxécia" está preservado como uma designação da cadeia montanhosa junto a fronteira com a Turquia.
"Eruxécia" foi aplicado pelos georgianos medievais ao território no vale do rio Cura junto a cidade ou fortaleza epônima, ao norte de Atona, entre a cordilheira de Arsiani e o lago Carcaqui. Era contígua à província de Javaquécia e é tido como sua porção "Baixa" ou "Ocidental".[2] Segundo Cyril Toumanoff, ela e Javaquécia eram parte do Ducado de Cunda da Ibéria Superior no século IV/III a.C. Ao passo que sua contraparte foi tomada pelos artaxíadas e depois arsácidas da Armênia, a Eruxécia permaneceu firmemente dentro do Reino da Ibéria.[3] Eremyan propôs que pertenceu a Armênia como distrito de Gogarena, mas foi perdida em 363 com Xavexécia e Paruar,[4] e possuía 1 400 quilômetros quadrados.[5] Entre 772 e 786, um ramo dos Bagrátidas armênios sob Adanarses I (r. 780–807) dirigiu-se a Ibéria e recebeu de Archil (r. 736–786) Eruxécia e parte de Atona;[6] Toumanoff pensa que a doação era uma herança do dote de sua mãe.[7] Em seguida, passa ao príncipe Asócio I (r. 813–830), filho de Adanarses, e então Gurgenes V (r. 830–882), filho de Asócio.[8] Em algum momento entre 923 e 941, foi tomada por Gurgenes II (r. 918–941).[9] Com sua morte em 941, Eruxécia e boa parte de seus demais domínios passaram para Pancrácio Magistro (morto em 945).[10]
A tradição histórica georgiana coloca-a, junto com Misqueta e Manglisi, como um dos primeiros centros do cristianismo na Ibéria após a conversão de Meribanes III nos anos 330. Segundo o historiador do século XI Leôncio de Ruissi, foi o primeiro lugar que o bispo João da Ibéria, ao voltar de sua missão em Constantinopla com grupo de sacerdotes e pedreiros, escolheu para construir uma igreja. A crônica continua dizendo que deixou um tesouro e os pregos do Senhor trazidos de Constantinopla, para desapontamento de Meribanes que queria as relíquias em sua capital, Misqueta.[11] Sua igreja foi adornada por um dos sucessores de Meribanes, Mitrídates III, mais tarde no século IV[12] e tornou-se sede de um bispado homônimo sob Vactangue I no século V.[13] Eruxécia foi privada de suas relíquias sagradas pelo imperador Heráclio (r. 610–641), que passou pela Ibéria em sua guerra contra o Império Sassânida nos anos 620.[14]
Após o Império Otomano tomar Eruxécia como parte de seus domínios no sudoeste da Geórgia no século XVI, o cristianismo e cultura georgiana caíram em declínio. O estudioso e príncipe georgiano do século XVIII Vacusti relatou que ainda havia uma catedral, mas não estava mais em uso.[15] O arqueólogo georgiano Ekvtime Takaishvili, visitando Eruxécia em 1902, descobriu que apenas os idosos podiam entender georgiano.[16] Identificou uma basílica de três naves na vila de Oguziolu, próximo de Hanaque, como a igreja de Eruxécia, da qual apenas o abside arruinado foi encontrado por Bruno Baumgartner em 1990. De outros monumentos descritos por Takaishvili, a igreja tetraconcha abobadada de São Jorge de Gogubani ou Gogiuba, em Bimbaxaque, está em ruínas e nada resta da relevante igreja cruciforme abobadada da Teótoco de Ccarostavi em Oncul. Melhor preservado estão igrejas de uma nave em Berqui (Borque) e Chaixi (Caiabei), o último atualmente em uso como mesquita.[17]