O papa-filas foi uma espécie de veículo misto utilizado como alternativa para o transporte público no Brasil durante as décadas de 1950 a 1970. Tratava-se de um misto de ônibus com caminhão, que na verdade era um semi-reboque adaptado puxado por um cavalo mecânico.
Originalmente, os primeiros papa-filas surgiram nos Países Baixos em 1924[1], tendo se espalhado pela Europa e Estados Unidos na década de 1930.
Chegou ao Brasil na segunda metade da década de 1950 para servir como alternativa ao transporte coletivo nas grandes cidades, já que os ônibus não conseguiam suprir a alta demanda de passageiros.[2] Em algumas linhas, os ônibus disponíveis não eram suficientes devido à dimensão reduzida, fazendo com que buscassem por veículos maiores e mais pesados. Além disso, a ideia era também substituir os defasados bondes, meio de transporte ainda usado até então. São considerados os "pais" dos ônibus articulados.[3]
Os primeiros modelos de papa-filas foram produzidos entre 1954 e 1956 pelas empresas Caio e Massari S.A. (fabricante de implementos e carrocerias, fundada em 1953) em parceria com a Fábrica Nacional de Motores (FNM), fabricante estatal de caminhões. A Massari fabricava o chassi do semi-reboque e recebia o encarroçamento de outras empresas, como a Grassi e Cermava. A FNM produzia o caminhão que serviria de cavalo mecânico.[4]
A empresa paulista Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), que costumava inovar e apostava em soluções para o transporte, adquiriu cerca de 50 unidades para circular na capital paulista.[5] Cerca de mais algumas dezenas de unidades foram adquiridas por empresas do Rio de Janeiro e Porto Alegre, entre outras cidades. Os primeiros modelos tinham capacidade para até 60 pessoas sentadas, chegando a ter capacidade máxima de 120 passageiros, maior do que a dos padrões da época. Devido a flexibilidade do chassis, os cavalos mecânicos de outras marcas poderiam ser usados para rebocá-los.[6]
Ao longo dos poucos anos que esteve operando, os papa-filas mostraram suas dificuldades dentro das cidades, não funcionando como esperado. Eram absurdamente lentos, pesados, desconfortáveis e barulhentos. Foram tirados de circulação ainda na década de 1960, porém, em algumas cidades circularam até a década de 1970. Um dos últimos papa-filas foi produzido pela Cermava sob chassi Fruehauf e tracionado por cavalo Mercedes-Benz para a construtora Camargo Corrêa transportar seus empregados nas obras da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira.[7]
Com o fim dos veículos, a Massari investiu na produção de ônibus monoblocos próprios com mecânica da FNM e nos primeiros trólebus e ônibus articulados, que vieram a circular nos anos 70.