O Instituto do Bom Pastor (IBP) é uma Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontifício, isto é, está colocada diretamente sob a autoridade da Santa Sé. Composta por sacerdotes seculares, os seus membros exercem o sacerdócio e a missão em perfeita comunhão doutrinal e litúrgica com a Igreja Católica, segundo especificidades próprias, a mais notável, a celebração da Missa e demais sacramentos segundo os ritos anteriores à reforma do Papa Paulo VI, em qualquer parte do mundo onde os Bispos requeiram o seu apostolado. Como os demais institutos ditos tradicionais (Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, Instituto de Cristo Rei e Sumo Sacerdote, entre outros), encontra-se sob a alçada da Igreja através da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica,[1] não mais sob os cuidados da extinta Pontifícia Comissão Ecclesia Dei. Tem a Casa Geral junto ao Seminário, em Courtalain, França.[2][3][4]
O Instituto foi erigido canonicamente a 8 de setembro de 2006 (Festa da Natividade de Nossa Senhora), em Roma, pelo Cardeal Dario Castrillon-Hoyos, ex-presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, representando o Santo Padre, o Papa Bento XVI.[5] A sua casa-mãe é a Paróquia Pessoal de Santo Elói, em Bordéus, França, e o seu fundador e superior geral emérito é o padre Philippe Laguérie, sendo o atual superior geral o padre Luis Gabriel Barrero Zabaleta.[6]
Os padres fundadores do IBP foram membros da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada por Dom Marcel Lefèbvre. São eles: Pe. Philippe Laguérie, Pe. Paul Aulagnier, Pe. Christophe Héry, Pe. Guillaume de Tanoüarn e Pe. Henri Forestier.[7]
O IBP exerce o seu apostolado a pedido dos Bispos locais quer seja em Paróquias pessoais ou territoriais. O seu "carisma" próprio é a difusão da Tradição católica, doutrinal, pastoral e litúrgica, numa dupla missão, explicitamente concedida pelos seus estatutos definitivamente aprovados pela Santa Sé:
O relançamento do debate pelo Papa Bento XVI, defensor de uma perspectiva de "hermenêutica da continuidade" por oposição à "hermenêutica de rutura", no seu Discurso à Cúria Romana de 22 de dezembro de 2005, alertava para os perigos duma interpretação errada do Concílio.[9][2] Ele também já havia tecido, antes de seu pontificado, algumas críticas à Reforma Litúrgica do Papa Paulo VI, ocorrida depois do Concílio, considerando-a “uma produção fabricada” que levaria a liturgia a ser "um produto banal do momento".[10] Em 2016, no livro "Conversas Finais" ("Last Testament" na versão inglesa), o já Papa Emérito nega que a liberalização da Missa Antiga fosse uma mera concessão ou jogada tática por causa da Fraternidade de São Pio X, mas algo "substancial", uma necessidade de reconciliar a Igreja internamente.[11] Um dos fundadores do Instituto, o Padre Paul Alaugnier, por exemplo, escreveu um livro abordando não só o legado de Dom Marcel Lefebvre, como também discorrendo acerca dos problemas relacionados às questões do ecumenismo, diálogo inter-religioso, reforma litúrgica ou a liberdade religiosa.[12]
Em junho de 2018, o Instituto do Bom Pastor promoveu, no seu seminário em Courtalain, um Colóquio organizado pelo Padre Doutor Matthieu Raffray IBP, Professor no Angelicum em Roma, que deu lugar à obra "Quelle pastorale cinquante ans après Vatican II? - Éléments pour une critique constructive" (tradução livre: Que pastoral cinquenta anos depois do Vaticano II? - Elementos para uma critica construtiva) com contributos de vários padres do Instituto e de outras personalidades como Cardeal Raymond Burke, Mons. Athansius Schneider, Don Nicola Bux, Professor Roberto de Mattei, Abbé Claude Barthe, entre outros.[13]
Em suma, nas palavras da página do IBP Distrito da América Latina: "(...) tal missão se concretiza igualmente na formação espiritual, filosófica e teológica tradicional, particularmente conforme a teologia de São Tomás de Aquino, tão recomendada pelos Sumos Pontífices. Essa missão reside também na possibilidade dada expressamente pela Santa Sé de uma crítica séria e construtiva dos atos controversos do magistério recente, segundo os princípios teológicos que regem os diversos graus de magistério e o assentimento a eles devido. Isto não para causar vã polêmica, mas para pôr à disposição da autoridade eclesiástica sólidos argumentos teológicos para a correta interpretação ou, quando for o caso, correção destes textos(..).[14]
Esta missão do Instituto é realizada tendo como modelo Jesus Cristo, o Bom Pastor, que conhece e vai em busca das suas ovelhas.
A formação dos seminaristas acontece no Seminário de São Vicente de Paulo em Courtalain, França, com um modelo de formação, seguindo as indicações da Santa Sé, que valoriza o estudo filosófico e teológico tendo como mestre e guia a doutrina de São Tomás de Aquino.[15] Muitos sacerdotes continuam a sua formação, cumprindo o seu carisma, em faculdades pontifícias para obter as licenciaturas e doutoramentos canónicos.
Para além do seminário em Courtalain, tem já apostolados e casas canonicamente erigidas no Brasil, Estados Unidos da América, Costa Rica, Colômbia, França, Polônia, Uganda, Quénia e Itália.[16] Propõe, igualmente, um campo de férias em França[17][18] e vários Retiros.[19][20] O Instituto está dividido em Distritos, atualmente, o Distrito da Europa (que tem também jurisdição sobre os apostolados Norte Americanos e Africanos) e o Distrito da América Latina.
O IBP e os seus membros exercem também um apostolado virtual, propondo vídeos, artigos e fóruns que procuram difundir a fé católica, a doutrina e espiritualidade tradicionais e a liturgia antiga.[13]
Em julho de 2020, é composto atualmente por 49 sacerdotes incardinados e cerca de 30 jovens seminaristas de várias nações, num total de 8 nacionalidades, incluindo de Portugal e do Brasil.[21][11]
Conta ainda com um ramo feminino em formação junto à Casa em Bogotá, as Escravas Reparadoras da Sagrada Família.[22][23]