Grace Tame | |
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Nascimento | 28 de dezembro de 1994 Hobart |
Cidadania | Austrália |
Progenitores |
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Cônjuge | Spencer Breslin |
Alma mater |
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Ocupação | ativista, artista, instrutor de yoga |
Distinções |
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Página oficial | |
https://www.gracetame.com.au | |
Grace Tame (nascida em 1994-1995)[1] é uma ativista australiana que luta pelas vítimas de abuso sexual. Tame foi considerada a Australiana do Ano em 25 de janeiro de 2021.[1][2]
Tames era bolsista na St Michael Collegiate School em Hobart, Tasmânia, Austrália, e tinha sido diagnosticada com anorexia nervosa aos dez anos. Ela foi seduzida e depois sofreu repetidos abusos sexuais pelo seu professor de 58 anos.[3][4] Embora tenha sido descoberto que a escola teve múltiplas oportunidades para interferir, o abuso só parou quando Tame denunciou o abusador.[4] Ele foi preso e condenado pelo delito de “manter um relacionamento sexual com alguém de idade inferior a 17 anos”, um crime. Tame argumentou que isto deveria ser reescrito, como em outras jurisdições, devido ao uso enganoso da palavra “relacionamento” para “abuso”.[4] Ao sentenciar o abusador, a juíza Helen Wood disse que Tame “era particularmente vulnerável devido ao seu estado mental” e que o seu abusador “sabia que sua condição psicológica era precária” e que tinha “traído a confiança dos pais da criança e da escola de uma forma absolutamente ostensiva”.[4]
Em 2017, a comentarista Bettina Arndt foi criticada por conduzir uma entrevista de 17 minutos com o agressor de Tame, que tinha sido condenado por ataque sexual[5][6] e por possuir pornografia infantil.[7] Ele foi preso em sequência de novo, por produzir material de exploração de crianças[8][9] e por gabar-se de que o abuso sexual de Tame tinha sido “incrível”.[10][11] Durante a entrevista, Arndt riu e se referiu ao “comportamento sexualmente provocativo de meninas estudantes”. Tame criticou Arndt por apoiar seu atacante, e a acusou de “banalizar” e “minimizar” o crime dele,[11] dizendo: “A entrevista não é perturbadora apenas por fornecer uma plataforma para um pedófilo. Não é uma entrevista verdadeira.”[12] Arndt foi criticada por não procurar Tame para conhecer o seu lado da história,[7][13] e chamou a atenção da polícia por ter incluído o nome e foto dela sem consentimento.[14]
Na Tasmânia, a Lei sobre a Prova proibia desde 2001 a publicação de informação identificando vítimas de ataque sexual.[15] Na prática, isto impedia Tame e outras vítimas de falar publicamente sobre suas experiências, mesmo quando o seu abusador se gabava pelos seus crimes nas redes sociais.[3][15] O caso de Tame levou a jornalista e também vítima de ataque sexual Nina Funnell a trabalhar junto com Tame para criar uma campanha chamada #LetHerSpeak (“Deixem Ela Falar”), em parceria com Marque Lawyers e o movimento End Rape on Campus (“Parem com os Estupros nos Campus”) da Austrália,[16] buscando mudar esta lei e uma similar no Território do Norte. A campanha atraiu apoio global de celebridades, incluindo Alyssa Milano, Tara Moss e John Cleese, bem como de líderes do Movimento Me Too.[17] Em agosto de 2019, Tame falou pela primeira vez, depois que a campanha obteve uma ordem judicial a seu favor através da Corte Suprema da Tasmânia,[18] [19] concedendo-lhe uma isenção para a lei da mordaça.[20] Ela foi a primeira mulher vítima de ataque sexual na Tasmânia a ganhar uma ordem judicial para falar sobre a sua experiência.[19]
Em outubro de 2019, em resposta ao movimento #LetHerSpeak conduzido por Funnell e com a participação de Tame, a Procuradora-Geral da Tasmânia, Elise Archer, anunciou que a legislação seria alterada para permitir que vítimas de ataques sexuais falassem publicamente. Archer também anunciou mudanças planejadas nos registros dos crimes, indicando que “a palavra ‘relacionamento’ tem conotações de ‘consentimento’.”[21] Em abril de 2020, a lei foi alterada para permitir que as vítimas tasmanianas falassem.[22]
Tame passou a advogar para outros, focando em ajudar as pessoas a entender como a sedução e a manipulação psicológica funcionam e quebrando os estigmas associados ao ataque sexual.[2][23] Ela trabalhou com o Esquadrão de Tráfico de pessoas de Los Angeles para ajudá-los a entender como a sedução trabalha. Ela defende a educação como meio de prevenção primária do abuso sexual infantil, em vez de se focar nas respostas, que podem “alimentar a crença inconsciente de que o abuso sexual infantil é um fato da vida que temos que aceitar em nossa sociedade”.[1] Ela quer erradicar a culpabilização da vítima e normalizar a fala, e diz que é necessária maior consistência entre as leis federais e estaduais na Austrália.[1]
Em outubro de 2020, Tame foi apontada como Tasmaniana do Ano 2021, dez anos depois do ataque que recebeu.[16] Ela disse “Eu posso estar enganada, mas não acho que a vítima de um estupro foi alguma vez premiada desta forma, e isso é grande.” “É muito empoderador para uma comunidade reconhecer e normalizar o ato de falar. Não há vergonha em ser vítima. A vergonha está nos predadores, nos cometedores desses crimes.”[16]
Na véspera do Dia da Austrália de 2021, ela foi apontada Australiana do Ano.[24] O painel dizia “Grace demonstrou extraordinária coragem, usando sua voz para empurrar a reforma legal e elevar o entendimento público sobre os impactos da violência sexual.”[2] Ela é o primeiro tasmaniano a receber o prêmio[2][25] e a primeira vítima pública de ataque sexual.[26] Ao receber o prêmio, ela disse “Todas as vítimas de abuso sexual, isto é para nós... Quando nós compartilhamos, nós nos curamos. Juntos nós podemos acabar com o abuso sexual infantil. Eu me lembro dele dizendo ‘Não faça um som’. Bem, ouça-me agora, usando minha voz em meio a um coro de vozes que não silenciarão.”[2][23][27][28] Seu discurso foi elogiado como “poderoso” e “extraordinário”.[28]
Tame completou 12 anos em uma escola diferente na Austrália, antes de se mudar para os Estados Unidos, onde se graduou no Santa Barbara City College em artes teatrais e artes liberais.[4] Ela é uma artista e seus clientes incluíram John Cleese.[4] Tame se casou com o ator americano Spencer Breslin em 2017.[29][30] Seu atual parceiro é o tasmaniano Max Heerey.[31]