Evaristo Conrado Engelberg

Evaristo Conrado Engelberg

Nascimento 26 de outubro de 1853
Piracicaba, Brasil
Morte 1932 (80 anos)
São Paulo, Brasil
Ocupação Engenheiro mecânico, inventor

Evaristo Conrado Engelberg (Piracicaba, 26 de outubro de 1853São Paulo, 1932) foi um engenheiro mecânico e inventor brasileiro.[1] É reconhecido como o inventor das máquinas de beneficiamento de arroz e café no Brasil.[2]

Invenção dos descascadores de café e arroz

[editar | editar código-fonte]

Filho de imigrantes alemães, inicialmente estabelecidos em Campinas e posteriormente na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo no final do século XIX, desde sempre teve ativa participação no início da industrialização paulista, principalmente na cafeicultura, que durante as décadas de 1870-1880, correspondia a 56% das exportações do Brasil e no beneficiamento e descascamento de arroz.

Evaristo teve a ideia inicial em 1885, enquanto trabalhava na construção de uma roda d´água, observando um grupo de escravos que trabalhava no descascamento de arroz em pilões, principal método utilizado na época.

Apanhando um punhado do cereal em cascas e esfregando os grãos na mão, verificou que com a pressão, um tirava a casca do outro.

Voltando imediatamente à oficina, começou a trabalhar na construção de um exótico aparelho que já estaria pronto no dia seguinte, criando assim o primeiro descascador de Arroz de cilindro horizontal.

O invento foi batizado com o nome de "Descascador Engelberg" e logo foi adaptado para trabalhar também com café, revolucionando o sistema de beneficiamento de Café e Arroz que existia até então.

Fabricação no Brasil

[editar | editar código-fonte]

Ainda assim, existia uma certa resistência inicial dos fazendeiros e lavradores, que preferiam utilizar a mão de obra escrava durante todo o ano para estes e outros serviços, do que investir o dinheiro nas máquinas inventadas por Engelberg, que seriam úteis apenas nos períodos de colheita das safras.

Mesmo com a resistência inicial, com o passar do tempo as encomendas foram aumentando, e entre os compradores apareceram figuras ilustres como Antônio Lacerda de Chermont, Visconde de Arari e também Presidente da Província do Pará, e o membro da aristocracia cafeeira Paulista, Conselheiro Antônio da Silva Prado.

Com o forte desenvolvimento da empresa, Evaristo formou sociedade com o futuro Conde Siciliano, surgindo assim no ano de 1885 a “Engelberg & Siciliano”, tendo sua sede em Piracicaba.

Em 1890, a Gazeta de Piracicaba noticiava que Evaristo Conrado Engelberg fora nomeado membro correspondente da Academia Parisiense de Inventores, sendo distinguido com uma medalha de Ouro.[3]

Patentes da máquina beneficiadora de café

[editar | editar código-fonte]

Em 1885, Engelberg registrava uma patente Britânica para a máquina descascadora de arroz.[4]

Três anos depois, Engelberg, que morava em Piracicaba na época, em 1888, registrava uma patente americana sobre o invento criado em 1885.[5]

Engelberg patenteou vários modelos das máquinas nos Estados Unidos e na Europa tendo enorme sucesso, pois os descascadores não espremiam os grãos, retiravam toda a palha e mantendo sua integridade, resultavam em um enorme ganho sobre a safra.

As máquinas faziam o descasque e o polimento dos grãos, podendo ser reguladas para fazer o serviço em diversas etapas, retirando as diversas camadas abaixo da casca "na mesma passagem".

A manutenção das máquinas também era bastante simples e barata, o que era muito vantajoso, pois na época os principais métodos de limpeza do Café ainda dependiam do trabalho de escravos em moinhos e monjolos.

O invento era precioso no Brasil e logo outros países produtores de Café e Arroz aumentaram os pedidos de encomenda para o Exterior.

Fabricação nos EUA

[editar | editar código-fonte]
A c.1903 Anúncio comercial Engelberg Huller Company

Entendendo que, fabricando as máquinas no Brasil e as embarcando para os mercados de outros países, não existiria a estrutura ideal para que as máquinas atendessem a demanda mundial, em 1888, por interferência de José Tibiriçá surgia nos Estados Unidos, em Syracuse, New York, a Engelberg Huller Company.

A empresa americana produziu as máquinas beneficiadoras de Arroz a Café em larga escala e as exportou para o mundo inteiro, sendo citada a sua importância na Cronologia da História do Café em diversos países da Ásia, Europa e dos próprios Estados Unidos.

Em 1890, a sociedade de Engelberg e o futuro Conde Siciliano foi desfeita e a produção foi interrompida no Brasil. Porém a partir de 1922, as máquinas "Huller" produzidas em Syracuse, New York começaram a chegar ao Brasil.

As invenções utilizadas até os dias de hoje

[editar | editar código-fonte]

Ainda hoje (2011) a Engelberg Huller Company, de Nova York, segue com a produção e exportação das máquinas “Huller” para diversas partes do mundo.

Na década de 70, o historiador americano Warren Dean, estudioso da Indústria Brasileira, escreveu o respeitado livro “A industrialização de São Paulo 1880-1945”, atualmente publicado pela Editora Record, assinalando a importância do invento de Evaristo Conrado Engelberg para a industrialização de São Paulo e do Brasil.

  • Cochran Co, John C. The American exporter, Johnston Export Publishing Company, 1928,Volume 102,p 177.
  • Dean, Warren. A industrialização de São Paulo, Editora Record, USP, 1971, p. 18.
  • Kano. Research for development of animal traction in West Africa: proceedings of the Fourth Workshop of the West Africa Animal Traction Network, Nigeria, 990, p.  49, 50, 51.
  • Mukerji, Niya Gopal. Handbook of Indian Agriculture, Printwell Publishers, 1990, p. 185.
  • Lahmeyer Lobo, Eulália Maria. História político-administrativa da agricultura brasileira:1808-1889 - Resenhas, 1977, p. 93, 98
  • Instituto Brasileiro do Café. Ensaios sobre café e desenvolvimento econômico', 1973,p 37.
  • Boletim geográfico, Edições 196-201. Instituto Brasileiro de Geografia, Brasil. Conselho Nacional de Geografia (Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica), 1967,p 71.
  • Diégues Júnior, Manuel Imigração; urbanização e industrialização: estudo sôbre alguns aspectos da contribuição cultural do imigrante no Brasil, Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, Ministério da Educação e Cultura, 1964, p 240.
  • Boletim do Centro Tropical de Pesquisas e Tecnologia de Alimentos, Edições 3-8,p 15
  • Neme, Mário. Corpo e alma do Brasil, Volumes 32-33, Diffusão Europeia do livro, 1971, p 18.
  • Ukers, William Harrison All About Coffee,Tea and Coffee Trade Journal Company, 1922, p 247.
  • Peláez, Carlos Manuel, Essays on Coffee and Economic Development, Instituto Brasileiro do Café, Fundação Getulio Vargas Pub. Service, 1973, p 35.
  • Bruno, Ernani Silva,História e tradições da cidade de São Paulo: Metrópole do café 1872-1928.São Paulo de agora 1919-1954,Editora HUCITEC, 1984, p 1176.
  • Official Gazette of the United States Patent Office, Volume 205, EUA, The Office, 1914, P 17.
  • La Hacienda, Volume 52, La Hacienda Company, 1956, P 69,77.
  • J. Arce y Cía,Catalogo ilustrado de J. Arce y Cíayngenieros, contratistas é importadores de toda clase de Maquinaria, P 77.
  • Coleccion legislativa completa de la Republica Mexicana con todas las disposiciones expedidas para la Federacion, el Distrito y los territorios federales, Volume 20, 1897, P 241.

Referências

  1. «Rua Evaristo Conrado Engelberg». História das Ruas de São Paulo. 1991. Consultado em 17 de Julho de 2011 [ligação inativa]
  2. Peter R. Lawrence, K. Lawrence, J. T. Dijkmann & P. H. Starkey (Julho 1990). Research for development of animal traction in West Africa. [S.l.]: Nigeria: West Animal Traction Network. Consultado em 17 de julho de 2011 
  3. «Um piracicabano na Academia de Paris». A Provincia. 11 de Outubro de 2009. Consultado em 17 de Julho de 2011. Arquivado do original em 24 de março de 2012 
  4. «Engelberg, Inc». Vintage Machinery. 2011. Consultado em 17 de Julho de 2011 
  5. «A Coffee Chronology». Webbooks. 2011. Consultado em 17 de Julho de 2011 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]