Privilégio masculino

Na sociedade muçulmana, os homens possuem muitos privilégios em relação às mulheres.

Privilégio masculino é um privilégio social (direitos, ou obrigações, sociais, econômicos e políticos exclusivos) disponíveis aos homens puramente baseados em seu sexo. Além do sexo, o acesso de um homem a esses benefícios também pode depender de outras características, como raça, orientação sexual e classe social.[1][2][3]

Preferências por filhos homens

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Em muitas sociedades, incluindo a Índia e a China, os descendentes masculinos são privilegiados e favorecidos em relação às crianças do sexo feminino.[4][5][6][7] Algumas manifestações de preferência por filhos e desvalorização das mulheres estão na eliminação de filhas indesejadas através de negligência, maus-tratos, abandono, assim como infanticídio feminino e feticídio, apesar das leis que proíbem o infanticídio e a interrupção seletiva da gravidez por causa de sexo.[7][8][9] Na Índia, algumas destas práticas têm contribuído para relações de sexo desigual em favor dos filhos do sexo masculino no nascimento e nos primeiros cinco anos.[5] Outros exemplos de privilegiar descendentes masculinos são cerimônias especiais de "orar por um filho" durante a gravidez, mais cerimônia e festividades após o nascimento de um menino, listando e apresentando filhos antes de filhas e felicitações comuns que associam boa sorte e bem-estar aos filhos.[10]

As razões dadas para preferir filhos a filhas incluem o papel dos filhos nos ritos familiares religiosos, os quais as filhas não têm permissão de realizar, e a crença de que os filhos são membros permanentes da família de nascimento, enquanto as filhas pertencem à família do marido após o casamento de acordo com a tradição patrilocal. Outras razões incluem os costumes patrilinear onde somente os filhos podem carregar o nome da família, a obrigação de pagar o dote ao marido de uma filha ou sua família e a expectativa de que os filhos sustentem financeiramente seus pais enquanto é considerado indesejável ou vergonhoso receber apoio financeiro de filhas.[7][8]

Alguns ativistas masculinistas discordam de que os homens, como grupo, possuam poder institucional e privilégios.[11][12] Além disso, também acreditam que os homens são, muitas vezes, vitimados e desfavorecidos em relação às mulheres, especialmente quanto a idade para se aposentar, menor expectativa de vida, ocupação das vagas em trabalhos insalubres ou de risco e o alistamento militar obrigatório, mesmo que a revelia de suas convicções morais.[13][14][15][16] Por exemplo, masculinistas como Warren Farrell e Herb Goldberg acreditam que os homens são prejudicados e discriminados e que o poder é uma ilusão para a maioria dos homens. Em resposta, Sarah Maddison, da Universidade de Tecnologia de Sydney, escreveu que ativistas dos direitos dos homens "mobilizam discursos de poder como se relacionando puramente à experiência individual, com pouca conceituação de estruturas sociais ou espaços além daqueles envolvidos na vida pessoal e familiar diária."[17]

Referências

  1. Phillips, Debby A.; Phillips, John R. (2009). «Privilege, Male». In: O'Brien, Jodi. Encyclopedia of Gender and Society. Volume Two. Thousand Oaks, Calif.: SAGE Publications. pp. 683–684. ISBN 978-1-4129-0916-7 
  2. Coston, Bethany M.; Kimmel, Michael (2012). «Seeing Privilege Where It Isn't: Marginalized Masculinities and the Intersectionality of Privilege». Journal of Social Issues. 68 (1): 97–111. doi:10.1111/j.1540-4560.2011.01738.x 
  3. McIntosh, Peggy (2003). «White Privilege and Male Privilege». In: Kimmel, Michael; Ferber, Abby L. Privilege: A Reader. Boulder, Colorado: Westview Press. pp. 3–25. ISBN 978-0-8133-4056-2 
  4. Ryju, S.; Lahiri-Dutt, eds. (2011). Doing gender, doing geography: emerging research in India. New Delhi: Routledge. p. 212. ISBN 978-0-415-59802-6 
  5. a b Weiner, M.; Varshney, A.; Almond, G. A., eds. (2004). India and the politics of developing countries. Thousand Oaks, Calif.: SAGE Publications. p. 187. ISBN 978-0-7619-3287-1 
  6. Joseph, W. A., ed. (2010). Politics in China: an introduction. Oxford: Oxford University Press. p. 308. ISBN 978-0-19-533530-9 
  7. a b c Lai-wan, C. C.; Eric, B.; Hoi-yan (2006). «Attitudes to and practices regarding sex selection in China». Prenatal Diagnosis. 26 (7): 610–613. doi:10.1002/pd.1477 
  8. a b Singh, K. (2012). «Man's world, legally». Frontline. 29 (15). Consultado em 13 de maio de 2013 
  9. Koop, C. E.; Pearson, C. E.; Schwarz, M. R., eds. (2002). Critical issues in global health. San Francisco, Calif.: Wiley. p. 224. ISBN 978-0-7879-6377-4. Em todo o mundo, o privilégio masculino também se reflete, de forma diversa, na concessão, aos filhos, de acesso preferencial aos cuidados de saúde, ao aborto seletivo por sexo, ao infanticídio feminino ou ao tráfico de mulheres. 
  10. Croll, E. (2000). «Ethnographic voices: disappointing daughters». Endangered daughters: discrimination and development in Asia. London: Routledge. pp. 70–105. ISBN 978-0-203-17021-2 
  11. Kimmel, M. S. (1987). «Men's Responses to Feminism at the Turn of the Century». Gender & Society. 1 (3): 261–283. doi:10.1177/089124387001003003 
  12. Clatterbaugh, K. (2007). «Men's rights». In: Flood, M. International Encyclopedia of Men and Masculinities. London: Psychology Press. p. 430–433. ISBN 978-0-415-33343-6 
  13. Messner, M. A. (1998). «The Limits of the "Male Sex Role": An Analysis of the Men's Liberation and Men's Rights Movement's Discourse». Gender & Society. 12 (3): 255–276. doi:10.1177/0891243298012003002 
  14. Dunphy, R. (2000). Sexual Politics: An Introduction. Edinburgh: Edinburgh University Press. p. 88. ISBN 978-0-7486-1247-5 
  15. Flood, M. (2007). «Men's movement» (PDF). International Encyclopedia of Men and Masculinities. London: Psychology Press. pp. 418–422. ISBN 978-0-415-33343-6 
  16. Clatterbaugh, K. (2007). «Anti-feminism». In: Flood, M. International Encyclopedia of Men and Masculinities. London: Psychology Press. p. 21. ISBN 978-0-415-33343-6 
  17. Maddison, Sarah (1999). «Private Men, Public Anger: The Men's Rights Movement in Australia». Universidade de Newcastle. Journal of Interdisciplinary Gender Studies. 4 (2): 39—52. ISSN 1325-1848. Consultado em 27 de junho de 2017