Janismo

 Nota: Não confundir com Jainismo.
Jânio Quadros, presidente do Brasil em 1961.
Parte da série sobre
Conservadorismo no Brasil
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Janismo foi um comportamento político e ideologia frequentemente atribuído a Jânio Quadros,[1] o 22.º presidente do Brasil. Consistia de um populismo conservador que visava mobilizar a classe baixa, sobretudo composta pelo operariado, contra a elite política.

Durante o mandato do ex-presidente Juscelino Kubitschek, o governo brasileiro adotou uma política desenvolvimentista. Construiu a cidade de Brasília sob a promessa de desenvolvimento da indústria nacional em 5 anos.[2]

O janismo é definido pelas promessas de campanha eleitoral e ações do governo sob a presidência de Jânio Quadros. O principal objetivo da ideologia é combater a corrupção.[3] Caracteriza-se como populismo que contrata com o getulismo e o peronismo. A diferença entre o janismo e o getulismo estava na forma como suas políticas visavam a classe baixa. Enquanto Getúlio Vargas apelava para a classe trabalhadora com promessas de melhores condições de vida e trabalho,[4] Jânio apelava para a mesma classe com promessas de levar à justiça funcionários corruptos do governo.[5] Características do janismo incluem:

  • Anticorrupção: Jânio divulgou propaganda anticorrupção ao longo de sua campanha eleitoral, por vezes de forma lúdica, usando uma vassoura para indicar que iria "varrer os ratos, ricos e reacionários";[6]
  • Não alinhamento: Jânio recusou-se a seguir os pontos de vista de sua coligação, mantendo relações com os países do Bloco de Leste e chegando a condecorar o revolucionário cubano Che Guevara e o cosmonauta soviético Iuri Gagarin,[7][8] apesar da ideologia conservadora de seu partido, PTN. Ele também nomeou ministros rivais de sua base política no Congresso Nacional;
  • Política apartidária:[9] Jânio nunca se comprometeu com nenhum partido, mas "só com as massas", em quem queria ter confiança na sua liderança. Segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, Jânio deixou claro que estava acima de todos os partidos e políticos tradicionais.[10]
  • Antiparlamentarismo: Depois de perder o apoio do Congresso brasileiro, Jânio escreveu uma carta ao público declarando que o parlamento era dominado por elites políticas que tentavam boicotar seu governo.[11] Jânio esperava governar acima da vontade do Legislativo por meio do apoio popular;
  • Moralismo: Socialmente conservador, Jânio chegou a proibir o uso de biquini nas praias, lança-perfume em bailes e até rinhas de galo.[8]

Movimento Jan-Jan

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Durante a eleição presidencial de 1960, insatisfeitos com a candidatura de Henrique Teixeira Lott (apoiado pelo PTB), os sindicalistas apoiaram a candidatura de Jânio Quadros à presidência e de João Goulart (Jango), seu rival, à vice-presidência.[12] Essa coalizão não formal foi chamada de "Movimento Jan-Jan". Pela primeira vez em décadas, foi eleito um vice-presidente que concorreu na oposição (Goulart era aliado do principal rival de Jânio, Kubitschek). Apesar da divergência entre os dirigentes, Jânio era o candidato preferido da classe trabalhadora.

Entre o fim do século XX e meados século XXI, alguns políticos, como Levy Fidelix e Fernando Chiarelli, fizeram do ataque à corrupção do Estado brasileiro à maneira do janismo suas plataformas de campanha.[13][14] Em 1994, o MTR, criado por Fernando Ferrari e ligado à candidatura de Jânio ao governo paulista,[15] ressurgiu como PRTB, fundado por Fidelix e que anos depois viu a filiação de Pablo Marçal. Outro partido ligado ao janismo é o Partido Trabalhista Nacional (atualmente chamado Podemos), que surgiu em 1997 buscando refundar o PTN de Jânio.

Referências

  1. «Janismo». Dicio, Dicionário Online de Português 
  2. «50 anos em 5: entenda o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek». altoastral.com.br. 22 de agosto de 2016 
  3. «Corrupção: a vassourinha de Jânio Quadros». historiahoje.com. 18 de outubro de 2014 
  4. Viviane Tavares (24 de maio de 2013). «Consolidação das Leis Trabalhistas, criada por Vargas, completa 70 anos». agencia.fiocruz.br. Consultado em 8 de outubro de 2024 
  5. «"Vem aí outro Jânio Quadros?". Até parece, mas capitão Bolsonaro é coisa muito pior - Ricardo Kotscho». 18 de maio de 2019 
  6. «Brasileiros Ilustres - Jânio Quadros». Academus. Consultado em 8 de outubro de 2024 
  7. «JANIO CONDECORA GUEVARA». almanaque.folha.uol.com.br. 20 de agosto de 1961. Consultado em 8 de outubro de 2024 
  8. a b Nogueira, André (22 de outubro de 2021). «Jânio Quadros: As bizarras proibições do 22º presidente da República». Aventuras na História. Consultado em 10 de outubro de 2024 
  9. «Governo Jânio Quadros». escolakids 
  10. SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, pp. 429–430
  11. «Renúncia do Presidente Jânio Quadros - Que Dia é Hoje?». Educa 
  12. «A ascensão de Jânio Quadros». jornalggn.com.br. 30 de dezembro de 2013 
  13. «Levy Fidelix troca aerotrem por corrupção». O Antagonista. 14 de fevereiro de 2018 
  14. «Trajetória de ex-deputado é marcada por insultos, ações judiciais e referências a Jânio Quadros - 20/04/2011 - UOL Notícias». noticias.uol.com.br 
  15. «Jânio Quadros». cpdoc.fgv.br. Consultado em 8 de outubro de 2024