O Llibre dels àngels (Livro dos Anjos) é uma obra literária escrita por Francesc Eiximenis no ano 1392 em Valência em catalão e dedicada a Pere d’Artés. Êle era o maestre racional da Coroa de Aragão, o encarregado das finanças, e muito amigo de Eiximenis. O livro consta de duzentos um capítulos e está dividido em cinco tratados.
Este livro é um autêntico tratado de angelologia, com muitas reflexões políticas. Foi talvez o livro de Eiximenis que mais sucesso tive, pois foi traduzido ao latim (é a única obra de Eiximenis traduzida nesta língua), ao espanhol, ao francês, e inclusive ao flamengo (possívelmente foi o único livro catalão medieval traduzido a este idioma).
Uma das edições incunábulas francesas, por outro lado, foi o primeiro livro impresso na cidade suíça de Genebra.[1] Poderíamos afirmar, em fim, que desta matéria deveria de haver tratado Eiximenis no livro Huitè (volume oitavo) do seu projeto enciclopédico Lo Crestià, onde devia de haver falado da ordem e hierarquia das criaturas. Ele considera aos anjos como um destes estamentos, seguindo a mentalidade teológica medieval, refletida nos famosos Quattuor libri sententiarum [Quatro livros das sentências] de Pedro Lombardo. O seu segundo livro fala dos anjos. Eiximenis corrobora isto no capítulo 43 do Segon del Crestià (Segundo volume de Lo Crestià).[2]
Sem exagerar, podemos dizer que este livro influiu de manera decisiva na extensão do culto e da devoção dos anjos na cidade de Valência e do Reino de Valência. Coincide significativamente a data da composição do Llibre dels àngels (1392) com um acordo do 9 de agosto de 1392 do Consell General de València (Conselho Geral de Valência, órgão de governo municipal) para decorar a Sala del Consell (Sala do Conselho) com diversas figuras, entre elas a do anjo custódio. Este culto e devoção prosperaram assim mesmo e estendéram-se nos anos posteriores, como o demostra o comporse em 1411 um ofício religioso próprio do anjo custódio de Valência, recolhido por algumos breviários daquela época. Também que em 1446 começou a celebrar-se na catedral de Valência a festa anual do anjo custódio, que estava sujeta a determinados ritos.[3]