Ray Blanton | |
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44º Governador do Tennessee | |
Período | 1975 – 1979 |
Antecessor(a) | Winfield Dunn |
Sucessor(a) | Lamar Alexander |
Membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos pelo 7º distrito do Tennessee | |
Período | 1967 - 1973 |
Antecessor(a) | Tom J. Murray |
Sucessor(a) | Ed Jones |
Dados pessoais | |
Nascimento | 10 de abril de 1930 Condado de Hardin, Tennessee[1] |
Morte | 22 de novembro de 1996 (66 anos) Jackson, Tennessee[2] Cemitério Shiloh Church , Hardin, Tennessee[3] |
Nacionalidade | Americano |
Alma mater | University of Tennessee (B.S.)[4] |
Cônjuge | Betty Littlefield,[5] Karen Flint |
Partido | Democrata |
Religião | Metodista[6] |
Profissão | Empresário, Político |
Leonard Ray Blanton (10 de abril de 1930 – 22 de novembro de 1996) foi um político americano, o 44º Governador do Tennessee, com mandato de 1975 até 1979. Ele também serviu por três mandatos na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, de 1967 a 1973. Embora ele tenha iniciado uma série de reformas de governo e tenha sido articulador para localização de investimentos estrangeiros no Tennessee, seu mandato como governador foi marcado por escândalos, nomeadamente sobre a venda de indultos penais e extorsão no licenciamento de produção de bebidas alcoólicas.[1]
Blanton nasceu perto de Adamsville, Tennessee, filho de Leonard e Ova (Delaney) Blanton.[1] Foi criado em uma família pobre de mão de obra meeira em estradas.[7] Ao trabalhar na firma de sua família em estradas, ele ocasionalmente envolvia-se em brigas em bares do Mississippi e certa vez foi atingido no pescoço de raspão por uma bala perdida.[7] Blanton graduou-se na Shiloh High School em 1948 e obteve uma licenciatura em agricultura na Universidade do Tennessee, em 1951. Ele lecionou em uma escola de Mooresville, Indiana, de 1951 a 1953, quando ele retornou para Adamsville para trabalhar no negócio familiar de construção, a B & B Construction.[4]
Em 1964 Blanton foi eleito para a Câmara dos Representantes do Tennessee, representando o Condado de McNairy.[4] Frequentemente permanecia nas cadeiras de trás da câmara usando óculos de sol durante a sessão legislativa.[1]
Em 1966 Blanton disputou para o Congresso, enfrentou Tom J. Murray, o detentor de 12 mandatos consecutivos e aliado da antiga máquina política de Crump nas primárias democratas, pleiteando representar o 7º distrito congressional, situado em Jackson, incluindo Adamsville no Tennessee. Em uma grande surpresa, Blanton superou Murray para a nomeação democrata, vencendo por apenas 384 votos de um total de 70.000.[8] Venceu nas eleições gerais e foi reeleito duas vezes.
Como congressista Blanton teve atuação relativamente pobre, propôs alguns projetos de significado e atuou em apenas duas comissões: a Comissão distrital de Columbia e no Comitê de comércio exterior e interestadual.[9] Ele focou em seus eleitores, ou seja, tentando adquirir o financiamento para projetos no Tennessee, incluindo o programa Head Start (na área da saúde), o primeiro do estado.[9] Ele despachou muito tempo em seu escritório distrital, respondendo às preocupações dos eleitores e frequentemente falava para grupos de estudantes.[9] Blanton criticou o movimento anti-guerra do Vietnam,[9] votou contra a ampliação do direitos ao sufrágio e se opôs a redução para 18 anos a idade mínima para voto.[10]
O Tennessee perdeu um distrito congressional após o censo de 1970, então o legislativo fundiu o distrito de Blanton com o vizinho 8º distrito de seu colega popular democrata, Ed Jones. Ao invés de disputar contra Jones, em 1972, Blanton decidiu concorrer para o Senado dos Estados Unidos. Ele facilmente venceu a primária democrata e enfrentou o empresário republicano, Howard Baker, nas eleições gerais. Ao contrário de Blanton, Baker tinha apoiado a lei de ampliação de direitos ao sufrágio e a redução da idade de voto, ajudando dois eleitorados vitais para a vitória, os eleitores negros e jovens eleitores.[10] Baker também envolveu o nome de Blanton ao candidato presidencial democrático mais liberal, George McGovern. No dia da eleição, Baker ganhou por grande margem, com 716.534 votos sobre 440.599.[10]
Em 1974, Blanton venceu a eleição primária democrata em que disputavam doze candidatos para governador. Com apenas 23% dos votos,[1] ele derrotou vários adversários bem financiados, incluindo o extravagante banqueiro do Tennessee leste Jake Butcher, o âncora de notícias do Nashville News Hudley Crockett e o ex-senador Ross Bass.[10] Seu adversário na eleição geral foi Lamar Alexander, que tinha sido assessor de campanha para o empresário, Winfield Dunn (a constituição do estado impedia mandatos consecutivos de governadores, assim Dunn não podia concorrer). Embora Dunn e os republicanos tivessem anulado o domínio dos Democratas na política de estado em 1970, o partido republicano foi manchado pelo Caso Watergate.[10] No dia da eleição, Blanton derrotou Alexander com 576.833 votos sobre 455.467.[10]
Após sua posse, Blanton propôs um imposto de renda estadual, mas o legislativo do Tennessee, temendo uma revolta dos eleitores, recusou-se a considerá-lo e em vez disso, levantou o imposto sobre vendas do estado.[10] Blanton revisou os impostos de consumo do Estado e a legislação tributária de franquias, imposto de renda de salões (saloon) do estado para fornecer auxílio para idosos residentes no estado.[10] Ele também elevou o departamento de turismo do estado para gabinete, sendo o estado pioneiro no país a fazê-lo,[1] bem como atualizou o sistema de aposentadoria do estado.[1]
A administração de Blanton destacou-se pelo extenso recrutamento de oportunidades estrangeiras industriais e comerciais. Ele fez várias viagens à África, o Oriente Médio, Japão e Europa, em um esforço para formar parcerias econômicas com investidores estrangeiros. Ele foi criticado pelos custos destas viagens, mas foi fundamental para trazer investimento britânico, alemão e japonês, para o estado.[1] Em 1976, ele organizou uma reunião com vários representantes das Nações Unidas em Nashville.[4]
Em fevereiro de 1978 a Constituição foi alterada para permitir que Blanton e futuros governadores do Tennessee pudessem reeleger-se. Blanton não buscou a reeleição. Dessa forma o adversário republicano Lamar Alexander, venceu em novembro de 1974.
Administração do Blanton foi frequentemente acusada de gastos extravagantes. Ele aceitou um controverso aumento de salário de $20.000,[4] e frequentemente levava amigos em viagens às custas do estado.[7] Ele e seus assessores cobraram $21.000 de contas do estado para acompanhantes de passeio (guias notournos), aluguel de limusine e telefonemas pessoais, embora eles eventualmente reembolsassem o dinheiro.[7] Blanton foi criticado pela criação de uma grande rede de Mecenato com funcionários de Condados, afirmando que eles eram seus conselheiros políticos. A empresa de sua família foi beneficiada com um contrato de pavimentação em um parque estadual, embora Blanton houvesse assegurado que a empresa não faria negócios com o estado durante seu governo.[7]
Em 1977, o "escândalo carro excedente" surgiu quando funcionários do estado foram acusados de vender carros excedentes de propriedade do estado para aliados políticos. Charles Bell, Comissário de serviços gerais, foi forçado a renunciar, e Sonny McCarter, diretor da divisão de Propriedade excedente do estado, confessou culpa em duas acusações de peculato. O comissário de transporte Eddie Shaw foi denunciado por seu papel no escândalo, mas foi absolvido.[7]
Em 1977 Blanton demitiu Marie Ragghianti, Presidente do Conselho de indultos e liberdade condicional do Estado, quando ela recusou-se a libertar prisioneiros que, conforme foi determinado mais tarde, tinham subornado funcionários do estado em troca de obter indultos (Ragghianti mais tarde processou e ganhou uma indenização de $38.000 contra o estado).[1] Em 15 de dezembro de 1978, o FBI invadiu o Capitólio do Estado e apreendeu os documentos do gabinete do conselheiro legal de Blanton, T. Edward Sisk. Sisk e outros dois foram presos, e Blanton compareceu perante um grande júri federal em 23 de dezembro, onde ele negou qualquer irregularidade.[1]
Em 15 de janeiro de 1979, perto do fim do seu mandato, Blanton concedeu perdões para 52 presos do estado, incluindo 20 assassinos condenados.[4] Entre os perdoados estava Roger Humphreys, filho de um apoiador de Blanton, que tinha sido condenado pela morte de sua esposa e um companheiro.[1] Quando Blanton assinou o indulto para Humphreys ele declarou, "este requer coragem". Seu Secretário de estado, Gentry Crowell, que estava revoltado com os perdões, respondeu, "algumas pessoas têm mais coragem do que cérebro".[7]
Enquanto Blanton declarava que os indultos fossem para cumprir uma ordem judicial para reduzir a população prisional do Estado, aumentou o interesse do FBI e dos dois partidos em verificar se os indultos estavam relacionados ao escândalo sob investigação.[1] Após o Procurador-geral dos Estados Unidos Hal Hardin (amigo de Blanton) avisou líderes do estado que Blanton estava planejando emitir mais indultos,[7] o vice-governador (o presidente do senado estadual) John S. Wilder e o presidente da Câmara dos representantes Ned McWherter procuraram uma maneira de evitar causar mais danos à reputação do estado. Possível solução estava na constituição do Estado, que é um pouco vaga sobre quando um governador recém-eleito deve prestar juramento. Decidiu-se que o sucessor Lamar Alexander iria prestar juramento três dias antes da data tradicional. Wilder mais tarde denominou a expulsão de Blanton de "impeachment ao estilo Tennessee".[11]
Embora nunca tenha sido formalmente acusado na questão dos indultos, Blanton foi indiciado sob a acusação de fraude postal, conspiração e extorsão por venda de licenças de produção de bebidas alcoólicas. Ele foi condenado e sentenciado à prisão federal. Libertado após cumprir 22 meses de prisão,[1] ele retornou ao Tennessee. Embora uma sessão da 6ª Corte geral de apelação inicialmente revogasse as condenações por causa de formalidades com que o Tribunal realizara a decisão,[12] esta decisão foi suspensa por decisão da Corte em ouvir novamente o caso em julgamento. O tribunal pleno da 6ª Corte geral confirmou as condenações de Blanton, então a Suprema Corte negou revisão.[13] Em janeiro de 1988, 9 das 11 acusações foram retiradas em um recurso separado.[1]
Blanton passou a última década de sua vida tentando, sem sucesso, reconstruir sua imagem. Em 1988 concorreu pelo 8º distrito para a Câmara de Representantes dos Estados Unidos para ocupar a vaga deixada pela aposentadoria de Ed Jones. Ele foi superado com grande margem pelo vencedor, John Tanner, ganhando pouco mais de 10% dos votos.[14] Ele então voltou a vida privada tornando-se funcionário em uma concessionária da Ford Motors em Henderson.
Blanton morreu em 22 de novembro de 1996 no Jackson-Madison County Hospital em Jackson enquanto aguardava um transplante de fígado.[2] Ele está enterrado no cemitério da Igreja de Shiloh, dentro Parque militar nacional de Shiloh (não deve ser confundido com o Cemitério Nacional de Shiloh, também localizada dentro do Parque). Seu túmulo foi marcado por um grande Obelisco.[3]
Em 2012, o site RealClearPolitics.com classificou Blanton, como um dos dez maiores corruptos políticos de todos os tempos.[15]
Uma parte da história do escândalo dos indultos foi transformada em um livro, Marie: A True Story, por Peter Maas, autor de Serpico e após transformado em filme, Marie, estrelado por Sissy Spacek na personagem de Marie Ragghianti. O advogado e futuro senador Fred Thompson, que havia servido como advogado de Ragghianti, lançou a sua carreira de ator neste filme, retratando-se. O escândalo do indulto, bem como outros, também estão detalhados no livro FBI Codename TENNPAR, escrito por Hank Hillin, o agente do FBI baseado em Nashville, que liderou a investigação na administração Blanton.[16]
Blanton casou com Betty Littlefield, em 1949. Tiveram três filhos antes de se divorciarem em 1979.[5][17] Blanton casou com Karen Flint em 1988, durante a sua tentativa de retorno para o Congresso.[18]
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