Morte de Jeffrey Epstein | |
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Epstein em seu mugshot final, tirado em 8 de julho de 2019 | |
Data | 10 de agosto de 2019 |
Local | Centro Correcional Metropolitano, Nova Iorque |
Causa | Disputada; determinou-se um suicídio por enforcamento |
Resultado | Remoção de diretor, acusações de guardas de plantão |
Inquérito | Investigações FBI e DOJ |
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Em 10 de agosto de 2019, o financista estadunidense condenado Jeffrey Epstein foi encontrado desmaiado na cela do Centro Correcional Metropolitano, onde aguardava julgamento por novas acusações de tráfico sexual. Os guardas da prisão realizaram RCP e ele foi transportado em parada cardíaca para o New York Downtown Hospital, onde foi declarado morto às 6:39 da manhã. O médico legista de Nova Iorque considerou a morte de Epstein um suicídio por enforcamento. No entanto, os advogados de Epstein contestaram essa conclusão e abriram sua própria investigação. Michael Baden, que foi contratado pelo irmão de Epstein para supervisionar a autópsia, é o proponente mais vocal da teoria do estrangulamento homicida, em vez de enforcamento suicida.
Depois de expressar inicialmente suspeita, o procurador-geral William Barr descreveu a morte de Epstein como "uma tempestade perfeita de estragos". Tanto o FBI quanto o Inspetor-Geral do Departamento de Justiça dos Estados Unidos estão conduzindo investigações sobre as circunstâncias de sua morte. Os guardas de plantão foram posteriormente acusados de conspiração e falsificação de registros. Como resultado de sua morte, todas as acusações contra Epstein foram retiradas, e as investigações em andamento sobre tráfico de mulheres mudaram o foco para os seus supostos associados.
Devido a violações dos procedimentos da prisão na noite da morte de Epstein, o mau funcionamento de duas câmeras na frente de sua cela e seu alegado conhecimento de saber informações comprometedoras sobre figuras poderosas, sua morte gerou especulações e teorias da conspiração[1] sobre a possibilidade de que ele tenha sido assassinado.[2] Em novembro de 2019, a natureza suspeita de sua morte gerou o meme "Epstein didn't kill himself".
Em 6 de julho de 2019, Jeffrey Epstein foi preso em Nova Iorque por várias acusações, incluindo tráfico sexual, no Centro Correcional Metropolitano em Lower Manhattan.[3] Ele se declarou inocente.[4][5] Epstein já havia enfrentado acusações semelhantes na Flórida em 2008, mas escapou de acusações federais em um acordo judicial. O acordo consistia em ele se declarar culpado de duas acusações criminais do estado, pagar restituição a três dezenas de vítimas identificadas pelo FBI e se registrou como criminoso sexual nos estados da Flórida e Nova Iorque.[6] Em 18 de julho de 2019, Epstein teve seu pedido de fiança negado depois de oferecer seiscentos mil dólares para poder usar uma tornozeleira eletrônica em sua casa em Nova Iorque. Cogitou-se um potencial de fuga devido a seus vinte voos internacionais nos dezoito meses anteriores.[7][8] Epstein recorreu da decisão de negação de fiança ao Segundo Circuito de Cortes de Apelação dos Estados Unidos. No momento de sua morte, isto ainda estava pendente.[9]
Em 23 de julho, Epstein foi encontrado semiconsciente em sua cela com ferimentos no pescoço. Ele disse aos advogados que havia sido agredido por seu colega de cela.[10] Seu colega de cela, um ex policial nova-iorquino suspeito de quatro assassinatos e associação ao tráfico de drogas, Nicholas Tartaglione, cujo foi interrogado por agentes penitenciários, mas negou ter ferido Epstein.[11][12] Tartaglione afirmou que ele na verdade salvou Epstein.[13] Uma investigação interna da prisão excluiu conexão de Tartaglione com o evento.[14] Após a morte de Epstein, Tartaglione foi ameaçado pelos guardas da prisão para que parasse de falar e descrever a morte e as condições de Epstein na prisão para a mídia.[15] Uma fonte não identificada sugeriu que Epstein organizou o incidente para ser transferido.[16] Spencer Kuvin, advogado que representou três supostas vítimas de Epstein, declarou em uma entrevista em julho de 2019 após a primeira aparente tentativa de suicídio de Epstein, que ele acreditava ser uma tentativa de assassinato, e que havia uma alta probabilidade de que Epstein fosse assassinado na prisão.[17][18]
Como resultado do incidente, Epstein foi colocado em vigilância suicida.[19] Em uma cela de observação, cercada por janelas, onde as luzes foram deixadas acesas e quaisquer dispositivos que pudessem ser usados pelo prisioneiro para tirar sua própria vida não tinham permissão para entrarem.[20] A equipe psicológica dispensou Epstein da vigilância suicida seis dias após um exame psiquiátrico.[21][22] Algumas fontes relataram que Epstein foi removido da vigilância suicida depois de afirmar que foi Tartaglione quem "o atacou".[23] Epstein então retornou à SHU, onde teria um colega de cela e seriam verificados a cada trinta minutos.[24]
Epstein estaria depositando fundos nas contas de outros prisioneiros para ganhar favores ou comprar proteção.[25] Uma nota de papel de Epstein foi encontrada em sua cela após sua morte. Nela, ele se queixou de grandes insetos rastejando em seu corpo, o guarda Tova Noel lhe dando comida queimada e um guarda intencionalmente o trancando em uma cela com chuveiro e o deixando sem roupas por uma hora.[21] Em 8 de agosto, Jeffrey Epstein assinou seu testamento, testemunhado por dois advogados que o conheciam. O testamento nomeou dois funcionários de longa data como executores e imediatamente doou todos os seus bens, e quaisquer bens restantes em sua propriedade, a um fundo privado.[26]
A prisão informou o Departamento de Justiça, quando Epstein foi colocado na unidade especial de habitação (SHU), que ele teria um colega de cela e que um guarda examinaria a cela a cada 30 minutos. Esses procedimentos não foram seguidos na noite em que ele morreu.[27] Em 9 de agosto, o companheiro de cela de Epstein foi transferido e nenhum companheiro de cela o substituiu. Na noite de sua morte, Epstein se encontrou com seus advogados, que o descreveram como "otimista" antes de ser escoltado de volta à SHU às 19:49 pela guarda Tova Noel.[21] As imagens do circuito interno de televisão mostram que os dois guardas não realizaram a contagem de presos exigida às 22 horas e registraram Noel passando brevemente na cela de Epstein às 22:30, na última vez em que os guardas entraram no andar onde estava sua cela.[28] Durante a noite, violando o procedimento normal da prisão, Epstein não foi checado a cada trinta minutos.[27] Os dois guardas designados para verificar sua cela à noite nesse dia, Tova Noel e Michael Thomas, adormeceram em suas mesas por cerca de três horas e depois falsificaram registros relacionados.[29][30] Duas câmeras que filmavam a cela de Epstein também pararam de funcionar naquela noite,[31] e outra câmera tinha imagens "inutilizáveis".[31]
Como os guardas estavam distribuindo o café da manhã logo após as 6h30 da manhã de 10 de agosto, Epstein foi encontrado sem batimentos cardíacos em sua cela e isso foi relatado inicialmente como aparente suicídio.[28] Ele foi encontrado ajoelhado com um lençol enrolado no pescoço. O lençol estava amarrado ao topo de seu beliche.[32] Acredita-se que ele estava morto há cerca de duas horas. Os guardas realizaram RCP em Epstein, e outros prisioneiros os ouviram gritar "Respire, Epstein, respire".[21] Às 6h33, os guardas deram um alarme, notificando o supervisor, a quem Noel disse: "Epstein se enforcou".[28] Ele foi levado às pressas para o New York Downtown Hospital, onde foi declarado morto às 6h39.[33] Seu corpo foi transportado para o consultório médico logo em seguida.[34] A notícia da morte foi postada no 4chan cerca de 38 minutos antes da ABC News divulgar a notícia. Se foi postado por um socorrista, como foi especulado, provavelmente seria uma violação da lei de privacidade.[35][36]
A remoção do corpo de Epstein de sua cela foi uma violação do protocolo, pois o Bureau of Prisons exige que uma cena de suicídio seja tratada com "o mesmo nível de proteção que qualquer cena de crime em que uma morte tenha ocorrido".[21] Consequentemente, o pessoal da prisão também não conseguiu fotografar o corpo de Epstein tal como foi encontrado.[37]
A morte de Epstein foi a primeira morte classificada como suicida do Centro Correcional Metropolitano em quatorze anos. Michael Baden (patologista forense) e o programa jornalistico 60 Minutes questionaram se Epstein, que tinha quase um metro e oitenta de altura e pesava 84 quilos, poderia fisicamente conseguir se enforcar no beliche de baixo. As fotos tiradas após a morte também mostram frascos e remédios na cama de cima.[21] Um ex-detento do CCM relatou que os lençóis não seriam suficientemente fortes para surpotar um homem de 84 quilos sem rasgar.[20] Baden questionou por que Epstein não usou outros materiais disponíveis em sua cela como ligadura ou fios de uma máquina de apneia do sono, que eram mais fortes e mais longos.[21]