Mikhail Zygar (em russo: Михаил Викторович Зыгарь) é um jornalista russo, escritor e cineasta. Nascido em 1981, estudou jornalismo internacional no Instituto Estatal de Moscou para Relações Internacionais e na Universidade do Cairo. Trabalhou no jornal russo Kommersant (2000 - 2009) e nos portais OpenSpace.ru (2009-2011), Gzt.ru (2010), Forbes.ru (2010-2011). Em 2014 recebeu do Comitê de Proteção a Jornalistas o prêmio Liberdade de Imprensa Internacional.[1] Atuou de 2010 a 2015 como editor-chefe do único canal independente de notícias da TV russa Dozhd (chuva, em russo).[2][3] Em outubro de 2016 Zygar esteve no Brasil para participar da 3ª edição do Festival piauí GloboNews de Jornalismo.[4][5]
Aberto em 2010 pelo empresário Alexander Vinokurov e por sua esposa Natália Sindeyeva,[6] o canal Dozhd foi capaz, sob a liderança de Zygar, de fornecer uma alternativa aos canais de TV federais controlados pelo Kremlin. A cobertura feita pelo canal de questões políticas sensíveis ao contexto russo, como os protestos de rua de Moscou em 2011 e 2012 e a intervenção russa na Ucrânia em 2014, foram radicalmente distintos das versões oferecidas pela cobertura dos canais oficiais da Rússia.[7]
Zygar é autor, junto com o jornalista russo Valery Panyushkin, de Gazprom - A Nova Arma Russa (pela editora russa Zakharov, 2008, ).[8] [9] Individualmente Zygar publicou Guerra e Mito (2007), coletânea de ensaios sobre sua atuação como jornalista em situações de conflito no leste europeu e oriente médio e Todos os Homens do Kremlin: por dentro da corte de Vladimir Putin (2016), perfil do presidente russo Vladimir Putin e de sua atuação no Kremlin escrito ao longo de 16 anos, com lançamento previsto no Brasil para final de 2017.[10]
Em 2010 Zygar tornou-se o primeiro editor-chefe do Dozhd, o canal de TV independente da Rússia em 10 anos. Dozhd ganhou destaque em 2011 com sua cobertura dos protestos de massa contra Vladimir Putin.[11] Zygar organizou a cobertura ao vivo de todos os protestos, que foram amplamente ignorados pela televisão estatal. O portal Vice News chegou a considerar Zygar e sua equipe como 'os últimos jornalistas na Rússia'[12].
Em 2014 o Dozhd tornou-se alvo de ataques aos quais se atribui motivação política. Tais eventos se iniciam quando o canal cobria intensamente protestos anti-governo diários na Ucrânia. Os problemas do canal ocorreriam ao final de janeiro, quando Dozhd apresenta um programa de história sobre o cerco de Leningrado de 1941-44 e coloca uma pergunta em votação: Teria valido a pena render-se em Leningrado para salvar vidas? Em poucos dias pode-se observar reações: os maiores fornecedores de televisão a cabo da Rússia afirmaram que não iriam mais veicular o canal e o parlamento russo aprovou uma lei banindo a publicidade em canais privados, o que levou o canal a criar uma taxa de inscrição para os espectadores.[6][13]
Em dezembro de 2015 procuradores vêm ao escritório do Dozhd para executar uma inspeção das instalações, alegando investigarem as atividades do canal em relação à luta contra o extremismo e a legislação do trabalho e licenciamento.[14] Em entrevista ao jornal RBC, Zygar admite que o Dozhd participou da investigação da família do Procurador-Geral da Rússia, conduzida pelo ativista anti-corrupção Alexei Navalny. De acordo com especulações da mídia, esta cooperação pode ter levado ao início das inspecções.[15]
Uma semana mais tarde Zygar anuncia que estaria deixando o cargo de editor-chefe do canal. Disse ao "Kommersant" que pretende se envolver num projeto próprio intitulado "a História da Rússia Livre". "Eu tenho cinco anos conduzindo o canal, cada Executivo precisa parar depois de um período. Isso mesmo, eu tenho que fazer alguma coisa", acrescentou Zygar.[16] Entretanto, de acordo com outros meios de comunicação independentes, a demissão de Zygar pode ter sido causada por pressão política. O editor-chefe da rádio "Eco de Moscou" rádio Alexei Venediktov afirmou que estadistas de alta patente , incluindo o Primeiro-Ministro Dmitry Medvedev, se enfureceram com o livro Todos os Homens do Kremlin de Zygar e exigiram que os proprietários do Dozhd demitissem o jornalista.[16]
Em 2014, o Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) anunciou que Mikhail Zygar receberia o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa.[7] Ele foi o sétimo russo a ser honrado (depois de Tatyana Mitkova em 1991, Evgeny Kiselyov em 1995,Yelena Masyuk em 1997, Musa Muradov em 2003, Dmitry Muratov em 2007 e Nadira Isayeva em 2010).[17]
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