O Partido Comunista Revolucionário (PCR) é uma organização política brasileira de esquerda. Seu símbolo é a foice e martelo amarelos com a estrela amarela acima e à esquerda, que simboliza a aliança operário-camponesa, sobre um retângulo vermelho onde está escrito a sigla "PCR". Publica o jornal A Verdade. É membro da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML).[4]
Foi fundado em maio de 1966, em Recife a partir de uma ruptura do PCdoB. Reivindicando a trajetória política de Josef Stálin o partido surge por considerar que a liderança do PCdoB maoista como inflexível e revisionista. A cisão do PCR com o PCdoB foi marcada pela "Carta de 12 Pontos", um manifesto escrito por Manoel Lisboa, que viria a se tornar um dos principais dirigentes do novo partido.[5]
O PCR, assim como o PCdoB, propunha para o brasil uma revolução armada nos moldes da guerra popular prolongada descrita por Mao Tsé-Tung. Propunham também que a luta armada no Brasil teria mais chances de obter sucesso na região nordeste, onde acreditavam serem mais acentuados os antagonismos entre camponeses e latifundiários.[6][7][8]
Ao longo da Ditadura militar brasileira (1964–1985), a maior parte dos militantes do PCR foi perseguida e morta. Os seus sobreviventes, então, se uniram ao MR-8, outra organização comunista que permaneceu 30 anos dentro do MDB. A partir de 1995, esses militantes rompem com o MR-8 e com MDB, e o PCR volta a se organizar independentemente, lançando seus candidatos eleitorais pelo PDT e pelo PSOL.[5][9][10]
Durante os governos de Lula e Dilma, o PCR construiu (junto com PSOL, PSTU, Polo Comunista Luiz Carlos Prestes e PCB) uma oposição de esquerda. O partido posicionou-se contra o governo de Temer, que avaliou como ilegítimo. No movimento estudantil, organiza-se por meio de sua ala jovem, a União da Juventude Rebelião (UJR). Este coletivo impulsiona o Movimento Correnteza e o Rebele-se, que compõem a Oposição de Esquerda da União Nacional dos Estudantes e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas respectivamente, junto com coletivos referenciados no PSOL.[11][12]
No movimento sindical, o PCR atua na corrente Movimento Luta de Classes (MLC). O PCR é um dos poucos partidos brasileiros de esquerda radical que optaram por atuar dentro da Central Única dos Trabalhadores, hegemonizada pelo PT. Na luta pelo direito à moradia, o partido atua dentro do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).[13][14][15]
Apesar de fazer oposição ao governo federal, nas eleições presidenciais de 2010, o PCR chamou voto em Dilma Rousseff já no primeiro turno, classificando seu oponente, José Serra, como pertencente à extrema-direita.[16] Quatro anos depois, nas eleições de 2014 o PCR apoiou Luciana Genro (PSOL) no primeiro turno e Dilma Rousseff (PT) no segundo, apesar de manter divergências ideológicas e políticas com ambos partidos.[17][18]
O PCR mantém uma "relação fraternal" com o partido de esquerda Unidade Popular (UP); a UP conta com o envolvimento de militantes do MLB e também do próprio PCR.[19][20][21]
O PCR considera tanto o Partido Comunista da União Soviética khruschevista quanto o Partido Comunista da China maoista durante a guerra fria como partidos revisionistas. Isso o aproxima da posição do Partido do Trabalho da Albânia de Enver Hoxha durante a Ruptura sino-albanesa. A linha política do PCR é abertamente influenciada por Hoxha, e o periódico do partido, A Verdade, republicou matérias favoráveis ou de autoria do líder albanês em diversas ocasiões. Por isso e por sua participação na CIPOML, diversas organizações comunistas consideram o partido hoxhaista,[22] ainda que o PCR não se declare oficialmente como tal.[23][24][25][26][27][28]
Referências
- ↑ «Manoel Lisboa de Moura». Memorial da Resistência. Consultado em 7 de julho de 2022
- ↑ «Amaro Luiz de Carvalho». Memorial da Resistência. Consultado em 7 de julho de 2022
- ↑ Luiz de Carvalho, Amaro (1 de maio de 2020) [1968]. «O Surgimento do Partido Comunista Revolucionário» (PDF). A Verdade. Consultado em 13 de julho de 2022
- ↑ 29 anos da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML), averdade.org.br, 4 de agosto de 2023
- ↑ a b OZAI, Antonio (1987). História das tendências no Brasil. (Origens, cisões e propostas) 2ª ed. São Paulo: Proposta Editorial. p. 134. OL 14733945M
- ↑ Canuto, Jeane Fialho (2016). «4.1 – A linha política do PCR». Em nome da revolução: o PCR (Partido Comunista Revolucionário) e a luta contra a ditadura militar (1966-1974) (PDF) (Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais). Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Consultado em 13 de julho de 2022
- ↑ Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «PARTIDO COMUNISTA REVOLUCIONARIO (PCR)». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 7 de julho de 2022
- ↑ Silva, Magno Francisco da (2017). «2. A concepção programática do PCR: A escolha do nordeste como área principal da revolução brasileira». Formação e trajetória do PCR em Alagoas durante a ditadura militar (1966-1973) (PDF) (Dissertação de Mestrado em História). Maceió: Universidade Federal de Alagoas
- ↑ «Vote em quem luta e defende os direitos dos trabalhadores e da juventude – Partido Comunista Revolucionário». Partido Comunista Revolucionário. 31 de agosto de 2010. Consultado em 7 de julho de 2022
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- ↑ «Fora Temer! Pelo poder popular e o socialismo! – Partido Comunista Revolucionário». Partido Comunista Revolucionário. 11 de agosto de 2016. Consultado em 7 de julho de 2022
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- ↑ «"Natal só construiu casa popular na época de Aluízio Alves». Tribuna do Norte. 11 de setembro de 2010. Consultado em 7 de julho de 2022
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- ↑ Bandeira Vermelha (11 de novembro de 2021). «Carta de afastamento do Partido Comunista Revolucionário (PCR) + relato sobre violência cometida por pessoas ligadas à direção do PCR/UP e do MLB – Davi Lira». Bandeira Vermelha. O que é o PCR/UP?. Consultado em 12 de julho de 2022
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- ↑ Manfrini, Clóvis (4 de abril de 2020). «"A crise no Partido Comunista do Brasil: a 'Carta de 12 Pontos' e o nascimento do PCR"». Nova Cultura. Consultado em 12 de julho de 2022
- ↑ «35º e 36º dias: programa de formação para a quarentena - A Verdade». Jornal A Verdade. 4 de maio de 2020. Consultado em 12 de julho de 2022