John William Dunne | |
---|---|
Nascimento | John William Dunne 2 de dezembro de 1875 Curragh Camp |
Morte | 24 de agosto de 1949 (73 anos) Banbury |
Cidadania | Reino Unido |
Progenitores |
|
Cônjuge | Cicely Marion Violet Joan Twisleton-Wykeham-Fiennes |
Filho(a)(s) | Rosemary Dunne, John Dunne |
Ocupação | engenheiro de voo militar, filósofo, militar, engenheiro aeroespacial |
Distinções |
|
John William Dunne (✰ Curragh Camp,[1] 1875; ✝ Banbury, 24 de agosto de 1949) foi um aviador, engenheiro, autor e filósofo irlandês.
Como pioneiro da engenharia aeronáutica nos primeiros anos do século XX, Dunne trabalhou nos primeiros aviões militares, concentrando-se nos aviões sem cauda para conseguir uma estabilidade inerente ao desenho.
No campo da filosofia, ele alcançou proeminência devido às suas teorias sobre a natureza do tempo, que ele descrevia como "serializável".
Terceiro filho do General Sir John Hart Dunne e Julia Elizabeth Dunne, aristocratas irlandêses. O final da vida e da carreira de Dunne transcorreu na Inglaterra.
Desde a infância, ele tinha interesse nas áreas científicas, e inspirado por uma novela Júlio Verne, aos treze anos ele vislumbrou uma máquina voadora sem cauda que não precisava de controles móveis de direção.[2] As suas ideias eram inspiradas pelo "voo" da semente da Zanonia, que planava no ar com o auxílio do vento.[3]
Dunne juntou-se ao regimento voluntário Imperial Yeomanry antes de se tornar tenente no Royal Wiltshire Regiment. Ele lutou na Segunda Guerra dos Bôeres sob o comando do General Roberts mas em 1900 foi declarado inválido para o serviço com febre tifóide.
Chamado novamente para servir em 1902, Dunne foi diagnosticado com problemas no coração, fazendo com que ele fosse afastado da frente de batalha no ano seguinte. O restante de sua carreira no exército seria dedicado em trabalhos voltados à aeronáutica.
Enquanto esteve em licença médica em 1901, Dunne iniciou seus estudos nas ciências de aerodinâmica e de voo mais seriamente, primeiro observando pássaros em voo. Ele estava entre os vários pioneiros que se inspiraram na natureza, em particular, o voo estável da semente de Zanonia. Encorajado entre outros por H.G. Wells, com quem estabeleceu amizade em 1902, ele projetou e construiu pequenos modelos de teste baseados numa configuração sem cauda.[2]
No seu retorno à Inglaterra pela segunda vez, ele retomou seu estudo sobre o voo, e apesar da saúde debilitada, em 1904, ele estava pronto a construir planadores e eventualmente aeronaves motorizadas para demonstrar na prática as suas teorias de controle de voo e estabilidade.
Por solicitação do comandante da sua unidade, o Coronel John Capper, Dunne foi alocado na nova Army Balloon Factory em South Farnborough em junho de 1906. Depois de meses construindo e testando novos modelos, todos ostentando a configuração em forma de ponta de flecha e sem cauda, Dunne construiu um planador tripulado, o Dunne D.1, já com previsão de ser equipado com motores e hélices no futuro.
O D.1 foi construído sob grande segredo, e em julho de 1907, foi enviado por trem à vila de Blair Atholl nas Terras Altas da Escócia para voos de teste. O D.1 fez vários voos curtos planando nas colinas ao Norte da vila. No último voo, Capper voou por oito segundos antes de colidir com um muro e se machucar levemente. O planador experimental demonstrou a estabilidade do desenho que Dunne considerava essencial. O D.1 foi reconstruído e equipado com dois motores girando um único eixo que por sua vez acionava duas hélices. Ele caiu na sua primeira tentativa de voo quando o carrinho de decolagem saiu do curso.
O planador D.2, projetado em 1907, foi um projeto de um veículo de teste de pequena escala proposto para o aeroplano Dunne-Huntington, projetado entre 1907 e 1908 por Dunne para ser construído por Huntington. Esse planador não foi construído, mas o modelo real foi eventualmente construído por Huntington e voou com sucesso entre 1910 e 1911. Ele foi descrito várias vezes como um biplano ou triplano, devido a sua configuração com uma grande asa dupla, com plano frontal em forma de flecha.
O planador tripulado D.3 e o aeroplano motorizado D.4, foram levados para a mesma vila de Blair Atholl em 1908, onde o planador eventualmente voou bem e o D.4 teve sucesso limitado, sendo, segundo palavras de Dunne: "mais um saltador que um voador".[4] Durante essa viagem, Dunne foi novamente acometido de problemas de saúde.
Dunne retornou à fábrica de balões e começou a trabalhar no seu próximo projeto, o D.5. No entanto, em 1909 o War Office cessou todo o apoio oficial para voos de "mais pesados que o ar", e Dunne deixou a fábrica de balões. Ele foi autorizado a ficar com seus aeroplanos. Naquela época, Dunne era também um importante oficial na Aeronautical Society.
Com o suporte financeiro de seus amigos, Dunne criou uma pequena empresa, a Blair Atholl Aeroplane Syndicate, para continuar seus experimentos. Assim como os modelos anteriores, o D.5 era um biplano em forma de "V" e sem cauda com asas bem finas. Uma nacele central abrigava o piloto (e passageiro), assim como um motor na parte traseira que acionava duas hélices por impulsão. As asas em ângulo forneciam estabilidade inerente ao desenho, diminuindo o ângulo de ataque gradualmente do centro para as extremidades. A Short Brothers na Ilha de Sheppey foi contratada para construir a aeronave que também ficou conhecida como Short-Dunne 5. Em 1910 esse modelo foi completado.
Em 20 de dezembro de 1910, no campo de teste da Aeronautical Society em Eastchurch na Ilha de Sheppey, Dunne demonstrou a extraordinária estabilidade do modelo D.5 para uma audiência impressionada que incluiu: Orville Wright e Griffith Brewer. Voando usando apenas o acelerador para subir e descer, ele também podia retirar as duas mãos dos controles para fazer anotações num pedaço de papel.[5] Apesar disso, em 1911, o D.5 caiu e foi seriamente danificado.
A intenção original de Dunne era a de construir um monoplano, mas naquela época, o exército esperava receber biplanos, e Capper instruiu Dunne de acordo. O próximo projeto de Dunne, livre da influência do exército, foi um monoplano, o D.6. Este modelo e seus derivados, o D.7 e o D.7bis, voaram entre 1911 e 1912.
Nesse período, o D.5 já havia sido reconstruído e melhorado, com a designação de Dunne D.8. Um exemplar voou cruzando o Canal da Mancha para a França, e Farnborough avaliou o modelo. A produção foi licenciada para a Nieuport na França e para a Burgess nos Estados Unidos.
Entre 1913 e 1914 ficou claro que havia pouco futuro para os desenhos de Dunne. Apesar de que os princípios de estabilidade inerente foi provado e ganhou aceitação lentamente, as principais características do projeto seguiram evoluindo porém num caminho completamente diferente.
Com a saúde deteriorada, Dunne teve dificuldade de permanecer ativo na aeronáutica. A Blair Atholl Syndicate foi liquidada em 1914, e Dunne passou a se dedicar a outras áreas.
Dunne publicou seu primeiro livro, sobre pesca com mosca, em 1924.
Durante esse período, ele estudava sonhos precognitivos que ele acreditava que ele e outros haviam experimentado. Em 1927, ele havia desenvolvido a teoria do tempo serializável, pela qual ele ficou famoso e publicou vários trabalhos, juntamente com sua pesquisas sobre sonhos no seu próximo livro: "An experiment with time" (em português Um experimento com o Tempo). Trabalhos seguintes, desenvolvendo esse tema incluíram: The Serial Universe (1934), The New Immortality (1938), Nothing Dies (1940) e Intrusions? (publicado postumamente em 1955).
Dunne morreu em 24 de agosto de 1949, com 74 anos de idade,[6] em Banbury, Inglaterra.
Dunne criou alguns dos primeiros aviões práticos com estabilidade inerente e desenho muito característico com asas em flecha e sem cauda: