Língua chimané

Chimané

tsinsi' mik / khaei’si’ mik

Outros nomes:Tsimane, Tsimané e Chimane
Falado(a) em:  Bolívia
Região: San Borja e Rio Maniqui
Total de falantes: 4000 - 8000
Família: Línguas Mosetenas
 Chimané
Escrita: Alfabeto latino (Variante chimané)
Estatuto oficial
Língua oficial de:  Bolívia
Regulado por: Artigo 5° da Constituição Política do Estado
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: cas
Mapa Político com representações coloridas contendo a localização dos Povos Originários da Bolívia. A Família Mosetena está destacada na cor rosa claro a Noroeste do país.

A língua chimané (tsinsi' mik ou khaei'si' mik),[1] também conhecida como tsimane, tsimané ou chimane,[2] é uma das línguas oficiais do Estado Plurinacional da Bolívia e faz parte da pequena Família Linguística Mosetena,[3] a qual conecta, além do chimané, o mosetén e seus dois dialetos: mosetén de Santa Ana e mosetén de Covendo.[3][4] O chimané é falado pelo povo chimané (ou tsimane'), o qual habita, majoritariamente, a região da Cidade de San Borja, localizada no Departamento de Beni, e intermediação do Rio Maniqui, próximo à cidade.[5][6] O tsimané é uma das poucas línguas originárias da Bolívia cujo número de falantes, atualmente de 4 a 8 mil nativos,[7][8][9] está em índice de crescimento,[7] fruto de uma cultura monolinguísta entre o povo chimané.[4][10] Apesar disso, ainda é classificada como "Vulnerável" pela UNESCO,[11] realidade adversa em relação às outras línguas da família mosetena, classificadas como "Severamente em Risco".[9]

As construções tsinsi' mik e khaei'si' mik, endônimos da língua chimané para se referir à própria língua, traduzidos, respectivamente, como 'nossa língua' e 'língua de um só' em português.[1] A partícula tsinsi', em chimané, funciona como pronome possessivo 'nosso/nossa',[12] assim como a partícula khaei', a qual pode ser um pronome possessivo[13] que, unido ao sufixo pronominal feminino -si',[14] atribui a posse do substantivo mik, o qual apresenta significado de língua, idioma ou fala.[15][16]

As diversas maneiras de se referir à língua chimané, sendo eles tsimane, tsimané e chimané, advêm de uma mesma explicação histórica: representar a forma com que os falantes e povo são reconhecidos. A introdução do termo 'chimané' ocorreu, de forma documental, durante as Missões Jesuíticas na América no ano de 1621, fato marcante na história tsimané. O missionário franciscano Gregório de Bolívar se referiu aos falantes como indígenas 'chumanos' [17] e, a partir dessa documentação, a nomenclatura foi se alterando nos demais registros até concretizar-se no modo com que nos referenciamos atualmente. Já o termo 'tsimane' tem uma relação direta com o endônimo, sendo ele uma forma ocidentalizada de representar o modo originário de se referir à língua com base nas formas alternativas tsinsisi ou tsinsis.[1]

Distribuição

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Família chimané no Rio Maniqui ao Noroeste da Bolívia

Distribuição geográfica

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Os falantes chimanés, compostos predominantemente por nativos, se concentram na região plana do Departamento de Beni, permeando a cidade de San Borja e rios próximos, como o Rio Beni e Maniqui, vivendo em comunidades nas áreas de reserva e terras comunitárias indígenas, a exemplo da Comunidade de Associação de Quiquibey[18] e Pilón Lajas, reserva ecológica e corredor ecológico localizada no departamento de La Paz.[19] Existem, além dos nativos de San Borja, falantes presentes nos municípios de San Ignacio de Moxos, Rurrenabaque e Santa Ana de Yacuma, todos no Departamento de Beni.[18] A concentração geográfica, diferente das demais línguas mosetenas, é resultado da vegetação local, a qual, por ser uma planície pantanosa, gerou dificuldade para a chegada de Missões Jesuítas na região e a possível evasão espacial.[20]

Dialetos e línguas relacionadas

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O chimané, por muito tempo, foi considerado um dialeto da língua mosetén, junto do mosetén de Santa Ana e mosetén de Covendo, por apresentar uma próxima similaridade fonética e vocabular, apenas se distanciando no campo gramatical.[4] Entretanto, atualmente pode-se considerar o chimané e mosetén como duas línguas distintas de uma mesma família linguística,[21] composta por dois principais dialetos, tornando o chimané uma língua sem variações, mas com uma inteligibilidade ao comparar-se com suas línguas relacionadas, principalmente com o mosetén de Santa Ana.[21]

O ponto-chave para a classificação do chimané como uma língua própria foi, além dos estudos linguísticos, o parâmetro antropológico e histórico. Os chimanés e moseténs se consideram, por razões religiosas e culturais, povos distintos que não disfrutam da mesma língua, mas, da mesma forma, ambos reconhecem a similaridade antiga existente e se chamam de chaetidye' (em português, 'pessoas emparentadas').[21]

Ao se tratar da família mosetena, o consenso a classifica como americana, mas isolada das demais famílias latinas pela sua singularidade gramatical.[22] Porém, no decorrer da história, alguns linguistas e historiadores já tentaram sugerir alternativas de famílias para associar ás línguas mosetenas.[1] Cronologicamente, o Swadesh (1960) associou a família mosetena ao Macro-Quechua, mas, posteriormente (1963), configurou-a à família Mosetén-Chonan, afirmando que exista cerca de 34% do léxico de ambas famílias compartilhados.[23][24] Suárez (1973) considerou válida, mas superficial, a relação com o Chon, associando o Yuracare ao Chon e mosetén, mas a agrupou, sobretudo, com as línguas Paco-Tacananas a partir de uma lista de possíveis cognatos que compartilham.[22] Em 1977, Suárez atualizou o agrupamento moseteno e identificou uma possível relação com o Uru (Uchumataqu, língua perdida do povo Uru) e Amuesha (ou Yanesha') advinda de uma lista de palavras presentes nas línguas.[22] Já na raiz genética, o povo chimané tem ligação direta com os quíchuas pelo DNA Mitocondrial. No entanto, apesar de não serem línguas diretamente agrupadas, classificações gramaticais chimanés, como a primeira pessoa do plural, receberam provável influência quíchua.[22]

Tabela comparativa

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O chimané e mosetén, apesar de serem línguas estreitas na família mosetena, apresentam, dentre as características linguísticas, divergências gramaticais, fonéticas, vocabulares e ortográficas.[4]

Comparativo vocabular[25][nota 1]
Mosetén Chimané
Língua nem nem
Dente moñin modyin
Mão unya'
Água oxñi ojñi'
Fogo tsi tśij
Lua ivua ivaj
Casa aka aca'
Mulher pen ṕen
Jaguar itsiki ítsiquí
Milho tára tára
Um irit yiri'
Dois pára pärä
Três chibin chibin
Criança chimané utilizando máscara numa dança cultural

A língua chimané, ao decorrer do tempo, pouco sofreu alterações, seja pela falta de dialetos, seja pela de empréstimos linguísticos de colonizadores ou tribos vizinhas.[20] Essa realidade reflete a característica territorial e cultural do povo tsimané, de tal forma que, por localizarem-se num ambiente plano, pantanoso e isolado, poucas Missões Jesuítas puderam se instalar concretamente na área de habitação chimané.[20] Fato que, aliado às origens guerrilheiras, religiosas e isolada, propiciou uma menor corrente variante da língua e povo.[20] Questões totalmente divergentes quanto a língua mosetén, que, por estarem localizadas predominantemente nas terras altas bolivianas, receberam forte influência do espanhol por quase 200 anos e de línguas vizinhas na formação linguística moderna.[20]

Apenas em 1693, mais especificamente no dia 10 de Outubro, com a fundação da Missão de San Borja pelos jesuítas Francisco de Borja e Ignacio Sotomayor, os chimanés puderam ter desenvolvido um contato com a língua europeia e vizinhas, já que, nessa missão, os jesuítas incluíram na mesma região moseténs, tsimanés, moxos e até movimas.[26] Após o fim da missão os demais povos se distribuíram pelas terras bolivianas e os chimanés permaneceram, circundando as terras de San Borja até os dias de hoje, sendo reconhecidos, especialmente, pelas suas túnicas de algodão brancas.[6]

História da documentação

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O primeiro registro sobre o povo chimané é datado de 1621 pelo franciscano Gregório de Bolívar, o qual referiu-se a eles como índigenas 'chumanos'.[17] Devido ao demorado processo de distinção do mosetén e chimané, a grande parte dos materiais linguísticos chimanés apenas irão aparecer, após um salto temporal de quase 360 anos, em 1978 pelo alemão Jurgen Riester, o qual registrou canções e histórias na língua.[27] No início dos anos 80, Wayne Gill, protestante norte americano, participou da Missão Evangélica Novas Tribos, organização voltada para o contato com línguas e povos que não disfrutam de uma tradução da bíblia, mantendo contato, prestando suporte e conhecendo a língua nativa.[27] Gill aprendeu o chimané, traduziu o Novo Testamento e partes do Antigo e desenvolveu uma proposta de sistema de escrita para a língua, a qual foi aceita pela comunidade tsimané.[27] Além do sistema de escrita, Gill produziu um dicionário chimané-Espanhol, um chimané-Inglês, que, em 1999, apreciava mais de 5000 palavras, e um manuscrito "Teach-yourself-chimané" para auxiliar os demais missionários na região, contendo informações gramaticais, frases triviais e religiosas.[27][4] De 1987 até 1994, com o auxílio de Perez Dies entre 1989 e 1990, a argentina Eusebia H. Martin desenvolveu algumas notas linguísticas sobre o chimané.[28]

As documentações mais recentes se baseiam em dois autores: Gran Consejo Tsimane' e Jeanette Sakel. O conselho chimané produz, desde de 1999, livretos culturais e linguísticos acerca do chimané, tornando os materiais atualizados e vivos, seja em ambiente virtual, seja em físico.[28][22] Jeanette Sakel, linguista britânica, produz, desde 2003, a partir de sua tese de doutorado, materiais gramáticos e históricos torneando a língua chimané, como de exemplo o livro "A Grammar of Mosetén", o qual destrincha parte da cultura, gramática, fonologia e ortografia da família mosetena.[29]

No geral, o campo de pesquisa do chimané se baseia em dois grupos de fonte primária, sendo eles de exploradores e viajantes, os quais passaram pela região e registraram listas de palavras, textos e materiais relacionados, e missionários, os quais conviveram com o povo e traduziram termos e produziram materiais gramaticais descritivos.[17]

História do ensino da língua

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Máscara chimané utilizada para representar Opo, espírito das matas e florestas. Esculpida em pau balsa e tingida nas cores preto e violeta

A língua chimané, sendo uma das poucas línguas originárias com um índice de crescimento no número de falantes,[7] apresenta práticas que preservam, tanto a cultura quanto o ensinamento da língua para as futuras gerações. O estudo educacional do chimané iniciou-se, formalmente, a partir da introdução do sistema de escrita proposto por Gill em 1988, em escolas destinadas ao ensino integral da língua chimané às demais gerações.[30] A conduta aplicada às escolas é responsável pela maior adoção do monolinguísmo,[30] além dos idosos, pela população jovem que, devido ao maior contato do povo tsimané com turistas, agentes governamentais e cidadãos externos, tem sido influenciada também pelo castelhano.[30] A realidade chimané atual compreende mais de 30 escolas,[20] geridas pelo Gran Consejo Tsimane' e pela Missão Evangélica Novas Tribos,[30] dedicadas ao o ensino da língua para a comunidade local, além de materiais informativos produzidos pelo conselho tsimané, organização composta por membros nativos chimanés para a produção educacional e cultural do povo, a exemplo do livreto "Aprenda Tsimane'", disponível virtualmente.[28]

Além da questão escolar, as questões culturais também proporcionam o uso ativo da língua no dia-a-dia e estão marcadas na vivência chimané. Um exemplo aplicado da cultural tradicional chimané é a utilização de máscaras esculpidas em madeira, normalmente de balsa ou cedro e pintadas de preto (carvão vegetal) e violeta, nas cerimônias e festejos.[31] As máscaras representam, em sua maioria, o espírito das matas e florestas, Opo, mas podem representar igualmente diversos animais, como onça, porco do mato e diversas aves com a utilização de dentes dos animais incrustados nas máscaras em destaque e o significado especial atribuído pela cultura às orelhas presentes no sentido de ouvi-las.[31] A utilização das máscaras acontece após uma boa caçada numa cerimônia marcada por dança e encenação, assim como pode ser utilizada pelos chimanés mais velhos de modo espiritual e privado.[31] As pinturas são, além do uso nas máscaras, presentes em outras situações do cotidiano chimané, como em canoas, vestuário, bonecas e na arte rupestre.[32]

A fonologia do chimané é composta por 6 pares fonéticos vocálicos e 24 fonemas consonantais sem apresentar tons. A construção de esquemas consonantais e vocálicos, assim como na estrutura silábica, se assemelha com as línguas latinas, a exemplo do uso de bases mínimas para a inclusão vocálica e a estrutura de sílabas (C)V(C).[33]

Os inventário de fonemas consonantais chimané não apresenta variações. Sendo os fonemas p, t, tʲ (escrito como ty), k (escrito como c ou qu), pʰ (escrito como ṕ), kʰ (escrito como ć ou q́u), b, d, dʲ (escrito como dy), f, s, ʃ (escritos como sh), x (escrito como j), h (escrito como j), ts, tʃ (escritos como ćh), tsʰ (escrito como tś), tʃʰ (escrito como ch), m, n (escrito como n ou n'), ɲ (escrito como ñ), r e as aproximantes ʋ (escrita como v) e j (escrita como y). Além dessas, outras duas consoantes l e g existem, mas apenas em casos de empréstimos linguísticos e nomes do espanhol, logo, não fazem parte do inventário chimané.[34]

Fonemas consonantais - IPA[34]
  Bilabial / Labiodental Dental-alveolar Palatal Velar Glotal
Oclusiva Desvozeada p t, k ʔ
Desvozeada aspirada
Vozeada b d,
Fricativa f s ʃ x h
Africada ts
Africada aspirada tsʰ tʃʰ
Nasal m n ɲ
Vibrante r
Aproximante ʋ j

Características especiais são a palatalização e aspiração, presentes nos exemplos[34]:

Todas as consoantes podem aparecer no início e fim de sílabas.[35]

Oclusiva glotal

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É um fenômeno à parte dos demais pois, além de fazer parte da estrutura silábica chimané, aparece apenas no final das sílabas.[36]

  • [jiʔ] 'ela diz'
  • [ji] 'ele diz'

A oclusiva glotal /ʔ/ poderá aparecerá fora do final silábico apenas caso esteja acompanhada das consoantes nasais /m/, /n/ ou da vibrante /r/.[36]

  • [kʰinʔdʲemʔ] 'finalmente'

A plosiva /d/ tem uma aparição rara na construção silábica chimané, visto que apenas ocorre acompanhado das vogais /ɘ/ ou /ɘ̃/ que estão seguidas das consoantes /r/, /x/, /ʔ/ ou numa sílaba (C)V.[37]

  • [dɘr] 'bebê'
  • [am] 'pequeno'
  • [ham] 'não'
  • [boɲiʔ] 'ela toca a flauta'
  • [soɲiʔ] 'homem'

As fricativas apresentam apenas um caso especial formado pelo fonema /h/, constituído pela fricativa velar [x] e uvular [h]. De forma que apareça [h] apenas em casos de início de sílaba e [x] em casos de final de sílaba.[38]

  • [hoɲiʔ] 'palma'
  • [soɲiʔ] 'homem'
  • [mix] 'rocha'
  • [mi] 'você'

As vogais chimanés são separadas em pares, sendo, ao todo, 6 pares vocálicos, cada um dividido entre as vogais orais e nasais.[39]

Fonemas vocálicos - IPA[39]
Anterior Central Posterior
Fechada i / ĩ ɨ / ɨ̃
Semifechada e / o / õ
Média ə / ə̃
Aberta a / ã
Gráfico dos fonemas presentes na lingua chimané seguindo o modelo IPA Chart

O chimané tem 6 vogáis orais, sendo elas i (com o alófono ɪ), e, a, ə, ɨ, o (com os alófonos u / ɔ), além das 6 vogais nasais ã, õ, ə̃, ɨ̃, ĩ, ẽ. Todas podem ser geralmente vistas em todos os tipos de sistemas silábicos V, (C)V, V(C) e (C)V(C) (C = consoante / V = vogal) como também com seus contrastes fonéticos.[40]

/i/ é uma vogal com dois alófonos, [i] e [ɪ]. Ambas aparecem nas construções fonéticas, mas com uma diferença de comprimento vocálico. Na forma básica [i] e [ɪ] existem, mas na forma longa, apenas existe [ii]. O uso de [ɪ] é, de certa forma, incomum pela sua aparição apenas precedendo fricativas ou africadas.[41]

  • [ɪx-] 'tomar um banho'
  • [tipih] 'pedaço'
  • [təpəh] 'pequeno pedaço'
  • [jime-] 'cantar algo'
  • [jəme-] 'gostar de algo'

/ĩ/ é uma variação nasal separada do fonema /i/. O fonema, assim como /i/, apresenta variação de comprimento similar. Sendo na forma longa /ĩĩ/ e na forma básica /ĩ/, não existindo o alófono [ɪ̃] na forma básica.[42]

  • [ãʋãʔ] 'criança'
  • [ĩʋĩʔ] 'pequena criança'
  • [tʃɪjete] 'alguém conhece ele'

/o/ é uma vogal com três alófonos, [o], [u] e [ɔ]. Na maioria dos casos, o uso será composto pelo alófono [o]. O [u] será utilizado em alguns casos específicos, como em 'na montanha' [ruktʃeʔ]. Já o [ɔ] será composto apenas quando /o/ for acompanhado de uma fricativa na mesma sílaba.[43]

  • [jɔʃropai] 'obrigado'
  • [poroma] 'há tempos'
  • [pərəʔ] 'dois'

/õ/ é uma variação nasal separada do fonema /o/. Apresenta, inclusive, os mesmos alófonos, mas na forma nasal [õ], [ũ] e [ɔ̃]. Assim como na forma oral, o [ũ] será raro de se encontrar nos esquemas vocabulares. O [ɔ̃] também sofrerá as mesmas configurações de sua forma oral, mas apenas se a sílaba consonantal final for fricativa.[44]

  • [mõʔ] 'ela'
  • [miʔ] 'ele'
  • [ɔ̃xɲĩʔ] 'água'

/ɨ/ é uma vogal central fechada oral não arredondada presente apenas no chimané e mosetén de Santa Ana, substituindo os fonemas /i/ e /ə/, assim como sua forma nasal /ɨ̃/.[45]

  • [tʃʰɨti tsɨn] 'nós brigamos'

Existem ditongos na fonologia chimané e são utilizadas as semivogais/aproximantes /j/ e /ʋ/ em coda silábica. Podendo associar-se a todos os pares vocálicos tanto na forma oral quanto nasal. Não existe outra forma de ditongo sem utilizar as aproximantes.[46]

  • [aj] [tʃʰajʔ] 'ir abaixo'
  • [ãj] [tʃʰãjʔ] 'vomitar'

Fenômenos Fonológicos

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A estrutura silábica padrão do chimané é composta pela sequência (C)V(C)(ʔ), ou seja, vogal seguida ou precedida por consoantes com uma glotal final. A estrutura pode ser alterada pela ação de dois fenômenos: a assimilação vocálica e a harmonia nasal.[47]

Assimilação vocálica

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A assimilação vocálica é um processo que, pela escolha de sufixos, altera as vogais presentes nas construções verbais. A assimilação acontece, principalmente, em verbos com marcas verbais inflexíveis, como as marcas -ti- (nós em forma de sujeito) e -sin' (nós em forma de objeto). As marcas -ti- e -sin' transformam as vogais presentes em /i/. Nem todas as marcas tem função de assimilação vocálica, como -te (objeto indefinido).[47]

  • jebe-te - 'ele o come'
  • jibi-ti-' - 'nós o comemos'
  • mä-te - 'ele o frita'
  • mi-ti - 'nós o fritamos'

Existe, no entanto, um caso especial para a assimilação vocálica. Caso o verbo contenha a vogal /i/ em sua formação, a vogal será substituida por /ä/ como prioridade.[47]

  • yajqui-te - 'alguém o deixou lá'
  • yajcä-ti - 'nós o deixamos lá'

Existem marcas além das direcionadas à 1° Pessoa do Plural, como as direcionadas para a 1° e 2° Pessoa do Singular -ti' e -n, que significam, respectivamente, 'você atua em mim' e 'alguém atua em mim, você e nós'. Porém, são menos aplicadas no dia-a-dia chimané.[47]

Harmonia nasal

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A harmonia nasal é um processo que ocorre na presença de uma vogal nasal na formação das palavras, alterando a cadência dos demais sufixos ou prefixos adicionados à palavra central. De forma que, caso uma palavra seja ou esteja composta por vogais nasais, todos os demais afixos adicionados deverão corresponder ao formato.[47]

  • jätyï-' - relaxar
  • -ji' - prefixo causativo
  • jį’-jätyį - 'fazer um/alguém relaxar'

Além da palavra ser composta por vogais nasais, existem, na harmonia nasal, consoantes nos afixos com função bloqueadora. Sendo elas /t/, /ty/, /c/, /qu/, /ć/, /q́u/, /b/ e /dy/, de forma que barrem a regra e a cadência não seja assimilada pelos afixos.[48]

  • -bin - de novo (reflexivo)
  • jį’-jätyį-bin 'fazer um/alguém relaxar de novo'

A harmonia nasal e a assimilação vocálica, por vezes, podem acabar chocando-se na construção de verbos e palavras. Na ocorrência do caso, a assimilação vocálica é admitida como prioridade e transforma as vogais nasais em orais além da transformação da primeira vogal em /i/.[49]

  • ćǫjkä-te - 'alguém o cuida'
  • q́uijka-sin’ - 'alguém nos cuida'

A tonicidade e acentuação das palavras chimanés é feita e considerada de uma forma bastante simples. O uso do acento agudo, pontuando a tonicidade das sílabas, é utilizado, geralmente, na primeira sílaba das palavras e, caso sejam uma palavra extensa, aplicada também na terceira sílaba.[50]

  • tyáṕ-ye-té - 'alguém pega ele'
  • tyáṕ-ye-tyé-te - 'alguém pega algo dele'

Existem uma variação quanto ao uso de prefixo nos verbos e nomes, o qual pontuará a primeira sílaba após o sufixo.[50]

  • ji’-ćháeyiti - 'estudar'
  • ćhi-míya’ - 'no mesmo lugar'

Além do uso padronizado da primeira e terceira sílaba, algumas palavras chimanés apresentam um padrão próprio, podendo pontuar sílabas divergentes do costume.[51]

  • caríj - 'duro, difícil'
  • yoshropái - 'obrigado'

E, por fim, ao utilizar sufixos nas palavras, é preservado o padrão de pontuação ou da palavra pré-sufixo.[52]

  • fárdj-yi-ti - 'nós deixamos ele'

História da ortografia

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Em toda a história chimané, foram propostos, por Wayne Gill e Colette Grinevald, dois sistemas de escrita para o povo tsimané. Cronologicamente, Gill desenvolveu, no início dos anos 80, um sistema de escrita baseado na ortografia espanhola para o povo chimané, mas adaptado pelo chimané para conter sons que não existem no espanhol, como as vogais nasais e consoantes aspiradas e palatalizadas.[53] A recepção desse sistema de escrita foi deferido pela comunidade chimané e, até os dias de hoje, é adotado nas escolas chimanés.[54]

O sistema de escrita desenvolvido pela linguista francesa Colette Grinevald, em 1996, como parte de um projeto da linguista para, após o estudo das línguas da região, incluindo o chimané e mosetén, produzir um alfabeto comum a todas as línguas bolivianas das terras baixas.[54] Grinevald optou por não adaptar o alfabeto espanhol no desenvolvimento de seu sistema de escrita e, após concluir seu projeto, propôs um alfabeto único para a família mosetena. Os moseténs, juntamente com os falantes dos dialetos de mosetén de Santa Ana e Covendo, optaram pelo alfabeto de Grinevald, enquanto os chimanés optaram pelo sistema de Gill por já terem jovens alfabetizados nesse alfabeto à época e não se sentirem representados pela unificação proposta por Grinevald.[54][55]

O alfabeto chimané é composto por 40 letras, sendo 29 consoantes e 6 pares vocálicos, ou 12 vogais. As vogais e consoantes que não estão presentes no espanhol, vogais nasais e consoantes aspiradas/palatilizadas, são marcadas com diacríticos. Os fonemas vocálicos /ɨ/ e /ɘ/, assim como suas formas nasais, estão representados, respectivamente, pelas letras /u/ e /ä/. Não são indicadas acentuações no alfabeto de Gill, apenas nas composições de palavras (ou morfemas) e distinção de ambiguidade.[56]

Alfabeto consonantal [56][nota 2]
Letra Fonema Aproximação no Português
p /p/ Peixe
t /t/ Montanha
ty /tʲ/ Grátis
c / qu /k/ Cor
' /ʔ/ Oh-oh (comprimento silábico)
/pʰ/ Pack (em inglês)
ć / q́u /kʰ/ Kiss (em inglês)
b /b/ Banco
d /d/ Dar
dy /dʲ/ dio
f /f/ Feira
s /s/ Sabiá
sh /ʃ/ Cacho
j /x/ Arrasto
j /h/ Carro
ts /ts/ Participação
ćh /tʃ/ Presente
/tsʰ/ Democratizar (pronúncia cortando o /i/)
ch /tʃʰ/ Sem correspondência
m / m' /m/ Molengo
n / n' /n/ Norte
ñ /ɲ/ Manhã
r /r/ Buraco
v /ʋ/ Verdade
y /j/ Raio
Alfabeto vocálico [47]
Letra Fonema Aproximação no Português
i /i/ Hiato
į /ĩ/ Indígena
e /e/ Mesa
ę /ẽ/ Venha
a /a/ Casa
ą /ã/ Encantamento
ä /ə/ Duh (interjeição)
ą̈ /ə̃/ Hangar
u /ɨ/ Alaúde
ų /ɨ̃/ Round (em inglês)
o /o/ Dois
ǫ /õ/ Dispõe

A gramática chimané é composta por alguns empréstimos do espanhol e outras línguas na sua composição. As classes gramaticais chimanés são definidas e diretas e tem o uso de clíticos, reduplicação e afixos como características predominantes.[57][56]

O chimané apresenta pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos, reflexivos e recíprocos em seu sistema morfológico. Apresentando morfemas expressivos delimitando sentido e o recorrente processo de termos cliticizados em todas as classificações de pronomes.[58]

Pronomes pessoais

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O chimané apresenta 8 pronomes pessoais, sendo eles 4 singulares e 4 plurais subdivididos em três pessoas, característica similar ao português.[59]

Pronomes pessoais [59][nota 3]
Chimané Português
1° Pessoa SG yu eu
2° Pessoa SG mi tu / você
3° Pessoa SG (M) mu' ele
3° Pessoa SG (F) mo' ela
1° Pessoa PL tsun nós
2° Pessoa PL mi'in vós / vocês
3° Pessoa PL (M) mu'in eles
3° Pessoa PL (F) mo'in elas

Os pronomes pessoais podem ser utilizados também para classificar verbos na forma de sufixo. É utilizado um único pronome, seja da 1° ou 2° pessoa, nos verbos normalmente, mesmo como sujeito ou objeto da sentença.[59]

  • bä’-i-tsun ǫi-chę aca'- 'costumávamos viver nesta casa'

Pronomes demonstrativos

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O chimané apresenta dois pronomes demonstrativos, um para cada gênero, utilizados sozinhos ou acompanhados a algum termo adverbial normalmente de forma prefixal.[59]

Pronomes demonstrativos [59]
Chimané Português
Feminino ǫi esta
Masculino uts este

A utilização pode ser direta ou acompanhada.[59]

  • bä’-i-tsun ǫi-chę aca' - 'costumávamos viver nesta(em + esta) casa'
  • uts múdyin - 'este dente'

Pronomes possessivos

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A morfologia chimané não apresenta pronomes possessivos enquanto partículas específicas, mas utilizam os pronomes pessoais vinculando substantivos e marcadores expressivos à semântica de posse.[59]

O uso dos marcadores sufixais de gênero se dividem em dois casos. A primeira é válida para o uso nos pronomes pessoais que terminem em vogal, yu e mi, sendo eles -ty (masculino) e -s (feminino). O segundo caso é válido para os pronomes pessoais que não terminam com vogal, sendo eles -tyi (masculino) e -si (feminino). Ambos marcadores podem preceder a classificação de um substantivo que apareça posteriormente além da função de qualificar o pronome.[59]{{HarvRef|Gill|1999|p=2}

  • yu-si ném - 'minha(eu + marcador de gênero feminino) língua'
  • ṕeyacdye’-tsun - 'nosso(s) relato(s) antigo(s)'

Pronomes interrogativos

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Os pronomes interrogativos chimané são baseados em uma única partícula: ju(n') - 'como'. As diferentes formas de se utilizar o pronome interrogativo são associando à partícula ju(n') de modo direto ou indireto aos demais termos ou clíticos existentes na gramática chimané, com exceção das partículas tyi/si - 'quem' e a jedye - 'o que'.[60]

Exemplos de pronomes interrogativos diretos [60]
Chimané Português
Plural (M) jun'tyi quantos
Plural (F) jun'si quantas
Singular jun'chę quanto
Singular jun'qui qual o tamanho / quanto
Plural Inclusivo jun'tom quantos
Singular (M) ju'ñity qual
Singular (F) ju'ñis qual
Exemplos de pronomes interrogativos indiretos[60]
Chimané Português
jun'ją vejamos se
jun'acbą como poderia ser / como pode

Os pronomes interrogativos são indicados preferencialmente no início das sentenças assim como nas demais línguas latinas.

Pronomes indefinidos

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A gramática chimané apresenta os pronomes indefinidos como uma única partícula, o ćuį'. A partícula indefinida aparece normalmente no final de termos nominais para formas pronomes indefinidos.[60]

  • ju'nis ćuį' - 'qualquer coisa' (F)
  • ju'ñity ćuį' - 'qualquer coisa' (M)

Pronomes negativos

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Os pronomes negativos são adicionados precedendo os elementos pronominais de forma excepcional. A gramática chimané apresenta um único elemento pronominal, o jam.[60]

  • jam jun' - 'nada'
  • jam jetye - 'nada'

Pronomes reflexivos

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Os pronomes reflexivos chimanés são divididos em duas vertentes: -ti (singular e plural) / -tića' (1° pessoa do plural) e ćuį'. Os elementos reflexivos são adicionados para dar ênfase em frases além da função semântica.[61][60]

  • ćuį-si ném - 'minha/sua/nossa própria língua'
  • Sobaqui' mo' mochti' - 'ela viajou muito longe' (intensificação de moch - 'longe')
  • Sobaca' tsun, mochtića' tsun - 'nós viajamos muito longe' (intensificação de moch - 'longe')
  • mo' nash tątsjiti' unya' - 'ela se cortou na mão'

Pronomes recíprocos

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Os pronomes recíprocos chimanés têm como suas duas partículas pronominais o -ti (singular e plural) e o -tića' (1° pessoa do plural). São inseridos normalmente ao final dos elementos para construção de sentido.[61]

  • jam ma'je' ñibe'jiti in - 'eles não ajudam, nos ajude' (eu e você)
  • jam ra' jun'tica' ćui' fáquitića' - 'não vamos fazer para a gente, chatei-se da gente'

Os substantivos no chimané são utilizados nas sentenças nominais como núcleo da frase. O substantivo pode aparecer usualmente em sua forma padrão ou adicionado por marcadores como sufixos e prefixos que alteram as propriedades daquele substantivo. Os marcadores podem ser de gênero, número, posse, nominalização e grau.[62]

Marcadores de gênero

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Os marcadores de gênero no campo de substantivos funcionam como acessórios ao substantivo em forma de prefixo, anexados ao substantivo, pronomes, verbos e advérbios precedidos. Os principais marcadores são o -tyi' e -si, sendo eles o marcador masculino e feminino respectivamente.[63]

Podem ser utilizados pronomes possessivos em verbos precedidos para marcar o gênero do substantivo antecipadamente. O chimané apresentava gênero misto antes do contato com o espanhol e ter recebido empréstimos linguísticos, o qual é utilizado até hoje como o pronome pessoal feminino mo'in - 'elas'. A única exceção presente no chimané para a marcação de gênero está presente nas palavras soñi - 'homem' e ṕen - 'mulher'.[63][64]

  • mo'ya - 'lá está' (pronome pessoal feminino anexado ao verbo)
  • mu'ya - 'lá está' (pronome pessoa masculino anexado ao verbo)
  • nanasi' - 'garota'
  • nanatyi' - 'garoto'

Marcadores de número

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Os marcadores de número existentes no chimané podem ser admitidos de três formas diferentes para distinguir o plural do singular. A primeira forma de distinção é feita através do clítico -in, adicionado ao final dos substantivos para atribuir sentido plural.[65]

  • aca'-in - 'casas'
  • son-in - 'troncos'

A segunda maneira de atribuir o plural a um substantivo ocorre através de um processo de reduplicação nominal, ou seja, o anexo do mesmo substantivo em forma de clítico. A reduplicação causa um efeito concreto de pluralidade ao substantivo analisado na construção frasal.[64]

  • jedye'-jedye' - 'coisa-coisa' ou 'várias coisas'
  • oñé-oñé - 'água-água' ou 'muita água'

A terceira forma de atribuir o sentido plural é precedendo um numeral ao substantivo. No entanto, caso o plural não seja o foco da construção nominal o substantivo não contrai para sua forma plural, preservando o singular e subentendendo o sentido.[64]

  • Mi' tä'-ts-e-' son mǫtǫ-yą' - 'ele corta árvores com uma motosserra'

Marcadores de posse

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Os marcadores de posse existentes no chimané são baseados em duas partículas de gênero: -tyi' e -si. As partículas são adicionadas unidas a nomes que estão precedendo substantivos a fim de atribuir o sentido de posse aos sujeitos. O uso do -tyi' é aplicado a substantivos masculinos finalizados em consoante, já o -ty aos finalizados em vogal. O uso do -si ocorre em substantivos femininos finalizados em consoante, já o -s nos finalizados em vogal.[63]

  • Isidoroty covamba - 'canoa de Isidoro'
  • Victortyi' covamba - 'canoa de Victor'
  • Júlias aca' - 'casa de Júlia'
  • Vênusi' aca' - 'casa de Vênus'

Marcadores de nominalização

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O processo de nominalização ocorre através da partícula específica -dye', a qual tem a função de converter verbos intransitivos em nomes, e das partículas de gênero -tyi' e -si a fim de designar gênero à palavra nominalizada.[66]

  • bä-e-dye’ - 'povo' (bä - 'viver')
  • carijtyaqui-tyi' - 'tabalhador' (carijtyaqui - 'trabalhar')

Marcadores de grau

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Os marcadores de grau no chimané, ou seja, a classificação entre aumentativo e diminutivo, são caracterizados de diferentes formas para cada grau. A atribuição de sentido é considerada pela alteração das vogais presentes no substantivo de orais para nasais ou alteração de vogais no diminutivo.[67]

  • tipi - 'pedaço'
  • tąpą - 'pedacinho'

O aumentativo na língua é marcado pela presença do prefixo chi-' - 'grande' anexado aos substantivos para atribuir o sentido.[67]

  • chį-chąn' - 'orelhas grandes'
  • chį-chąn'-tyi' - 'homem de orelhas grandes/orelhudo'

Partículas associadas

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As partículas associadas são acessórios anexados aos substantivos para adicionar valor de lugar às sentenças nominais em forma de clíticos ao final dos nomes.[57]

Partículas nominais[57]
Chimané Português
-ya' em, cerca de, em frente
-ćan em, baixo
-ve rio abaixo, detrás, ao outro lado
-che' em, em cima, acima, rio acima
-mun entre, com
-vun apenas falta um

Os verbos são marcados por processos únicos e distintos das demais classes gramaticais, sendo caracterizados pela referência cruzada e marcas de derivações verbais. Os verbos são classificados em duas categorias: transitivos e intransitivos. Podem receber marcadores verbais para garantir sentidos diversos ao verbo, como a questão temporal, além das duas classificações.[68][69][70]

Referência cruzada

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Essa tecnologia adotada na gramática chimané é utilizada para se realizar a ligação requisitada entre o sujeito e o objeto nos verbos transitivos e intransitivos. As ligações funcionam através de partículas específicas com foco no gênero e pronome pessoal em questão do agente verbal e objeto.[68]

Verbos Intransitivos

Os verbos são referenciados apenas pelo marcador de gênero e pessoalidade do sujeito por serem marcados pela ausência de objeto. O verbo em questão na tabela é carijtyaqui - 'trabalhar'.[68]

Sistema de referência cruzada - verbos intransitivos[68]
Sujeito Masculino Sujeito Feminino
1° SG carijtyaqui carijtyaqui'
2° SG carijtyaqui carijtyaqui'
3° SG carijtyaqui carijtyaqui'
1° PE carijtyaqui carijtyaqui
1° PI carijtyaquija' carijtyaquija'
2° PL carijtyaqui carijtyaqui'
3° PL carijtyaqui carijtyaqui'

As alterações são descritas desta forma[68]:

  1. -ø - Masculino
  2. -' - Feminino
  3. -ja' - 1° Pessoa do Plural Inclusivo (desconsidera o uso de marcadores de gênero específicos)

A 1° Pessoa do Plural Inclusivo apresenta uma postura distinta nos campos gramaticais por ter sido um provável empréstimo linguístico.[68]

Verbos Transitivos

Os verbos transitivos utilizam a referência cruzada por pedirem objeto, criando a ligação entre sujeito e objeto a partir pronomes pessoais e gênero por meio de um sufixo para ser anexado aos verbos em todas as ligações.[68]

Sistema de referência cruzada - verbos transitivos[71]
Objeto
Sujeito
1° Pessoa Singular 2° Pessoa Singular 3° Pessoa Singular (M) 3° Pessoa Singular (F) 1° Pessoa Plural Exclusivo 1° Pessoa Plural Inclusivo 2° Pessoa Plural 3° Pessoa Plural
1° Singular -ye -te -e' / -i' -yac -csi / -csi'
2° Singular -ti' -te -e' / -i' -tića' -csi / -csi'
3° Singular -in -in -te -e' / -i' -in -sin' -nac -csi / -csi'
1° Plural Exclusivo -yac -te -e' / -i' -yac -csi / -csi'
1° Plural Inclusivo -ja -ja' -cse-ja'
2° Plural -tića' -te -e' / -i' -tića' -csi / -csi'
3° Plural -in -in -te -e' / -i' -in -sin' -nac -csi / -csi'

Podendo ser aplicada no seguinte exemplo[71]:

  • cave-ja - 'nós o vimos'
  • yu nash ji'mincate mu' covamba - 'eu vendi a canoa'

Existem alguns verbos, como o ya'ij - 'comprar', que não aceitam os sufixos de transitividade, atuando como um verbo intransitivo.[72]

  • yu nash ya'ij mu' covamba - 'eu comprei a canoa'

Predicado complexo

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Os verbos da língua chimané utilizam de um predicado complexo por não conterem o modo infinitivo(comer, dançar, cantar) a partir de dois verbos para criar um sentido similar ao infinitivo e ambos verbos serem conjugados.[73]

  • yu ma'je' vorjeyac - 'eu quero conhecer você'

Verbos reflexivos

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Os verbos reflexivos são classificados e compostos pela presença dos sufixos específicos. Existe uma distinção de gênero e relacionada à 1° Pessoa do Plural Inclusivo assim como nos demais principais casos verbais. O sufixo para o masculino é o -ti, já para o feminino, o -ti', e o destinado para a 1° Pessoa do Plural Inclusivo é o -tića'.[74]

  • ji'jutyiti - 'eu, você, ele... descansamos'
  • ji'jutyiti' - 'eu, você, ela... descansamos'
  • ji'jutyitića' - 'nós descansamos/vamos descansar'

Verbos imperativos

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O imperativo é marcado pela partícula -ra' ao final ou início dos verbos e pode ser classificado de duas formas: afirmativo ou negativo. A partícula -ra' é adicionada no final ou início dos verbos em afirmações, já na classificação negativa a partícula é adicionada apenas no início unida ao marcador negativo jam.[75]

  • pa're ra' ñibe'jete mi - 'dê as bananas dele'
  • jam ra' ṕacje' - 'não corte isso (F)'

Verbos de probabilidade

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A probabilidade está associada à partícula -ra' assim como no modo imperativo. A partícula é adicionada sempre posterior ao verbo da frase.[63]

  • ¿jana' ra' Victortyi' covamba? - 'Onde estaria a canoa de Victor?'

Reduplicação verbal

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A reduplicação verbal é utilizada com finalidade de frequência, ou seja, a reduplicação tem função de repetir a ação daquele verbo no período de tempo da sentença por meio dos sufixos anexados.[76]

  • tsun jebetyete - 'eu como nesse lugar'
  • tsun jebetyetyete - 'eu como frequentemente nesse lugar'

Outra forma de representar a reduplicação e o efeito dela é repetindo uma sílaba do verbo além do sufixo por inteiro.[76]

  • miqui - 'cortar'
  • miquiqui 'cortar em pequenos pedaços'

Marcadores temporais

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Os verbos da língua podem ser classificados de três formas quanto à sua temporalidade: passado, presente e futuro.[70][69] A forma de representar o passado pode ser analisada através da partícula jiquej, utilizada para enfatizar o passado nas sentenças e mudanças e o contexto da oração no início das sentenças, sendo preciso interpretar o cenário e entonação para encontrar marcas do pretérito.[69]

  • ava' mu' monaquety jiquej quivij venchuban - 'o filho dele que estava desaparecido, no passado, retornou'
  • chime' nash covamba mu'in penej jlquej - 'a canoa deles, no passado, também era uma jangada'

A maneira de representar o tempo presente não tem distinção por marcadores, ou seja, é representado na forma bruta das construções sem a necessidade de um marcador para frisar a temporalidade, apenas caso uma partícula seja utilizada apenas no tempo presente, mas com foco distindo da função temporal.[77]

  • jaabi' nash intsiij arosh yu - 'meu arroz ainda não está maduro'
  • ¿ijuñis nómero ma'je' jimaća'? - 'qual número você quer que a gente cante?'

O modo de representar o verbo no futuro ocorre acompanhando o verbo antes ou depois dele através do marcador temporal -ra'. A partícula -ra' é aplicada como marcador de probabilidade e ordem além do marcador temporal futuro, sendo necessária a interpretação e contexto da aplicação frasal.[78]

  • a tyu' ra' Joban yu - 'eu vou agora'
  • caqui ra' yu pe're - 'eu vou colher as bananas'

Verbo de estado

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O verbo ser/estar é adicionado de forma subentendida nas orações e construções frasais, de forma que seja necessária a análise do conteúdo e contexto presente para identificar a presenta do verbo de estado.[63]

  • ¿jana' ra' Victortyi' covamba? - 'Onde estaria a canoa de Victor?' (não existe a presença escrita do verbo de estado)

O chimané apresenta quatro principais tipos de sentenças: verbais, interrogativos, comparativas e negativas. Como também combinações de sentenças, que podem ser criados diferentes sentidos e focos à oração.[79][80][81]

Sentença verbal

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Sempre há a referência cruzada anexada a algum dos verbos nas sentenças verbais, de forma que possam existir sentenças com uma única palavra conectada a diferentes clíticos ou afixos.[79]

  • tyaj-ka-ksi’. - 'ela se encontra com eles'

A forma padrão de representar uma sentença verbal é pela ordem de alinhamento SV(O), ou seja, sujeito seguido de verbo e, por fim, o objeto da oração. Entretanto, a depender da construção da sentença, a ordem de alinhamento pode se alterar, como de exemplo, a ordem VS(O), ou seja, verbo seguido de sujeito justaposto ao objeto.[79]

Sentença interrogativa

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A sentenças interrogativas do chimané são representadas por meio de partículas e pronomes próprios para a distinção ser evidente além dos sinais gráficos específicos "¿...?", mas podendo ser classificadas com base na entonação da oração. Os dois marcadores utilizados para a classificação interrogativa são o ća' e -tin, como também podem ser enquadrados sozinhos os pronomes específicos na frase, tal qual o jedye' - ' o que'.[82][83][84]

A partícula ća' é aplicada no sentido de pontuar a existência da classificação interrogativa na sentença, sendo aplicada no final das frases.[82]

  • ¿Jun' a ća? - 'Como isso será?'
  • ¿Tyi a ća? - 'Quando isso será?'

A partícula -tin é utilizada para coroar o sentido de ação, ou seja, sentenciar o agente que é capaz de realizar a ação, sendo colocada anexada ao final do verbo.[83]

  • ¿Jedye' dash me' chipjetiñe'? - 'No que vocês atiraram?'

Os pronomes interrogativos podem aparecer isolados nas sentenças sem a necessidade dos clíticos e partículas do mesmo modo.[84]

  • ¿Jedyetuij dash atsij mi? - 'Você veio para que?'

Sentença comparativa

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As sentenças comparativas da língua são compostas por dois sufixos para compreender o sentido: -yaij e -yai'. As duas partículas são aplicadas ao final dos substantivos ou verbos considerando qual classe gramatical está prevista a semântica comparativa.[80]

  • itśi'yai' oťo' - 'existem menos mosquitos (agora)'
  • mu' ji'chiyacsi chijyaijtyi' in - 'ele ensina aos de maior nota (àqueles que sabem mais)'

Existe uma forma de aplicar o sentido comparativo em sentenças negativas utilizando as partículas dam' e dadam' além dos sufixos padrões. As partículas dam' e dadam' podem aplicar um efeito similar às construções 'ainda mais', 'ainda melhor' e 'ainda menos'.[80]

Sentença negativa

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As sentenças negativas podem ser representadas por diferentes partículas, que expressam sentidos além da negação do conteúdo frasal. As partículas utilizadas na comunicação são jam e itśi' , ambas com função negação à construção da oração.[81]

  • ¿Jedye' m'je um? - Jam - 'O que você quer? - Nada'

As sentenças podem ser marcadas além das partículas jam e itśi' pela presença dos articuladores jedye-dye - 'não, nem tudo, nem um pouco', jun'dyem' - 'negativa enfatizada', juna'dyem' - 'expressão para descrença' e jun' da bo (o) - 'maneira sutil de informar negação'.[81]

  • Jedye'dye samaij - 'Nós não ficamos totalmente molhados'
  • jun'dyem' dacte - 'Não encontrei(amos) ele'
  • Där vänäij juna'dyem' me' yi - 'Isso é uma grande mentira, não é assim!'

A voz passiva pode ser representada por meio de três principais marcadores: ji', -ti e -c. Os marcadores de voz passiva podem ser anexados ao início ou final de substantivos e verbos.[85][86][87]

  • jibitis - 'alimento o qual foi comido'
  • jeamoñe' ji'cavitića' doctorya' - 'é preciso que nós sejamos vistos pelo doutor'
  • ¿Jam adac tyec ojñi? - 'Essa água não seria tomável?'

Marcadores de foco

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Existem partículas, normalmente as que mais são aplicadas nas sentenças, com função de ênfase, o que limita a possibilidade de ambiguidade acerca da interpretação e classificação de sentenças.[88]

Pode-se analisar a presença dos marcadores de foco nos exemplos a seguir[89][90][88][91][92]:

Chimané Português
ćoshva'joi' na mo' jäye' yu Minha neta estava dormindo (continuidade da ação)
Añei' na jiquej óćan. Acabou chovendo aqui (temporalidade)
Yu ra' ćocte Vou visitar ele (ação de ir)
aty räj tsacjise in A arma estava toda quebrada (ação não presenciada)
fetsecjoi' ta' A casca quebrou (ação sem influência externa)

Empréstimos do espanhol

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A língua chimané adotou algumas palavras e alterou a pronúncia delas para possibilitar o encaixe e sincronia com o alfabeto fonético próprio, mesmo sendo independente do espanhol.[93]

Alguns exemplos podem ser compreendidos[93]:

Chimané Espanhol
Pilha píra pila
Quilo quíro kilo
Bola peroťa pelota
Papel paper papel
Brincar de bola peroťaij jugar a la pelota

A gramática chimané apresenta onomatopeias em sua composição frasal.[94]

  • tijjeyaqui - 'acertar uma flechada/flechar' (som)
  • tocjeyaqui - 'quebrar algo' (som)
  • shincavavaj - 'coachar/som emitido pelo sapo' (som)

O vocabulário chimané é aplicado em diferentes campos semânticos e léxicos, abarcando palavras específicas com e sem a necessidade do uso integral de clíticos a fim de gerar sentido. Oss casos do dia-a-dia estão, normalmente, relacionados à vida comercial, retrato do contato com o Rio Maniqui e agricultura tradicional.[95][96]

Exemplo de texto curto

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Exemplo 1 - transcrito para o português[95]
Chimané Português
A tyu' tabedye' tui' tsun. Nós estamos trazendo peixe agora.
¿Jana' ca' jäquem tabedye'? Onde você conseguiu o peixe?
Oij tabedye' tsique'cansi'. Esse peixe veio da lagoa.
Yu ma'je' ñibe'jeye tabedye' dam'. Eu quero te presentear com um pouco de peixe.
Judye' yoshoropaij. Legal, muito obrigado.
¿Jana' bura' titso'je'? Onde eu posso pegá-lo?
Ocan yúsi'ćan aca' jäm'. Aqui em minha casa, seria legal.
Exemplo 2 - transcrito para o português[96]
Chimané Português
Yómoi' Señor, sóbaqui tsuń. Boa tarde, senhor. Vinhemos visitá-lo (contexto em loja comercial).
Yómoi' tyä, sisvac ä. Boa tarde, entrem.
¿Mo'ya' adac yovi'? Tem anzóis?
Mo'ya'. ¿Ma'je' ya'ij mi'in? Tem sim. Vocês querem comprar?
Tsuń nash ma'je'. ¿Juñucsi'che' ya'i'? Queremos sim. Quanto custam?
¿Ju'ñis ma'je' um? Qual delas vocês querem?
Méquis nash ma'jeij. Quero como essa. (Sinalização visual)
Oij nash jijcai' pärä' peso. Irão custar dois pesos.
Yu ra' ya'ij ćanam'. Irei comprar cinco.
Judye'. Certo.

Expressões do dia-a-dia

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Exemplos de expressões[97][96][98][95]
Chimané Português
naijoi' bom dia
yómoi' boa tarde
quichćanjoi' boa noite
judye' certo / tudo bem
yoshoropaij obrigado
¿Jana' ra' ... quia'? Onde ... deve estar agora?

O sistema de numeração da língua pode ser elencado de suas formas: numeração cardinal e ordinal.[86]

Quadro numérico cardinal[86]
Chimané Português
yiri -ty / -s um / uma
yiri' um
pärä' dois
chlbin três
vajpedye' quatro
ćanam' cinco
jäbän seis
yävätidye' sete
quenćan oito
araj tac nove
yiri' tac dez
yiri' tac yiris jiyi' onze
pärä' qui' tac vinte
chibin qui' tac trinta
araj tac qui' tac noventa
yiri' cien cem
pärä qui' cien duzentos
yiri' mir mil
pärä qui' mir dois mil
Quadro numérico ordinal[86]
Chimané Português
yiri'-yi'si' primeira
yiri'-yityi' primeiro
pärä-yi'si' segunda
pärä-yityi' segundo
chibin-yi'si' terceira
chibin-yityi' terceiro
Inventário de animais [99]
Chimané Português
ococo sapo
uva' arara
äbäbä' cururu
avaro' papagaio
achuj cachorro
isbara' mico
óto capivara
óya minhoca
urube bicho-preguiça
ätyäña joaninha
meme' tartaruga
sucyi gato

Declaração Universal dos Direitos Humanos

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As Nações Unidas redigiram, dentre as 301 línguas e dialetos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos em chimané. Está sendo representado o primeiro artigo da declaração em português e chimané na tabela a seguir[100][101]:

Chimané Português
Yiri'-yityi'

Räj mun'tyi' naeja' vaj cäts vajo'meja'dye, tupujdyi'jyeja junchuc ra' chijoj coja' jemoñe' jäm jitica'cuitsun judyeya' yoctyi'tum in.

Primeiro

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

A língua chimané foi citada no documentário "Los Antiguos",[102] produção desenvolvida pelo Gran Consejo Tsimane', publicado como material público no acervo da UNESCO.[102]

Notas

  1. Quando o livro foi postado, o alfabeto de Gill ainda não havia sido postado. Logo, foi necessária a correção ortográfica da coluna do chimané.
  2. As letras /c/ e /qu/, assim como suas formas aspiradas, representam o mesmo fonema, mas o /qu/ precede as vogais /i/ e /e/ e o /c/ as demais vogais.
  3. O termo (SG) se refere ao singular e (PL) ao plural. Já o termo (M) se refere ao masculino e (F) ao feminino, distinção de gênero atribuída no chimane.

Referências

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  2. Sakel 2004, p. 34.
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  12. Sakel 2004, p. 146.
  13. Sakel 2004, p. 154.
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