John Paul Jones (filme)

John Paul Jones
John Paul Jones (filme)
Cartaz promocional do filme.
No Brasil Ainda Não Comecei a Lutar
 Estados Unidos
1959 •  cor •  126 min 
Gênero aventura
drama histórico-biográfico
Direção John Farrow
Produção Samuel Bronston
Produção executiva Robert Bradford
Roteiro John Farrow
Jesse L. Lasky, Jr.
Ben Hecht
Baseado em Nor'wester
de Clements Ripley
Elenco Robert Stack
Marisa Pavan
Charles Coburn
Erin O'Brien
Música Max Steiner
Murray Cutter
Cinematografia Michel Kelber
Direção de arte Franz Bachelin
Efeitos especiais Roscoe Cline
Domingo Escudero López
Figurino Phyllis Dalton
Edição Eda Warren
Companhia(s) produtora(s) Samuel Bronston Productions
Suevia Films-Cesáreo González
Distribuição Warner Bros.
Lançamento
  • 16 de junho de 1959 (1959-06-16) (Estados Unidos)[1]
Idioma inglês
Orçamento US$ 4–5 milhões[2][3]
Receita US$ 1 milhão[4]

John Paul Jones (bra: Ainda Não Comecei a Lutar)[5] é um filme estadunidense de 1959, dos gêneros aventura e drama histórico-biográfico, dirigido por John Farrow, estrelado por Robert Stack, Marisa Pavan, Charles Coburn e Erin O'Brien, e coestrelado por Macdonald Carey, Jean-Pierre Aumont, David Farrar, Peter Cushing e Susana Canales. O roteiro do próprio Farrow, Jesse Lasky, Jr. e Ben Hecht foi baseado na história "Nor'wester", de Clements Ripley.[1]

A trama retrata a história de John Paul Jones, o herói naval da Guerra de Independência dos Estados Unidos.[6][7][8]

Filmado em Technirama, foi a última produção dirigida por Farrow, além de marcar a estreia cinematográfica de dois de seus filhos, John Charles e Mia Farrow. Bette Davis fez uma participação especial como a Imperatriz Catarina, a Grande.[9]

John Paul Jones (Robert Stack) é um leal soldado do exército real que se torna um fervoroso apoiador dos revolucionários estadunidenses – fazendo-o se oferecer para liderar a frota de colonos. Enquanto sua liderança corajosa e inteligente ajuda a conquistar a liberdade dos Estados Unidos, Jones ganha uma fama ruim e, com o tempo, é enviado à Rússia, onde começa a guiar a frota de Catarina, a Grande (Bette Davis) enquanto tenta restabelecer a reputação que antes possuía.

Desenvolvimento

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Durante a década de 1930, vários estúdios de filmes estadunidenses tentaram fazer biografias sobre John Paul Jones, mas abandonaram as produções devido ao custo pesado e longa duração dos projetos. Em março de 1939, a Warner Bros. comprou os direitos de exibição do romance biográfico "Clear for Action", de Clements Ripley. James Cagney foi contratado para interpretar o papel-título, com direção de Michael Curtiz e produção de William Cagney. Cagney foi posteriormente substituído como produtor por Lou Edelman.[1]

Em 1946, o produtor independente Samuel Bronston anunciou que havia obtido a cooperação da Marinha dos Estados Unidos para a realização de sua própria cinebiografia de John Paul Jones.[10][11] Demorou nove anos para Bronston finalmente encontrar o financiamento para o projeto. Em dezembro de 1955, Bronston anunciou que havia fundado a Admiralty Pictures Corporation, que consistia em um grupo de investidores de Nova Iorque. Eles fizeram um acordo com a Warner Bros. para produzir o filme, intitulado "Call to Action" como seu título de produção.[2] Bronston contratou Jesse Lasky, Jr. para escrever o roteiro e queria que John Wayne estrelasse.[12] O estúdio de Bronston recebeu investimento de inúmeros empreendedores e corporações estadunidenses, incluindo das famílias Rockefeller, Dana, Du Pont e Stern, além de Ernest A. Gross, General Motors, Firestone Tire and Rubber Company, Time Inc. e Eastman Kodak, que investiram com o propósito de recuperar suas vendas na Europa.[1] Em janeiro de 1956, Bronston afirmou que o almirante Chester Nimitz atuaria como seu consultor pessoal no filme, que iniciaria sua produção em maio daquele ano.[13]

Em 1956, Lasky completou o roteiro com a consulta de oficiais da Marinha dos Estados Unidos.[1] Em maio de 1956, Bronston anunciou que Glenn Ford havia aceitado o papel principal, embora ainda não tivesse sido oficialmente escalado.[14] Mais tarde, em julho, William Dieterle foi contratado para dirigir o filme, com filmagens agendadas para agosto.[15] Dieterle favoreceu Richard Todd e Richard Basehart para o papel de Jones e John Miljan para o de George Washington, mesmo sem sucesso. Infeliz com o resultado inicial, Dieterle contratou Ben Hecht para escrever uma nova versão do roteiro.[1][16] Em setembro, Basehart foi escalado depois que Bronston testou 38 atores para o papel-título. O filme seria gravado nos estúdios da Warner Bros. e ao largo da costa italiana.[17]

Em outubro de 1956, Bronston assinou um contrato para gravar o filme em processo Todd-AO.[18] No entanto, a decisão foi engavetada quando a Warner Bros. se retirou do projeto.[19] Em outubro de 1957, John Farrow assinou o contrato para dirigir o filme.[20] Farrow gostou do roteiro de Lasky, mas reescreveu algumas partes sozinho, já que Lasky não estava mais disponível para colaborar com alterações. Farrow inicialmente recebeu todo o crédito pelo roteiro, mas, em última instância, compartilhou-o com Lasky depois que ele reclamou sobre isso para a Writers Guild of America[1]. Dois meses depois, foi relatado que a Marinha reafirmou sua plena cooperação com a produção e que Warner Bros. havia re-assinado como o estúdio distribuidor do filme.[19] Em fevereiro de 1958, Robert Stack foi oficialmente escalado no papel principal.[21] Partes do filme foram feitas na Espanha.[22]

As filmagens começaram em janeiro de 1958, na França, e terminaram em agosto daquele ano, na Espanha. A produção havia 107 diálogos e uma programação de 92 dias de filmagens. A maior parte da unidade estava baseada em Dénia. O governo espanhol permitiu filmagens no Palácio Real de Madrid. Também foram gravadas cenas na Escócia e Óstia.[23][24]

Bosley Crowther, em sua crítica para o The New York Times, escreveu que o filme era "uma produção monótona, no que diz respeito à ação dramática, e totalmente inexpressiva da natureza registrada e do caráter de John Paul Jones". Ele não se agradou com o desempenho de Stack, observando que sua interpretação era "como se ele fosse um membro ligeiramente maçante, embora falador, de um clube conservador de cavalheiros".[25] A revista Variety foi igualmente crítica, observando que o filme "poderia ser encurtado drasticamente e acelerado para dar-lhe melhor ritmo e ênfase. As porções fortes mostrariam então uma vantagem melhor e eliminariam o empecilho de momentos desnecessários". Além disso, a revista sentiu que as figuras históricas retratadas "tendiam a ser rígidas ou inacreditáveis" porque o filme "não coloca muito poder na mão dos personagens. Eles terminam, assim como começam, como personagens históricos e não como seres humanos".[26] A Harrison's Reports escreveu que o filme "é excelente do ponto de vista da produção. É, no entanto, apenas moderadamente satisfatório como entretenimento, pois é prejudicado por um roteiro que é algo menos do que inspirador".[27]

O filme foi um fracasso de bilheteria. A produção fez o estúdio perder dinheiro, com um prejuízo de US$ 5 milhões. Bronston, no entanto, conseguiu obter financiamento de muitos dos mesmos investidores, principalmente de Pierre S. Du Pont III, para seus filmes posteriores.[3][28]

O músico John Paul Jones (nascido John Baldwin), mais conhecido como o baixista da banda de rock britânica Led Zeppelin, adotou seu nome artístico por sugestão de Andrew Loog Oldham, que tinha visto o cartaz do filme.[29]

Apesar do fracasso financeiro de "John Paul Jones", Bronston continuou a produzir uma série de filmes épicos históricos, nos quais estabeleceu a Espanha como um importante centro de produção cinematográfica.[30] No entanto, Bronston entrou com um pedido de falência em junho de 1964, após o filme "A Queda do Império Romano" também fracassar financeiramente.[31][32][33]

Referências

  1. a b c d e f g «The First 100 Years 1893–1993: John Paul Jones (1959)». American Film Institute Catalog. Consultado em 13 de março de 2023 
  2. a b Weiler, A. H. (15 de junho de 1958). «Passing Picture Scene: Big-Scale Features Slated by Samuel Bronston § X». The New York Times. p. 7. Consultado em 26 de abril de 2024 
  3. a b Scheuer, Philip K. (December 21, 1960). "Ray Tells Directing of 'King of Kings'". Los Angeles Times. Part III, p. 9 – via Newspapers.com.
  4. «1959: Probable Domestic Take». Variety. 6 de janeiro de 1960. p. 34 
  5. «Ainda Não Comecei a Lutar (1959)». Brasil: CinePlayers. Consultado em 26 de abril de 2024 
  6. Deming, Mark. «John Paul Jones (1959)». AllMovie. Consultado em 26 de abril de 2024 
  7. «John Paul Jones (1959)». MUBI. Consultado em 26 de abril de 2024 
  8. Maltin, Leonard (2011) [2010]. Leonard Maltin's Movie Guide (em inglês). Nova Iorque: New American Library. ISBN 978-0451230874 
  9. Vansittart 2004, p. 2.
  10. Hopper, Hedda (29 de março de 1946). «Looking at Hollywood»Subscrição paga é requerida. Chicago Daily Tribune. p. 29 – via Newspapers.com 
  11. «News of the Screen»Subscrição paga é requerida. The New York Times. 29 de março de 1946. p. 29. Consultado em 26 de abril de 2024 
  12. Schallert, Edwin (23 de dezembro de 1955). "Drama: John Paul Jones Story Aimed at Wayne; Peggy Lee Gets English Bid". Los Angeles Times. Part I, p. 13 – via Newspapers.com.
  13. Pryor, Thomas M. (26 de janeiro de 1956). «2D Movie Slated By Brando Group»Subscrição paga é requerida. The New York Times. p. 24. Consultado em 26 de abril de 2024 
  14. Hopper, Hedda (11 de maio de 1956). "Drama: Ford Accepts Role of John Paul Jones". Los Angeles Times. Part II, p. 6 – via Newspapers.com. publicação de acesso livre - leitura gratuita
  15. Schallert, Edwin (24 de julho de 1956). "Drama: Dieterle Will Direct 'John Paul Jones'; Terry, Blythe Returns Unique". Los Angeles Times. Part I, p. 17 – via Newspapers.com.
  16. Pryor, Thomas M. (27 de julho de 1956). «Producers Seek M'Cullers Novel». The New York Times. p. 13. Consultado em 26 de abril de 2024 
  17. Hopper, Hedda (September 11, 1956). "Basehart Given Nod as John Paul Jones". Los Angeles Times. Part 1, p. 26 – via Newspapers.com.
  18. Pryor, Thomas M. (10 de outubro de 1956). «Siegel May Get Loew's Top Post». The New York Times. p. 47. Consultado em 26 de abril de 2024 
  19. a b «Navy Supports Film on John Paul Jones»Subscrição paga é requerida. The New York Times. 19 de dezembro de 1957. p. 37. Consultado em 26 de abril de 2024 
  20. Schallert, Edwin (24 de outubro de 1957). "Fitzgerald Will Star in Britain; John Kerr Will Do Cocteau Play". Los Angeles Times. Part IV, p. 11 – via Newspapers.com.
  21. «Grauman's Closes for Alterations»Subscrição paga é requerida. The New York Times. 13 de fevereiro de 1958. p. 27. Consultado em 26 de abril de 2024 
  22. Pryor, Thomas M. (30 de novembro de 1958). «Hollywood Vista: Three Tennessee Williams Films, Two Biographies of Christ Scheduled § X»Subscrição paga é requerida. The New York Times. p. 7. Consultado em 26 de abril de 2024 
  23. Gersdorfenia, Phil (17 de agosto de 1958). «Film 'Armada' in Spain: 'John Paul Jones' Movie Unit Takes Small Iberian Village by Storm § X». The New York Times. p. 5 
  24. «Passing Picture Scene: Big-Scale Features Slated by Samuel Bronston § X». The New York Times. 15 de junho de 1958. p. 7. Consultado em 26 de abril de 2024 
  25. Crowther, Bosley (17 de junho de 1959). «John Paul Jones' Opens at Rivoli: Robert Stack Starred in Pseudo-Biography License With History Cited in New Film». The New York Times. Consultado em 26 de abril de 2024 
  26. Powers, James (17 de junho de 1959). «Film Reviews: John Paul Jones». Variety. p. 6 – via Internet Archive 
  27. «'John Paul Jones' with Robert Stack, Marisa Pavan and Charles Coburn». Harrison's Reports. 13 de junho de 1959. p. 94 – via Internet Archive 
  28. Hopper, Hedda (21 de julho de 1963). «For Samuel Bronston: Those Hollywood Beatings Pay Off Now § G»Subscrição paga é requerida. Chicago Tribune. p. 27 – via Newspapers.com 
  29. Thompson 2008, p. 162.
  30. Turner, Adrian (19 de janeiro de 1994). «Hollywood's lost tycoon; Obituary: Samuel Bronston». The Guardian 
  31. «Bronston Film Productions Files Bankruptcy Petition». The New York Times. 6 de junho de 1964. p. 15. Consultado em 14 de março de 2023 
  32. «Film Maker Bankrupt § A». The Washington Post. 7 de junho de 1964. p. 3 
  33. «Bronston Productions Seemingly Loses Power In Two Partnerships». Wall Street Journal. 5 de março de 1964. p. 8 
  34. «Four Color #1007 – John Paul Jones». Grand Comics Database. Setembro de 1959. Consultado em 14 de março de 2023 
  35. «Dell Four Color #1007». Comic Book DB (arquivado do original). Setembro de 1959. Consultado em 14 de março de 2023