Lúcio Flávio de Faria Pinto | |
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Nascimento | 23 de setembro de 1949 (75 anos) Santarém, Pará |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | Professor, Jornalista e Sociólogo |
Educação | Universidade de São Paulo |
Atividade | 1964 – presente |
Trabalhos notáveis | Jornal Pessoal, O Estado de S. Paulo, O Liberal, A Província do Pará, BBC Radio News, entre outros. |
Lúcio Flávio de Faria Pinto (Santarém, 23 de setembro de 1949) é um professor, jornalista e sociólogo brasileiro. É o único brasileiro na lista dos 100 mais importantes jornalistas da ONG Repórteres sem Fronteiras.[1]
É sociólogo de formação na Universidade de São Paulo (1973). Foi professor visitante (1983/84) do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida nos Estados Unidos. Foi professor visitante no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos e do curso de jornalismo na Universidade Federal do Pará.[2]
É autor de diversos livros sobre meio ambiente e Amazônia. Foi correspondente da BBC Radio News,[2] responsável pela sucursal do jornal O Estado de S. Paulo na Amazônia e repórter dos jornais O Liberal e A Província do Pará, entre outros. Desde 1987, publica, juntamente com seu irmão, Luiz Pinto, o Jornal Pessoal, quinzenário individual que circula em Belém, e que tem como diferencial em relação ao restante da imprensa paraense o não alinhamento a nenhum dos grupos políticos e empresariais do estado. Mantém também outro periódico, denominado "Agenda Amazônica".
Lúcio Flávio de Faria Pinto nasceu em 23 de setembro de 1949, na cidade de Santarém, região Oeste do Pará, filho de Iraci de Faria Pinto e Elias Ribeiro Pinto – ele, radialista, jornalista, comerciante e político. Aos cinco anos de idade mudou-se com a família para cidade, onde seu pai continuaria a exercer sua carreira política, elegendo-se prefeito de Santarém em 1967.[1]
Aos 15 anos passou a apresentar um programa de rádio, mas o chefe da 2ª Secção da 8ª Região Militar considerou o programa subversivo e o retirou do ar. Aos 16, já em Belém, trabalhou como repórter no jornal A Província do Pará, onde depois ocupou o cargo de secretário de redação.[1]
Em 1968, aos 18 anos, decidiu mudar-se de Belém para o Rio de Janeiro. Trabalhou por pouco tempo no Correio da Manhã, resolvendo fixar-se em São Paulo, onde trabalhou no Diário de São Paulo, Diário da Noite, Revista Veja, IstoÉ, Jornal da República, Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo, onde consolidou sua carreira, atuando como repórter entre os anos de 1971 e 1988. Ao mesmo tempo trabalhou na imprensa alternativa, nos jornais Opinião e Movimento.[1]
Em 1973 formou-se em Sociologia pela Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo,[2] tendo sido aluno, entre outros, de Fernando Henrique Cardoso, Edgard Carvalho, Herbert Baldus e Maurício Tragtenberg.[1] Chegou a iniciar sua pós-graduação na USP, mas retornou a Belém para montar uma rede de sucursais do Estadão na Amazônia.[1]
Ao retornar a Belém editou, em 1975, o alternativo "Bandeira 3" (que durou apenas 7 edições), aos moldes do Pasquim, sendo considerado um marco na imprensa do Pará por seu arrojo no tratamento da informação e na parte estética.[1] Editou também outro alternativo, o "Informe Amazônico", com 12 edições, entre 1980 e 1981.[3]
Nesse período foi professor visitante entre 1981 e 1982 do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos e do curso de jornalismo no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará. Entre 1983 e 1984 foi também professor visitante do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida em Gainesville, Estados Unidos.[2]
Foi convidado pelo então diretor de redação de O Liberal, Cláudio Augusto de Sá Leal, com quem iniciara em A Província, para trabalhar na empresa das Organizações Rômulo Maiorana (ORM), passando assim a atuar em duas frentes. Na década de 1980 também passou a apresentar um programa que levava seu nome, na TV Liberal.[1]
Na década de 1980 passou a criticar em suas coberturas jornalísticas o então governador do estado, Jader Barbalho, sendo alvo de pressões do político e dono do jornal Diário do Pará.[1]
Foi nessa época também que se demitiu de O Liberal por não aceitar com os acordos políticos do proprietário do jornal, Rômulo Maiorana, seu grande amigo, que morreria de câncer em 1986. Apesar disso, Lúcio Flávio continuaria a colaborar com o jornal e a emissora de TV do grupo. A relação amistosa com as ORM acabaram com o advento do Jornal Pessoal, em 1987, sobretudo com as posteriores críticas às atuações dos herdeiros de Rômulo Maiorana.[1]
O Jornal Pessoal surgiu em virtude de falta de espaço para publicar uma grande matéria investigativa. A maioria dos jornais paraenses negaram-se a publicar matérias sobre o assassinato do ex-deputado Paulo Fonteles.[4] A principal alegação era o temor de represálias econômicas, visto que dois dos nomes envolvidos no caso como testemunhas, Francisco Joaquim Fonseca, do Grupo Jonasa, e Jair Bernardino de Souza, proprietário da empresa Belauto, eram anunciantes dos meios de comunicação do estado.[5] Lúcio, a época jornalista d'O Liberal e correspondente do Estado de S. Paulo, havia sido o repórter destacado para cobrir o caso, e não teve seu trabalho investigativo publicado pelos jornais. Em virtude disso, sentiu-se ainda mais instigado a publicar a matéria.[6]
Como forma de compensar o grande trabalho que o jornalista havia feito na cobertura do caso, o jornal O Liberal cedeu seu parque gráfico para imprimir o volume 1 do Jornal Pessoal, totalmente de graça, com a única condição de não ser citado como a gráfica responsável.[7] Surgia assim o seu mais vultuoso trabalho de sua extensa carreira jornalística.
Escreveu no Jornal Pessoal nº 479, 2ª quinzena de dezembro de 2010, um artigo intitulado "O PIG é uma fantasia", que também foi publicado em 11 de janeiro de 2011 no site Observatório da Imprensa, alcançando muitos comentários, considerado um dos mais polêmicos textos do jornalista.[8]
Em 2014, o jornalista iniciou alguns blogs sobre os temas que já abordava na forma impressa de seu Jornal Pessoal, garantindo a disponibilidade do conteúdo que produziu em seu periódico, sendo o principal deles a "Agenda Amazônica". Colabora com seu irmão Luiz Pinto também na manutenção do blog "As Charges do Jornal Pessoal".
Entre 2012 e 2014 o jornalista escreveu para o portal Yahoo Notícias sendo responsável pela coluna "Cartas da Amazônia".
Em novembro de 2016 Lúcio foi anunciado como colunista da Agência de Jornalismo Independente Amazônia Real.[9]
Por sua característica combatividade em relação às questões Amazônicas, em especial aos grandes grupos econômicos, o jornalista responde atualmente a 33 processos na justiça de Belém, a maioria com base na chamada Lei de Imprensa, de 1967.[10][11][12]
Dos processos movidos contra o jornalista, 13 são de autoria de membros da família Maiorana, que vêm a ser os proprietários das Organizações Rômulo Maiorana (ORM), ao qual pertencem o jornal e a TV Liberal, esta afiliada à Rede Globo.[10] No dia 21 de janeiro de 2005, o jornalista foi agredido a socos e pontapés, em local público, por Ronaldo Maiorana e por dois policiais militares que trabalham ilegalmente como seguranças do empresário.[10][13] O motivo seria que em 2005, Pinto publicou no Jornal Pessoal uma reportagem intitulada "O rei da quitanda", na qual conta a trajetória das Organizações Rômulo Maiorana, maior proprietária de meios de comunicação do norte do Brasil, e acusa seu dono, Rômulo Maiorana, de usar as empresas para pressionar anunciantes.[14] Os Maiorana foram patrões de Lúcio Flávio.[10]
Lúcio foi condenado a pagar indenização de R$ 8 mil (o que valia em 2012 perto de R$ 22 mil, incluindo custas e honorários advocatícios), referentes a uma ação por danos morais movida por Cecílio do Rego Almeida, fundador da C.R. Almeida, que é uma das maiores construtoras do país. Almeida, falecido em 2008, alegou na ação ter sido ofendido pelo jornalista, que o chamou de "pirata fundiário" em reportagem publicada em 1999 no Jornal Pessoal. O texto descrevia a apropriação ilegal por Almeida de quase 5 milhões de hectares de terras públicas no Vale do Rio Xingu, no Pará. Lúcio afirmou que foi "(...) condenado por falar a verdade." A grilagem das terras herdadas pelos filhos do fundador da empreiteira, foi anulado por uma decisão da Justiça Federal.[15]
Lúcio é um dos mais premiados jornalistas brasileiros; entre os prêmio e reconhecimentos que recebeu estão:
Tem 21 livros individuais publicados, todos sobre a Amazônia: