Mirto (em grego: Μυρτώ, Myrtó; fl. século V a. C.) era, segundo alguns relatos, uma esposa de Sócrates.
A fonte original para a alegação de que ela era a esposa de Sócrates parece ter sido um trabalho de Aristóteles chamado Sobre Ser Bem-Nascido,[1][2][3] embora Plutarco expresse dúvidas de que o trabalho seja genuíno. Ela era aparentemente a filha,[3] ou, mais provavelmente, a neta de Aristides.[2] Aristóteles e seu discípulo Aristóxenes relatam que Sócrates teve seus dois primeiros filhos, Sofronisco e Menexêno, com Mirto. Armand D'Angour traz que ela seria filha de Lisímaco, um amigo próximo do pai de Sócrates que habitava no mesmo vilarejo deles, o demo Alopece, e que provavelmente Sócrates teria conhecido Mirto na infância; ele argumenta que Mirto teria sido a primeira esposa de Sócrates, antes de Xântipe, que ela era financeiramente "bem nascida" e que a sua omissão por Xenofonte e Platão evidenciaria que, por estes serem jovens e terem conhecido Sócrates em idade avançada, não a teriam sequer conhecido e presenciado o relacionamento, além de que Platão teria alterado dados biográficos para transmitir uma versão mais receptiva da imagem de Sócrates.[4]
Alguns acusaram Sócrates de bigamia.[4] Plutarco posteriormente descreve Mirto como meramente vivendo "junto com o sábio Sócrates, que teve outra mulher, mas acolheu-a devido à sua pobreza e que carecia das necessidades da vida".[2] Embora Diógenes Laércio descreva Mirto como a segunda esposa de Sócrates morando ao lado de Xântipe, Mirto poderia ser também, segundo essa versão, presumivelmente uma esposa de direito comum,[5] e Ateneu e Diógenes Laércio relatam que Jerônimo de Rodes tentou confirmar a história apontando um decreto temporário que os atenienses aprovaram:
Pois eles dizem que os atenienses não tinham homens e, desejando aumentar a população, aprovaram um decreto que permitia que um cidadão se casasse com uma mulher ateniense e tivesse filhos com outra; e que Sócrates o fez de acordo. — Diógenes Laércio, ii. 26
Nem Platão nem Xenofonte mencionam Mirto, e nem todo mundo acreditava na história: de acordo com Ateneu, Panécio "refutava aqueles que falam sobre as esposas de Sócrates".[1]