Rio Rita | |
---|---|
Cartaz do filme, em que aparece Eros Volúsia | |
No Brasil | Rio Rita |
Estados Unidos 1942 • cor • 91 min | |
Gênero | comédia musical |
Direção | S. Sylvan Simon |
Produção | Pandro Berman |
Roteiro | Richard Connell Gladys Lehman John Grant |
História | Flo Ziegfeld |
Elenco | Bud Abbott Lou Costello Kathryn Grayson Eros Volúsia |
Música | Herbert Stothart |
Cinematografia | George J. Folsey |
Edição | Ben Lewis |
Companhia(s) produtora(s) | Metro-Goldwyn-Mayer |
Distribuição | Metro-Goldwyn-Mayer |
Lançamento | 11 de março de 1942 |
Idioma | inglês |
Rio Rita (bra Rio Rita[1]) é o título de um filme comédia musical estadunidense de 1942, estrelado pela dupla humorística Abbott & Costello e que conta com a participação especial da bailarina brasileira, Eros Volúsia. Por conta disto a estreia do filme no Brasil foi antecipada, ocorrendo em janeiro de 1943.
O filme, baseado em musical homônimo de 1927 (e anteriormente já adaptado para o cinema em filme de 1929), foi trazido para o contexto da II Guerra Mundial e retratava uma situação de espionagem alemã.
Nesta refilmagem a Metro, que adquirira os direitos da história, aproveitou somente a canção-título do musical que fora filmado no começo do cinema falado, e o enredo foi enquadrado para se adequar à dupla Abbott & Costello.[2]
A sinopse deste artigo pode ser extensa demais ou muito detalhada.Julho de 2021) ( |
A história se passa na pequena cidade mexicana de Vista del Rio onde, num hotel, a jovem Rita Winslow espera reencontrar Ricardo Montera, que fora bem jovem morar nos Estados Unidos, fizera sucesso em Hollywood e estava de volta; Rita, por sua vez, era a dona do hotel desde que seu pai morrera.[1] Para gerenciar o hotel Rita contratara Maurice Craindall, um espião nazista que orienta seus asseclas Jake, Trask e Gus para, aproveitando-se da transmissão da festa pelo rádio, enviar secretamente e com base num livro de códigos, mensagem para todos os seguidores do Reich promoverem ataques nos EUA: assim, por meio de palavras inseridas nos comerciais do programa de Ricardo, este leria as palavras que dariam início aos atentados.[1] Rita resolve dar uma volta a cavalo e, atando à sela uma vitrola na qual ouvia os sucessos de seu amado Ricardo, parte do hotel justo quando o astro ali chega e, vendo tão bela mulher a cavalgar, resolve tomar uma montaria para segui-la, sem saber de quem se tratava; quando a encontra, ela está a ouvir um disco em que ele canta que é interrompido, Ricardo continua a música em pessoa e logo ela está em seus braços num ardente beijo: acreditando que ele se lembrava dela, Rita diz estar surpresa por ele não a ter esquecido, mas o artista então pergunta-lhe onde foi que se conheceram, fazendo-a perceber que ele não sabia quem ela era; após identificar-se, furiosa, ela partiu alheia às desculpas que o homem lhe dava.[1]
Ao voltar para o México Ricardo trouxera, sem saber, dois passageiros clandestinos: um magro e alto, chamado Doc; o outro, gordo e baixo, apelidado Wishy; ambos acreditavam que entraram num carro que os levaria ao Brooklyn, não para aquele país; esfomeados, andam pelo hotel e veem por uma janela algumas maçãs que planejam roubar pensando tratar-se de frutas verdadeiras; elas eram, na verdade, aparelhos alemães de transmissão que um submarino entregara ao espião Craindall para que este os distribuísse entre os agentes do Eixo a fim de instruir seus sabotadores.[1]
Wishy consegue entrar no quarto pela janela e começa a repassar as falsas maçãs ao colega Doc, que ficara a esperar do lado de fora; em seguida os dois esfomeados vão para baixo de uma árvore onde descobrem serem todas falsas e, jogando-as fora, uma delas é engolida pelo cão de guarda do hotel que, ato contínuo, passa a emitir de sua barriga uma música que é símbolo da polícia montada do México.[1]
Enquanto isto Rita se arrependera da forma como tratara Ricardo e volta a procurá-lo, vindo a encontrá-lo a conversar com uma das componentes do show do hotel, Lucette Brunswick; ela é tomada de ciúmes, mas novamente está errada: o rapaz perguntava justamente por ela ao passo em que Lucette, também uma agente nazista, falava com o artista como parte do plano de seu chefe; Rita sai dali e então encontra os dois clandestinos diante da cozinha, ainda esfomeados e farejando a comida; ao lhes saber da história e do erro de destino, resolve dar-lhes o trabalho de detetives do hotel depois, claro, de alimentá-los.[1]
Durante a noite um show tem lugar no hotel, antes de ser iniciada a transmissão por uma grande cadeia de emissoras de rádio; Ricardo entoa a canção "Rio Rita", dirigindo olhares apaixonados para a dona do hotel, mas esta se levanta e sai como quem diz não acreditar na sinceridade dele; enquanto isto Doc e Wishy entram no escritório de Craindall e bebem algo muito forte que encontram e logo passam a ter alucinações até que pensam ver um homem subir pela janela que, entretanto, era real: Harry Gantley, um agente do FBI que lhes pede auxílio contra os nazistas; revistam juntos o escritório e, numa gaveta secreta, encontram o livro-código que o agente pede a Wishy que guarde consigo; então uma mão surge na porta e desliga o interruptor: no escuro que se seguiu um tiro foi disparado e Gantley cai morto, enquanto os dois "detetives" improvisados fogem, se refugiando no barracão que Rita lhes dera para dormirem.[1]
Sem o livro que lhe permitiria realizar a transmissão das mensagens secretas, Craindall logo imagina que este se acha na posse dos dois forasteiros e dá ordens aos comparsas para recuperá-lo; Rita estava em seu quarto, chorando, quando ouve baterem na janela: era Ricardo e ela, furiosa, diz que não quer falar-lhe; o artista, contudo, diz ter algo mais sério e urgente para tratar e lhe mostra o livro-código que os dois vigaristas lhe haviam dado, e conta a ela tudo o que estava a se passar; juntos tentarão deter os planos nazistas.[1]
Enquanto Doc sai para se divertir, agora que tinham se livrado do livro, Wishy fica deitado no barracão; Lucette fora encarregada por Craindall de obter os códigos do gordinho e ela entra no quarto, beijando-o; acreditando estar num sonho, Wishy logo então percebe que não está só e resiste ao assédio; habilidosa na sedução, ela o mantém de olhos fechados e revista o quarto atrás do livro mas, ao não encontrá-lo, sai da forma que entrou; quando o "detetive" abre os olhos, Ricardo é quem está no lugar e lhe pede para ir à cidade para chamar a polícia montada mexicana, pois os cabos telefônicos foram cortados.[1]
Quando saía para sua missão, Wishy dá de cara com os comparsas de Craindall, que já haviam capturado seu colega Doc; os dois são levados de volta ao barracão, ali são amarrados e deixados com uma bomba-relógio programada para estourar às onze horas e vinte e cinco minutos da noite; enquanto fazem isto um burrico coloca a cabeça na janela e também ele engolira uma das maçãs falsas que, naquele momento, transmitia um discurso do ditador alemão, fazendo com que Jake se vire para saudá-lo: "Heil, Hitler!", ao que Wishy diz que já ouvira várias vezes a voz do líder alemão, mas que era a primeira vez que via sua cara; furioso, Jake parte para cima do gozador, sem perceber que Doc livrara uma das mãos e pusera escondido em seu bolso a bomba-relógio.[1]
Enquanto isto no hotel a festa está no fim e logo terá início a transmissão do programa com a ordem de sabotagem; Rita e Ricardo estão sob a mira dos revólveres dos nazistas e este fica impaciente por não chegar a polícia; quando um novo locutor está prestes a dar início à transmissão, Ricardo ataca Craindall e um tiroteio tem início, mas é interrompido quando todos escutam o hino da polícia montada; Craindall e seus comparsas entram num carro e fogem e, quando todos vão saudar os agentes, encontram Doc e Wishy à frente de um bando de burricos que, sintonizados com as maçãs falsas em suas barrigas, tocavam a música policial.[1]
Nisto ouvem um estouro no horizonte: era a bomba-relógio que dera cabo dos nazistas; Rita e Ricardo ficam juntos e a festa continua.[1]
O filme marca a participação da brasileira Eros Volúsia em sua breve passagem por Hollywood; a brasileira fora contratada pela MGM após ilustrar a capa da revista Life mas, apesar dos sucesso que foi essa aparição cinematográfica, ela decidiu retornar ao Rio de Janeiro e continuar sua carreira como professora de balé.[3]
Antes de sua ida para os Estados Unidos Volúsia fora homenageada no Rio de Janeiro com um jantar de despedida no Cassino Atlântico, em novembro de 1941; numa entrevista que então concedera revelou que a MGM lhe pagava, em valores da época, um salário semanal de mil dólares (o que equivalia a cinquenta contos de réis); além disto o estúdio pagara as passagens de ida e volta dela e da mãe, a poetisa Gilka Machado, e ainda permitira que realizasse apresentações em "night-clubs" enquanto ficasse no país.[4]
Na revista sobre cinema A Cena Muda foi resumido o orgulho que sua participação dava ao público brasileiro: "para nós, brasileiros, entretanto, há um outro ponto de especial agrado em Rio Rita. Referimo-nos à presença de Eros Volúsia no cast, fazendo um ligeiro número de três minutos no máximo, mas assim mesmo cativando o público. Bonita, dançarina emérita, ela tem todas as qualidades para vencer no cinema."[2]
A revista brasileira especializada A Cena Muda deu nota 2,5 para o filme (numa escala em que 1 = regular; 2 = bom; 3 = muito bom e 4 = ótimo); segundo a avaliação o filme foi centrado na dupla de humoristas e aos números musicais de Carrol e Grayson, portanto "não se pode esperar dele muita coisa" e que o romance entre os dois não convence muito, mas este é um detalhe que passa despercebido.[2]
Ainda segundo a revista os números musicais são bons, com exceção da canção "Dinorah" que foi inserida totalmente fora de contexto; conclui que "é um espetáculo divertido, que se assiste com prazer", e realça o tom político da guerra ao assinalar: "a registrar, ainda, a excelente caracterização de Hitler — ou melhor — a perfeita exteriorização do ditador alemão feita por um... burro!".[2]
(disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Brasil)
(disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Brasil)