Nulificação por juri ocorre quando os jurados em um julgamento votam pela inocência do réu por acreditarem nela por algum motivo independente da lei existente, dos fatos apresentados durante o julgamento, ou das instruções do juiz.
A nulificação por juri advém do direito comum inglês e dos direitos estabelecidos pela Magna Carta.[1] Enquanto alguns autores argumentam que a nulificação por juri seja uma medida contra prisões injustas e tirania,[2][3] outros consideram o ato como uma violação do processo judicial.[3][4]
A história da nulificação por juri é particularmente forte nos Estados Unidos, onde os juizes não possuem a autoridade de questionar ou alterar os votos de um jurado, independente da razão dos mesmos - apesar dos jurados serem instruídos a simplesmente avaliarem os fatos apresentados durante o julgamento perante a lei existente, em côrtes contemporâneas.[5] Nos anos próximos à independência dos Estados Unidos, a nulificação por juri era tão comum que procuradores britânicos muitas vezes desistiam dos casos de acusados sob leis inglesas impopulares.[4]
Exemplos históricos de nulificação por juri incluem juris absolvendo escravos fugitivos pelas próprios convicções apesar da lei,[6] colonos norte-americanos absolvendo réus por crimes definidos na lei inglesa,[7] e juris norte-americanos absolvendo réus acusados de violar leis referentes à lei seca.[4]
No século XXI, discussões sobre nulificação por juri comumente focam em leis relacionadas a guerra às drogas.[8]
Um grupo que advoga pela nulificação por juri estima que, nos Estados Unidos, cerca de 3 a 4% dos julgamentos envolvem algum tipo de nulificação por juri.[9]
Nos Estados Unidos, onde o voto em um juri popular deve ser unânime, alguns autores argumentam que o empasse em certas votações seriam uma forma de nulificação por juri.[10]
Nos Estados Unidos, apesar da nulificação por juri ser permitida de facto, os jurados não são informados sobre a possibilidade de tal, e os juizes possuem o poder de anular o julgamento caso for estabelecido que os jurados foram informados de tal.[11][12][13]
Em 2012, o estado de New Hampshire, nos Estados Unidos, passou uma lei permitindo que advogados de defesa informassem o juri sobre o poder de nulificação,[14] mas a suprema corte do estado efetivamente nulificou a lei em 2014.[15]
Em 2017, um homem condenado a 18 anos de prisão pela venda de cannabis nos Estados Unidos argumentou que a côrte não teria informado propriamente o juri sobre seu poder de nulificação, ao que a côrte de apelos afirmou que não existe direito de nulificação por juri, apesar de que os jurados não podem ser punidos por darem um veredito de inocência contrário a lei ou aos fatos apresentados no julgamento, apesar de receberem instruções expressas do contrário.[16]