Joseph Timothy Haydn | |
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Nascimento | 1788 Lisboa |
Morte | 17 de janeiro de 1856 (67–68 anos) Londres |
Sepultamento | Cemitério de Highgate |
Cidadania | Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda |
Ocupação | jornalista, compilador, lexicógrafo, escritor |
Joseph Timothy Haydn (Lisboa, 1788 — Londres, 17 de janeiro de 1856) foi um jornalista, editor, compilador de dicionários e lexicógrafo, que se notabilizou como autor do Dictionary of Dates (1841, com a 19.ª edição em 1889) e do Book of Dignities (1851, com uma 3.ª edição revista em 1894).[1][2][3]
Joseph Timothy Haydn nasceu em Lisboa, filho de Thomas Haydn, um expatriado protestante irlandês. Foi educado em Portugal de onde fugiu em finais de 1807 perante a ameaça da entrada em Lisboa das tropas francesa comandadas por Jean-Andoche Junot.[3]
Desembarcou em Plymouth e terá permanecido em Londres por algum tempo antes de partir para a Irlanda. Colaborou em 1811 como autor fantasma na elaboração, pelo menos parcial, de uma History of the Azores[4] publicada por Thomas Ashe, um auto-denominado «capitão dos Dragões Ligeiros» (captain of the Light Dragoons).[2] Fixou-se em Dublin em 1818, onde fundou a revista The Stage (O Palco), um periódico de crítica teatral dedicado aos teatros de Dublin, que não teve sucesso.[3]
Após se ter gorado a sua revista teatral dedicou-se ao jornalismo político em Dublin, campo em que ganhou rápida nomeada. Fundou e escreveu para The Statesman, The Patriot, Morning Star e, mais tarde, editou o Dublin Evening Mail, posição que lhe deu notabilidade nos círculos políticos irlandeses.[2]
Sob seu controle, o Dublin Evening Mail foi reconhecido por um tempo como o principal jornal protestante em Dublin. A sua postura anticatólica e antigovernamental (anti-Dublin Castle) provou ser muito popular entre as classes dominantes, que sentiam que a sua posição estava ameaçada pelos ideais supostamente liberais do governador (lord-lieutenant) Richard Colley Wellesley, marquês de Wellesley. Em 1824-1825, os seus ataques ao governador, que se tornavam cada vez mais ultrajantes, levaram o procurador-geral a abrir contra ele um processo de abuso da liberdade de imprensa. Em tribunal Joseph Haydn foi defendido pelo advogado e líder católico Daniel O'Connell, conseguindo que o processo fosse arquivado quando o júri não chegou a acordo quanto ao veredito. Apesar dessa vitória, a carreira de Haydn foi agitada e, mais de uma vez, perdeu ações por difamação, que lhe custaram caras indemnizações, e foi alvo de ataques violentos por alguns dos ofendidos pelos seus editoriais inflamados.[2]
Chegou a alegar que num período de 10 dias tivera quatro casos de defesa da honra, entre os quais um com Henry Grattan Jr. e outro com o ajudante de campo do governador, o qual resultou na condenação a ser chicoteado. Esses casos atraíram mais atenção e leitores, mas a natureza difamatória de grande parte de seu jornalismo obrigou a uma série de acordos extrajudiciais que conduziram o jornal à bancarrota. Em 1828, encerrada a publicação do Dublin Evening Mail, Haydn foi empregue como chefe de redação pelo The Patriot, jornal que tinha perdido circulação devido à postura mais liberal assumida após a saída de Haydn anos atrás. Com a entrada de Haydn, o jornal mudou o nome para Statesman and Patriot (Estadista e Patriota) e tornou-se imediatamente anticatólico. Essa solução, no entanto, durou pouco. Haydn mudou-se então para Limerick, onde editou o Limerick Star e o Evening Post e, mais tarde, o Limerick Times. Também escreveu como correspondente para o Cork Bolster's Quarterly, de Cork.[2]
Em 1839 mudou-se para Londres, onde se empregou como repórter do London Courier and Evening Gazette, funções que manteve durante 13 anos. Paralelamente à sua carreira como jornalista, dedicou-se então à edição e à compilação de dicionários. Entre 1842 e 1849, fez a revisão de vários volumes do dicionário topográfico (Topographical Dictionary) de Samuel Lewis e, em 1851, produziu o Book of Dignities, uma forma modernizada do Political Index (Índice Político) de Robert Beatson, que listava os detentores de muitos cargos governamentais e eclesiásticos. Apesar da sua valia, a obra, contudo, omite as listas de titulares de muitos cargos importantes.
A sua atividade como compilador e editor de dicionários levou a que o seu nome fosse usado para designar a Série Haydn de dicionários, que seguem as mesmas linhas daqueles por ele compilados. No entanto, embora tenha sido o seu editor, não parece ter realmente participado na sua compilação. A Série Haydn de dicionários inclui o Universal Index of Biography (Índice Universal de Biografia), editado por James Bertrand Payne em 1870, o Bible Dictionary (Dicionário Bíblico), editado por Charles Boutell em 1871 (com 2.ª edição em 1878), e o Dictionary of Popular Medicine and Hygiene (Dicionário de Medicina Popular e Higiene), editado pelo Dr. Edwin Lankester em 1874 (com 2.ª edição em 1878).
A sua principal obra ao longo desses anos foi o Dictionary of dates (Dicionário de datas), publicado em 1841, que obteve enorme sucesso, atingindo a sua 25.ª edição em 1900. Financiado por Edward Moxon, aquele dicionário era preciso e informativo e tornou-se numa referência inestimável para historiadores e jornalistas.[2]
Apesar do sucesso das suas edições, na década de 1850 Haydn evitou por pouca a prisão por dívidas, resultado de um conjunto de incidentes que prejudicaram a sua carreira e a sua saúde, entre os quais uma queda que lhe causou danos na coluna e um acidente vascular cerebral. A família foi obrigada a mudar-se para um apartamento de um único quarto. Em 1854, conseguiu trabalho no Almirantado na compilação de um resumo e índices de volumes de despachos escritos no século anterior. Contudo, novos problemas de saúde levaram a uma maior incapacitação, o que obrigou a família a recorrer a uma subscrição pública, enquanto a esposa arrecadava dinheiro vendendo artigos de papelaria e administrando uma biblioteca com livros doados por editoras. Por um curto período antes de sua morte, aos 69 anos de idade,[5] por concessão datada de 18 de janeiro de 1856, Haydn passou a receber uma pequena pensão de £25 concedida pelo governo britânico. A pensão foi mantida pela sua viúva.
Ele foi enterrado em campa comum (n.º 7040) no lado oeste do Cemitério de Highgate e seu é o primeiro nome listado no túmulo da família Haydn nas proximidades, onde sua esposa Mary, filhos Henry e Thomas Matthew (que compraram o túmulo), a filha Kate Maria e seu marido sir Frank Green, estão enterrados. O seu genro, sir Frank Green, 1.º baronete de Belsize Park Gardens, foi Lord Mayor de Londres.