Monster study foi um controverso estudo sobre gagueira realizado pelo fonoaudiólogo estadunidense Wendell Johnson em 1939. O estudo foi considerado tão perturbador que recebeu esse nome, que em português quer dizer Estudo Monstro.[2] Muitos cientistas o veem até hoje como um dos estudos mais antiéticos e vergonhosos da história da ciência.
À época, 22 órfãos no Estado americano de Iowa foram divididos em dois grupos, onde receberam diferentes formas da terapia – positiva e negativa. Enquanto metade delas foi incentivada e parabenizada pela sua fluência ao falar, a outra metade foi humilhada por qualquer erro que cometesse na fala. Algumas das crianças que receberam o tratamento negativo tornaram-se relutantes em falar, mas nenhuma delas chegou a apresentar gagueira verdadeira como consequência do experimento[3]. No julgamento do caso em 2007, algumas vítimas alegaram no tribunal que ficaram com sequelas psicológicas que duraram a vida inteira, mas não foi possível determinar se as alegações tinham fundamento ou se constituíam apenas uma estratégia da acusação para embasar a demanda por indenizações.[2]
O experimento permaneceu no ostracismo até 2001, quando um jornal californiano, o San Jose Mercury News, publicou reportagem investigativa sobre a pesquisa e seus métodos[1]. Foi só aí que os participantes descobriram o verdadeiro propósito da experiência a que foram submetidos. O jornal baseou sua reportagem nas declarações feitas por Mary Tudor, a mestranda que concordou em testar a teoria de seu professor, Wendell Johnson.
Em 2002, foi publicada na revista científica “American Journal of Speech-Language Pathology”[3] uma abrangente análise do caso pelos fonoaudiólogos Nicoline Ambrose e Ehud Yairi. Nesta análise, eles avaliaram retrospectivamente os dados do “Estudo Monstro”, explicaram o desenrolar da pesquisa e detalharam o conjunto de omissões e equívocos que prolongaram por tanto tempo a sobrevida da teoria diagnosogênica de Wendell Johnson (segundo a qual os pais seriam a causa da gagueira), dando-lhe o inapropriado status de explicação plausível para a origem do distúrbio, apesar de sua invalidação experimental. Até então, o único registro oficial dos detalhes do experimento estava na tese da aluna de Johnson, Mary Tudor, que acompanhou o experimento.[4]
Johnson morreu em 1965, ainda com a reputação inabalada. Tudor morreu em 2006. O orfanato em que o experimento foi realizado, o Soldiers and Sailors Orphans' Home (em Davenport, Iowa, EUA), fechou as portas em 1975. Um pedido oficial de desculpas foi feito em 2001 pela Universidade de Iowa, instituição acadêmica à qual Johnson e Tudor eram filiados à época pesquisa, mas isso não impediu que as vítimas processassem o estado e a universidade em 2003.
A decisão final da justiça sobre o caso saiu em 2007 e determinou o pagamento de uma indenização conjunta de 900 mil dólares a cinco pleiteantes: Hazel Dornbush, Kathryn Meacham e os herdeiros legais de Betty Romp, Clarence Fifer e Phillip Spieker. Para a sexta pleiteante, Mary Nixon, o estado pagou uma indenização menor, de 25 mil dólares.[1][5]