Alice Caymmi | |||||||
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Álbum de estúdio de Alice Caymmi | |||||||
Lançamento | 9 de setembro de 2014 | ||||||
Gênero(s) | MPB | ||||||
Duração | 30:11 | ||||||
Idioma(s) | Português | ||||||
Formato(s) | CD, download digital | ||||||
Gravadora(s) | Joia Moderna Universal Music (Relançamento) | ||||||
Produção | Diogo Strausz[1] | ||||||
Cronologia de Alice Caymmi | |||||||
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Rainha dos Raios é o segundo álbum da cantora brasileira Alice Caymmi, lançado em 9 de setembro de 2014. É o primeiro lançamento da cantora pela Joia Moderna e com o produtor Diogo Strausz.[2]
Enquanto o álbum anterior, Alice Caymmi, consistia de músicas autorais e dois covers; Rainha dos Raios traz majoritariamente regravações e duas faixas originais. Alice atribuiu isso a uma mudança pela qual passou, e afirmou também que já nem apresenta mais as faixas do primeiro álbum em shows. Segundo ela:[3]
“ | É meu disco e, sem tirar onda, eu o ouço muito, porque ele diz bastante sobre minha vida. Fiz esse álbum pensando no que eu paro para ouvir, nas coisas que eu gosto de ouvir e do jeito que eu gosto de ouvir. Parece que fiz o disco para mim. Fico rindo, brincando e lembrando de vários momentos. | ” |
Em outra entrevista, ela o definiu da seguinte forma:[4]
“ | A rebeldia, o punk e o rock já fazem isso, não tem nenhuma novidade, mas há o contexto do Brasil. O meu grande desafio é criar uma estética artística forte em um país difícil de interpretar. Um país com história negra e indígena, um país colonizado, sofrido. Ser artista no Brasil é quase ser um antropólogo. | ” |
Sobre fazer tantos covers, ela explicou: "não gosto de escrever o que quero dizer, gosto de usar as palavras de outras pessoas. [...] Gosto de cantar situações que nunca vi acontecer. É uma forma de viver outras coisas."[1]
O álbum deu origem à primeira turnê brasileira da cantora, pré-estreada em Salvador, Bahia.[5]
As faixas "Como Vês" e "Meu Mundo Caiu" figuraram na trilha sonora da minissérie Felizes para Sempre?, da Rede Globo.[4] "Meu Recado", uma das duas autorais, foi escrita em parceria com Michael Sullivan a quem Alice credita "80% da minha vida musical".[3]
"Sou Rebelde" é uma regravação de "Soy Rebelde", hit de 1971 da cantora Jeanette, e que foi sucesso nacional em 1978 na voz de Lilian, com letra em português feita por Paulo Coelho). "Princesa", outra regravação, foi lançada originalmente pelo funkeiro MC Marcinho. Sobre a faixa, Alice disse: "É muito delicioso você nascer numa família importante pra caralho dentro da música e gravar um MC Marcinho só de sacanagem. Isso foi a coisa mais deliciosa que pude fazer na vida".[3] Em outra entrevista, ela disse ainda: "Eu tenho esse lado meio rebelde sem causa, sabe? É meio birra, uma coisa meio imatura, mas que, em um ambiente artístico, faz sentido. Por isso eu cantei essa música, que é uma grande besteira, mas que tem a ver com essa coisa adolescente, ridículo e risível, e que ao mesmo tempo me salvou."[4]
A faixa "Iansã" foi composta pelos brasileiros Gilberto Gil e Caetano Veloso e refere-se à divindade de mesmo nome. Sobre sua figura, Alice disse: "Os deuses do candomblé têm toda uma mitologia própria que diz respeito a coisas fundamentais da gente, e Iansã é o ir de um polo a outro, o que eu acho que é a grande questão hoje em dia. É a transição rápida demais da euforia para a depressão, do tempo bom para o tempo ruim. O meio-termo está longe de nós. E ela faz isso. Além do poder de ruptura desse orixá, além de ser uma mulher guerreira absolutamente poderosa, bélica e feminina, ela tem poder sobre esses dois polos. Ela é a rainha desse equilíbrio."[3]
N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |
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1. | "Como Vês" |
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4:37 | |
2. | "Homem" | 4:02 | ||
3. | "Meu Recado" | 3:57 | ||
4. | "Princesa" | 3:49 | ||
5. | "Meu Mundo Caiu" | 3:24 | ||
6. | "Antes de Tudo" |
|
2:49 | |
7. | "Sou Rebelde (Soy Rebelde)" |
|
2:52 | |
8. | "Iansã" |
|
3:29 | |
9. | "Jasper" |
|
4:12 | |
Duração total: |
30:11[6] |
Críticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
Miojo Indie | 9/10[7] |
Na Mira do Groove | 6/10[8] |
O Globo | ótimo[9] |
O álbum recebeu críticas mistas a positivas da crítica.
Cleber Facchi, do Miojo Indie, disse que o álbum "está longe de ser resumido como um simples 'disco de versões'", e que o produtor Diogo Strausz "brinca não apenas com a base experimental de cada canção, mas com a essência da própria cantora", concluindo que "Rainha dos Raios é o disco em que Caymmi seguramente derruba os próprios bloqueios, revelando um caminho que mesmo inconstante, se mantém limpo e convidativo ao visitante."[7]
Tiago Ferreira, do De Olho no Groove, deu nota 6/10 ao álbum, afirmando que o próximo será melhor e concluindo: "contrariando os rumos que um membro Caymmi seguiria, Alice Caymmi tem na subversão, a despeito de qualquer técnica, seu maior trunfo musical. O escopo que ela oferece em Rainha dos Raios foge dos enfadonhos exemplos de intérpretes que jorram como água de chuva ácida na música brasileira."[8]
Carlos Albuquerque, d'O Globo, comparou os cabelos de Alice na capa aos cabelos de PJ Harvey em Rid of Me. Disse também que Alice aparece mais segura e original em Rainha dos Raios, comentando: "De mãos dadas com o músico e produtor Diogo Strausz, Alice faz a travessia entre um trabalho e outro — e no processo, tudo o que havia de desviante foi descartado, e o que havia de promissor foi concretizado."[9]
Foi eleito o terceiro melhor disco nacional de 2014 pela Rolling Stone Brasil[10] e indicado ao 26º Prêmio da Música Brasileira, na categoria "Melhor Álbum de Pop/Rock/Reggae/Hiphop/Funk", levando Alice a ser indicada também na categoria "Melhor Cantora de Pop/Rock/Reggae/Hiphop/Funk".[11] Em 2019, Mauro Ferreira o elegeu um dos 10 álbuns fundamentais dos anos 2010.[12]