Idris Imadadim | |
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Mausoléu de Idris Imadadim em Xibam | |
Da'i almutlaque | |
Reinado | 1428-1468 |
Antecessor(a) | Ali |
Sucessor(a) | Haçane Badradim II |
Nascimento | 1392 |
Xibam | |
Morte | 10 de junho de 1468 |
Xibam | |
Descendência | |
Pai | Haçane Badradim I |
Religião | ismailismo taibita |
Idris Imadadim ibne Haçane Alcoraixi (Idrīs ʿImād al-Dīn ibn al-Ḥasan al-Qurashī; 1392 - 10 de junho de 1468), melhor conhecido apenas como Idris Imadadim, foi o décimo nono da'i almutlaque ismailita taibita e um grande líder religioso e político do Iêmem do século XV, bem como um notável teólogo e historiador ismailita. Sua obra é fundamental para o estudo do Califado Fatímida e das comunidades ismailitas do Iêmem.
Idris Imadadim nasceu em 1392 em Xibam, no centro do Iêmem. Era descendente da família Banu Alualide Alanfe dos coraixitas e a sua família produziu os principais missionários (da'is) do ismailismo taibita no Iêmem desde o início do século XIII.[1] Seu título inteiro, da'i almutlaque ("missionário absoluto / irrestrito"), significava a sua posição como regentes virtuais da comunidade taibita como vice-líderes do imame ausente, o epônimo Taibe Abu Alcacim, que permaneceram na ocultação.[2] Essa autoridade se estendeu não só ao Iêmem, mas também à comunidade taibita na Índia. O avô de Idris, Abedalá Facradim, foi o décimo sexto da'i almutlaque, seguido por seu pai, Haçane Badradim I, e após sua morte em 1418 por seu tio Ali Xameçadim II, que morreu em 1428.[3]
Quando jovem, recebeu educação completa e foi ativo no governo da comunidade taibita. Quando seu tio morreu em 1428, o sucedeu como décimo nono da'i almutlaque, posição que ocuparia pelo resto da vida. Sua primeira residência foi a cidadela de Haraz.[3] Como seus antecessores, aliou-se aos raçúlidas de Zabide contra os imames zaiditas de Saná. Junto de Maleque Azair (r. 1428–1439), lutou repetidamente contra o imame Almançor Ali (r. 1391–1436) e recapturou numerosas fortalezas do controle zaidita. Quando os raçúlidas foram sucedidos pelos taíridas em 1454, manteve relações cordiais com os novos regentes de Zabide, os irmãos Amir (r. 1454–1460) e Ali (r. 1460–1479).[4] Depois de uma praga desastrosa em 1436/7, que lhe custou vários parentes, retornou a Xibam, sua terra natal.[3]
Idris prestou especial atenção aos esforços missionários no oeste da Índia e contribuiu para o sucesso dos taibitas no Guzerate.[4] De acordo com os estudiosos indianos taibitas póstumos, Cauje ibne Maleque e Cutududim Saíde, foi quem primeiro planejou transferir a sede do movimento do Iêmem à Índia, embora isso só tenha ocorrido um século após sua morte em 10 de junho de 1468. Seus filhos, Haçane Badradim II e Huceine Huçamadim, e depois seus netos, Ali Xameçadim III e Maomé Izadim I, sucederam-no. Maomé Izadim I, o vigésimo terceiro, foi o último de sua linhagem e, ao morrer, o primeiro indiano, Iúçufe ibne Soleimão, foi nomeado sucessor.[3][5]
Seu mausoléu em Xibam foi reconstruído em 2010 pelo 52º da'i do ramo taibita Dawoodi Bohra e é destino de peregrinação frequente para os fiéis de Bohra do Iêmem e Índia.[3]
Além de seus deveres religiosos e políticos, Idris também foi um estudioso dedicado e escritor prolífico. Seus livros "se tornariam obras fundamentais do daʿwa taibita". Seu local de escrita favorito, perto do lago Bircate Jaujabe, perto de Xibam, ainda recebe visitantes hoje. O estudioso taibita do século XVI, Haçane ibne Nu, lhe atribui onze obras. O historiador moderno Ayman Fuʾad Sayyi enumera onze cuja autoria é certa e mais três cuja atribuição é duvidosa.[3]
Seu trabalho principal é o ʿUyūn al-akhbār ("Fontes fluentes de relatórios históricos") em sete volumes, uma história do Islã desde Maomé, passando pelos 21 imames ismailitas até o fim do Califado Fatímida e o início do daʿwa taibita no Iêmem sob os sulaídas.[3][6] Nele, fez uso de várias fontes ismailitas e não ismailitas, algumas das quais não sobreviveram. [1] A única história geral do ismailismo escrita por um ismailita na Idade Média,[6] a obra o fez o "mais famoso historiador ismailita", segundo Farhad Daftary,[1] e dá uma perspectiva ismailita única da história do Califado Fatímida e seus representantes no Iêmem. Junto com o trabalho de seu coetâneo egípcio Almacrizi, o ʿUyūn al-akhbār é "indiscutivelmente a fonte mais detalhada da história dos fatímidas".[3]
O ʿUyūn al-akhbār foi publicado em algumas edições críticas:[3][1]
O ʿUyūn al-akhbār é complementado por duas obras menores, o Nuzhat al-afkār ("Um passeio para mentes" ou "O prazer dos pensamentos") em dois volumes, e sua continuação, o Rawḍat al-akhbār ("Um jardim de relatórios / informações históricas"), que se concentra especificamente na comunidade taibita no Iêmem, desde o colapso da dinastia sulaída até os dias de Idris.[3][1]
Entre suas obras teológicas, o Zahr al-maʿānī ("Flores dos significados"), um tratado sobre a doutrina esotérica taibita (ḥaqāʾiq), destaca-se como a "alta marca dos escritos taibitas" (Daftary). As ideias metafísicas do daʿi Hamidadim Alquirmani do século XI forneceram uma inspiração particular a Idris. Também compôs seis diatribes teológicos mais curtos: um no formato de perguntas e respostas sobre questões teológicas; uma exegese teológica de aspectos ligados ao calendário islâmico; um tratado sobre estritamente manter o jejum completo do Ramadã; uma refutação de um tratado teológico zaidita; um tratado polêmico contra um ateu referido apenas como "O Camelo"; e uma refutação da prática de alguns indianos de observar a lua para determinar o início e o fim do Ramadã.[1] Finalmente, foi o autor de um divã, no qual emulou o poeta da era fatímida Almuaiade de Xiraz. Os temas de seus poemas eram sobretudo religiosos, elogiando Maomé, Ali e os imames ismailitas. Alguns lidam com questões doutrinais, mas outros expressam suas crenças espirituais.[3]