Mecanismo sincronizador, ou sincronizador de arma e algumas vezes interruptor, são as designações de um dispositivo que acoplado a aviões monomotores em configuração por tração, permite uma sincronização entre as revoluções da hélice e os tiros disparados, de forma que os tiros não atinjam as lâminas das hélices, passando através do arco que se forma quando a hélice está em movimento. A ideia pressupõe uma arma fixada ao corpo do avião que é direcionada apontando o avião para o alvo, em vez de apontar a arma de forma independente.
Já no final de 1913 e início de 1914, as metralhadoras eram vistas como a arma ideal para que os aviões pudessem combater e eventualmente abater aeronaves de reconhecimento inimigas.[1][2] O ponto de discordância na época era se a metralhadora deveria ficar fixa ou ter mobilidade e ser comandada por um artilheiro e não pelo piloto.[3]
Mesmo em 1916, pilotos do Airco DH.2 tinham dificuldade de convencer seus oficiais superiores de que as suas metralhadoras frontais seriam mais efetivas se fixadas ao corpo do avião.[4] Por outro lado, August Euler havia patenteado a ideia de uma arma fixa já em 1910 – muito antes da configuração de tração se tornar padrão, sua patente era ilustrada com um diagrama de um avião em configuração de impulsão armado com uma metralhadora.[3]
Um mecanismo que permita uma arma automática disparar entre as lâminas de uma hélice girando, é normalmente chamado de sincronizador ou interruptor. Ambos os termos não são precisos, mas explicam o que acontece quando o mecanismo funciona.[5]
O termo "interruptor" implica que o mecanismo interrompa os disparos no momento em que uma das lâminas passa na frente do cano da arma. A maior dificuldade em se obter esse resultado na época era o fato de as hélices giravam numa velocidade muito menor que a cadência de tiro das armas. Devido a isso, as armas deveriam ser "interrompidas" mais de quarenta vezes por segundo,[6] um enorme desafio para a tecnologia da época.[7]
Por outro lado, o termo "sincronização", em sua utilização natural, seria entre a taxa de disparos da metralhadora em modo automático e as revoluções por minuto de uma hélice girando, também é uma impossibilidade conceitual.[8] Enquanto uma arma automática atira numa frequência constante, o número de revoluções por minuto de uma hélice varia de acordo com uma série de fatores, principalmente quando em voo, fazendo da tarefa de "sincronia", uma impossibilidade prática.[9]
A solução para o problema foi encontrada de maneira relativamente simples. Era necessário que a arma disparasse no modo semiautomático.[10] A cada revolução da hélice um impulso era enviado para a arma que efetivamente "puxava o gatilho", para disparar um único tiro. A maioria desses impulsos chegava à arma quando ela estava num ciclo de tiro, ou seja, quando ela estava ejetando uma capsula deflagrada ou carregando um novo cartucho, e era "desperdiçado"; mas eventualmente o ciclo de tiro se completava, e a arma estava pronta para atirar, e precisava "esperar" pelo próximo impulso do mecanismo, e quando o recebia, disparava. Esse processo, inevitavelmente diminuía a cadência de tiro em comparação com uma arma de tiro liberado, que dispara assim que estiver pronta; mas desde que o dispositivo funcionasse corretamente a arma podia disparar rápido o suficiente através das lâminas da hélice em movimento sem atingi-las.[11]
Ficou estabelecido que para qualquer mecanismo que atingisse esse objetivo, sua ação poderia ser descrita como "interrompendo" os disparos da arma, e também como "sincronizando", ou "cadenciando" seus tiros para coincidir com as revoluções da hélice.[12]