Esquadrão N.º 20 | |
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Pessoal do Esquadrão N.º 20 com uma metralhadora a falar com oficias do governo em Darwin, Território do Norte, Outubro de 1944 | |
País | Austrália |
Corporação | Real Força Aérea Australiana |
Subordinação | Asa N.º 76 (1944-46) Asa N.º 96 (2015-presente) |
Missão | Busca e salvamento, reconhecimento aéreo, bombardeamento aéreo (1941–1946) Apoio (2015-presente) |
Período de atividade | 1941–1946 2015-presente |
História | |
Guerras/batalhas | Segunda Guerra Mundial |
Sede | |
Base aérea | Base aérea de Woomera (2015-presente) |
O Esquadrão N.º 20 é um esquadrão de apoio da Real Força Aérea Australiana (RAAF). Subordinado à Asa N.º 96, é responsável pela manutenção da Base aérea de Woomera, na Austrália Meridional. Originalmente o esquadrão era uma unidade de patrulha marítima e serviu durante a Segunda Guerra Mundial. Criado em Agosto de 1941, operou aviões PBY Catalina e Short Empire a partir de bases na Nova Guiné, Queensland e no Território do Norte, realizando missões de busca e salvamento, lançamento de minas navais, guerra antisubmarina e missões de bombardeamento contra alvos japoneses no teatro de guerra do Pacífico. Depois do cessar das hostilidades, o esquadrão foi dissolvido em Março de 1946. Em 2015, o esquadrão foi novamente estabelecido, desta vez para assumir funções como esquadrão de apoio.
O Esquadrão N.º 20 foi formado em Porto Moresby, na Nova Guiné, no dia 1 de Agosto de 1941 para a realização de missões de reconhecimento aéreo, sob o comando do Líder de esquadrão W. N. Gibson. O esquadrão inicialmente tinha uma frota de seis aviões PBY Catalina e 133 efectivos, contudo apenas 5 aviões (todos vindos do Esquadrão N.º 11) e 55 efectivos estavam disponíveis à data da sua formação.[1][2] O esquadrão conduziu então operações de patrulha de longo alcance entre bases por todas as ilhas a norte do continente australiano, isto em conjunto com o Esquadrão N.º 11.[3] No dia 18 de Novembro, os Catalina do Esquadrão N.º 20 foram reforçados com a chegada ao esquadrão de dois aviões Short Empire vindos do Esquadrão N.º 11.[1][4]
No dia 25 de Novembro de 1941, depois da perda do HMAS Sydney um dos Catalina do Esquadrão N.º 20 foi enviado para a Austrália Ocidental para se juntar a um Catalina do Esquadrão N.º 11 numa missão de busca e salvamento, embora tenham sido encontradas apenas manchas de óleo.[1] No espoletar da Guerra do Pacífico, o Esquadrão N.º 20 tinha uma frota de seis aviões Catalina e dois Empire; já a sua força de efectivos, no início de Dezembro, era constituída por 132 elementos, dos quais 14 eram oficiais.[1][5] O esquadrão realizou a sua primeira missão durante a guerra no dia 8 de Dezembro; um avião Catalina localizou três lugres japoneses nas imediações da Ilha Thursday, em Queensland.[1][6] Mais tarde neste mês o esquadrão começou a realizar patrulhas antisubmarino e, em Janeiro de 1942, a bombardear bases japonesas. À medida que os japoneses avançavam no sudoeste do Pacífico, o Esquadrão N.º 20 era também responsável por evacuar civis de áreas ameaças por uma invasão.[3][7] No dia 21 de Janeiro, um dos Catalina localizou uma frota de embarcações japonesas a viajar em direcção a Rabaul, e enviou um sinal às defesas australianas da cidade antes de ser abatido por fogo antiaéreo japonês; esta foi a primeira baixa em combate sofrida pelo esquadrão.[7][8]
Aquando da Batalha de Rabaul, os Catalina do Esquadrão N.º 11 e do Esquadrão N.º 20 eram as únicas armas da RAAF disponíveis no local para combater os japoneses.[9] Os seus ataques tiveram pouco efeito a travar o avanço dos japoneses, e nos meses seguintes o Porto Moresby foi alvo de frequentes ataques, nos quais os australianos viram aeronaves, instalações e registos a serem destruídos.[3][10] Em Fevereiro de 1942, os Short Empire operados pelo Esquadrão N.º 11 e pelo Esquadrão N.º 20 foram transferidos para o recém-formado Esquadrão N.º 33.[11] No dia 4 e 6 de Maio, o Esquadrão N.º 20 perdeu dois aviões Catalina; os nove tripulantes da primeira aeronave foram capturados e executados; já a tripulação da segunda aeronave foi capturada e desapareceu sem qualquer rasto ou registo.[12][13]
Em resposta à ameaça de uma invasão em Porto Moresby, os esquadrões n.º 11 e 20 foram transferidos para Bowen, Queensland, no dia 7 de Maio de 1942.[14] Pouco tempo depois, os aviões dos esquadrões já estavam a atacar alvos japoneses em Lae, Salamaua e Rabaul. No dia 27 de Junho, cada um dos esquadrões contribuiu com uma aeronave para um ataque de quatro horas contra Lae e Salamaua, ataque durante o qual, além de bombas, as tripulações da RAAF lançaram garrafas de cerveja para interromper o sono dos militares japoneses—o som que as garrafas emitiam em cair era, de acordo com a história oficial da RAAF, "algo entre um assobio e um grito".[15] No dia 1 de Julho, o Esquadrão N.º 20 possuía uma frota de seis aviões Catalina e 175 efectivos, sendo que o planeado era terem nove aeronaves de 415 efectivos.[16] A sua principal responsabilidade no início de 1942 era o reconhecimento marítimo até à Nova Guiné, Ilhas Salomão de Nova Caledónia; na segunda metade do ano, o esquadrão concentrou-se mais em bombardeamento nocturno.[10] No dia 11 de Novembro de 1942, já com 252 efectivos, o esquadrão foi transferido para Cairns.[1][17] A partir de Cairns o esquadrão continuou a realizar missões de reconhecimento aéreo, guerra anti-submarina e ocasionalmente também realizava missões de bombardeamento nas águas à volta da Nova Guiné.[3] Entre Dezembro de 1942 e Março de 1943, as aeronaves do Esquadrão N.º 20 voaram um total de 9629 horas de voo e lançaram 227 toneladas de bombas.[18] O papel do esquadrão foi alterado em Junho de 1943, quando começou a realizar missões de lançamento de minas navais pelas Índias Orientais Holandesas e nas Filipinas, embora continuasse a realizar algumas missões de bombardeamento e de lançamento de mantimentos.[19][20]
Em Setembro de 1944, o Esquadrão N.º 20 tornou-se parte da Asa N.º 76, juntamente com o Esquadrão N.º 42 e o Esquadrão N.º 43, e depois foi movido para Darwin, no Território do Norte. Os três esquadrões operavam aviões Catalina, sendo a sua principal missão o lançamento de minas navais.[21] Na noite de 30 de Setembro, um Catalina do Esquadrão N.º 20 foi abatido enquanto atacava um navio japonês em Pomelaa, nas Índias Orientais Holandesas; a perda foi especialmente pesada, pois um dos coordenadores da campanha de lançamento de minas, o Tenente-comandante P. E. Carr, da Marinha Real Australiana, estava a bordo do avião e acabou por ser capturado pelos japoneses.[22] Outro Catalina do esquadrão foi abatido na noite de 27 para 28 de Janeiro de 1945, provavelmente devido a um ciclone no Mar de Timor, durante uma campanha de lançamento de minas navais em Surabaya.[23] Em Março, um destacamento de quatro aviões do Esquadrão N.º 20, juntamente com outras quatro do Esquadrão N.º 43, lançaram minas na costa do Sul da China e em Formosa, como parte da ofensiva da Asa N.º 76 naquelas áreas; estas operações foram conduzidas a partir do Golfo de Leyte, nas Filipinas. Na noite de 7 para 8 de Março, mais um Catalina do esquadrão ficou destruído, provavelmente devido ao mau tempo e não por acção do inimigo.[24] No dia 8 de Abril três aviões do esquadrão minaram a entrada do porto de Hong Kong e, no dia 26 de Maio, quatro aviões Catalina lançaram minas no porto de Wenchow, na China, o local mais a norte que qualquer aeronave australiana durante a guerra atacou.[25] No dia 30 de Julho, três aeronaves do esquadrão realizaram o último lançamento de minas navais da RAAF.[26]
A última operação do Esquadrão N.º 20 durante a guerra consistiu num voo de patrulha no dia 14 de Agosto de 1945.[19] Depois do cessar das hostilidades, o esquadrão realizou missões de transporte e transportou de volta para a Austrália prisioneiros de guerra de várias localizações do Sudeste Asiático.[26] No dia 21 de Novembro, foi transferido para a Estação de Rathmines, em Nova Gales do Sul.[1] O Esquadrão N.º 20 realizou a sua última missão no dia 21 de Janeiro de 1946, um voo de transporte até Balikpapan, e depois foi dissolvido em Rathmines no dia 27 de Março.[19]
O Esquadrão N.º 20 foi reestabelecido no dia 1 de Abril de 2015 para prestar apoio à Base aérea de Woomera, na Austrália Meridional. Constituído por nove militares e um membro do Serviço Publico Australiano sob o comando o Líder de Esquadrão Simon Barlett, o esquadrão forma parte da Asa N.º 96, uma componente do Grupo de Apoio de Combate. A Base aérea de Woomera, que incorpora a Vila de Woomera, era uma de duas unidades da Força Aérea formalmente estabelecidas no dia 12 de Janeiro de 2015 como parte da reorganização do Complexo de Woometa, sendo a outra unidade o Woomera Test Range.[27][28]
O design do esquadrão reactivado inclui uma águia que denota coragem e nobreza, um lançador de lanças woomera que simboliza a cidade e a sua herança indígena, uma Swainsona formosa para representar a Austrália Meridional e o grupo de estrelas Pleiades, que faz parte do folclore do povo Kokatha, um povo indígena.[27]