Kasa Jizō (笠地蔵 Jizo do Chapéu?) é uma lenda folclórica sobre um casal cuja generosidade é recompensada pelos bodisatva Kṣitigarbha, que são conhecidos como Jizō em japonês. A história é comumente contada pelos pais para seus filhos para ensinar-lhes valores morais, hábito enraizado na doutrina budista. Um título alternativo, Kasako Jizō (笠子地蔵 Criança jizo do chapéu?) pode ser encontrado nas Prefeituras de Iwate e Fukushima. A origem do conto pertence às regiões de Tōhoku e Niigata, com os mais velhos registros vindo de Hokuriku, bem como das áreas do oeste japonês, como as prefeituras de Hiroshima e Kumamoto. A origem precisa, no entanto, permanece desconhecida.
Um dia, em uma região cheia de neve, vivia um empobrecido casal idoso. No Dia do Ano Novo, o casal percebeu que não seria capaz de comprar mochi (um clássico doce japonês feito de arroz, que é comido no ano novo para trazer boa sorte). O senhor idoso decidiu ir até a cidade abaixo da montanha na qual vivia para vender seus kasa (笠 tradicional chapéu asiático com formato cônico), que sua esposa havia feito em casa, mas seus esforços não tiveram sucesso. Devido ao mau clima, o homem desistiu da tarefa e voltou para casa. No meio da jornada, o homem encontra um grupo de estátuas Jizo, às quais ele decidiu dar os chapéus como forma de oferenda, e também para manter suas cabeças livres de neve. Porém, ele tinha kasa para todas as estátuas, menos uma. Para esta, ele deu seu próprio lenço tenugui (手拭い Para secar as mãos?), e após isso foi para casa. Chegando lá, o homem contou o que acontecera para sua esposa, que o parabenizou pelo seu comportamento generoso, sem o criticá-lo por não conseguir comprar o mochi. Naquela noite, enquanto o casal dormia, ouviu-se um som alto de batida do lado de fora da casa. O casal, assustado, abre a porta e encontra uma pilha de tesouros, incluindo arroz, vegetais, moedas de ouro e o próprio mochi. O casal de idosos vê, então, o grupo de Jizo marchar para longe na estrada cheia de neve. Tendo sido recompensado pelo seu altruísmo, o casal foi capaz de celebrar o Ano Novo.
Enquanto o conto tem a moral baseada no espírito budista bodisatva Kṣitigarbha, o caráter recíproco das estátuas é remanescente das entidades Xintoístas conhecidas como toshigami (年神 Espírito do ano novo?). Esses espíritos são conhecidos por trazer boa sorte no Ano Novo e existem em uma variedade de festivais regionais, como o Namahage da prefeitura de Akita e o Toshidon (年貪 Desejos do ano novo?) de Kagoshima. Uma comparação pode ser feita com o marebito (稀人 Pessoa rara?), um ser sobrenatural que vem do mundo espiritual para trazer sabedoria e felicidade. Além disso, a quantidade de jizo totaliza seis (em referência aos Jizo dos seis reinos). Variações da lenda contam que houve somente um jizo, enquanto outras totalizam três, sete, e até vinte estátuas.
Algumas variações da história são:
Há uma versão da história na qual o homem dá tecido ojiyachijimi aos jizo em vez de chapéus. Em outra versão, a esposa do homem faz carretéis de linha para serem vendidos na cidade. No Japão moderno há outra história com outra moral, na qual o homem leva uma estátua para sua casa. Sua esposa fica brava, e arroz começa a sair da estátua. Gananciosa por mais arroz, a mulher bate na estátua, mas o arroz para de sair.
No jogo Super Mario Odyssey, lançado para o Nintendo Switch, Há uma área em Bowser's Kingdom na qual uma linha de cinco jizo podem ser vistos. Todos estão usando kasa, em uma possível referência à lenda. Essa conexão é reforçada pela habilidade de Mario de possuir a estátua jogando seu chapéu.
Também, Kasa Jizo é uma unidade no jogo The Battle Cats, com uma de suas formas mostrando o Jizo sem o chapéu, em referência à atitude do homem de doar seu próprio chapéu.
Nomura, Junichi (1987). 『昔話・伝説小事典』(Mukashibanashi, Densetsu Kojiten). [S.l.]: Mizuumi Shobō. p. 74. ISBN 4-8380-3108-4 Junichi (1987)