Rosa Lobato de Faria | |
---|---|
Rosa Lobato de Faria, fotografada por San Payo em 1964 | |
Nome completo | Rosa Maria de Bettencourt Rodrigues Lobato de Faria |
Nascimento | 20 de abril de 1932 Santa Isabel, Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | portuguesa |
Morte | 2 de fevereiro de 2010 (77 anos) Lisboa, Portugal |
Ocupação | Actriz, escritora, romancista, poetisa, contista, dramaturga e guionista de novelas e séries |
Atividade | 1982 - 2010 |
Cônjuge | António de Vilas-Boas Romano e Vasconcelos Barreto Ferraz Sacchetti (3 filhos) Joaquim Aires de Figueiredo Magalhães |
Outros prêmios | |
Prémio Máxima de Literatura (2000) |
Rosa Maria de Bettencourt Rodrigues Lobato de Faria GOIH (Lisboa, Santa Isabel, Portugal, 20 de Abril de 1932 - Lisboa, Portugal, 2 de Fevereiro de 2010)[1] foi uma actriz, escritora, romancista, poetisa, contista, dramaturga e guionista de novelas e séries portuguesa.
Atriz e escritora, Rosa Lobato de Faria nasceu em Lisboa, no seio de uma família originária da Índia Portuguesa, com raízes aristocratas. Filha de Vera Corrêa Mendes de Bettencourt Rodrigues e de Joaquim António de Lemos Lobato de Faria, capitão-de-mar-e-guerra do porto da Figueira da Foz e de Caminha.
Viveu em Entrecampos e estudou quatro anos (dos 13-17 anos) no Instituto de Odivelas, colégio para filhas de militares,[2] e no Colégio Moderno. Estudou Filologia Germânica na Universidade de Coimbra.
Depois de ter sido dona de casa — enquanto casada com António Sacchetti, pretendente ao título de Visconde da Granja — e empregada numa loja de eletrodomésticos,[3] teve a sua primeira experiência como atriz por volta dos 40 anos, pela mão de António-Pedro Vasconcelos, que a levou a participar no filme Perdido por Cem... (1973).[3]
Por volta dos 50 anos inicia um percurso regular na televisão — Nicolau Breyner leva-a para o elenco de Vila Faia (1982), a primeira novela portuguesa. Quase ao mesmo tempo voltou ao cinema, com Lauro António, em Paisagem Sem Barcos (1983).
Na escrita, Rosa Lobato de Faria ganhou projeção como letrista de canções, depois de obter, já nos anos 1990, um primeiro lugar no Festival RTP da Canção com Amor de Água Fresca (1992), interpretado por Dina.[4] Mas, além de letrista, o seu nome apareceria como romancista, contista, dramaturga e guionista de novelas e séries.
Em finais dos anos 1980 colaborou na escrita do guião da sitcom Humor de Perdição, ao lado de Herman José e Miguel Esteves Cardoso (1987) — sitcom em que também participava como atriz. A esta primeira experiência seguiram-se diversas séries e novelas, tais como Passerelle (1988), Pisca-Pisca (1989), Nem o Pai Morre Nem a Gente Almoça (1990), Telhados de Vidro (1994) e Tudo ao Molho e Fé em Deus (1995).
Foi a letrista que, a par de José Carlos Ary dos Santos, permanece como a mais bem sucedida no Festival RTP da Canção, tendo obtido quatro vezes o primeiro lugar com Amor de Água Fresca (1992), Chamar a Música (1994), Baunilha e Chocolate (1995) e Antes do Adeus (1997).
Foi também nos anos 1990 que surgiu como autora de romances — estreou-se com O Pranto de Lúcifer (1995), seguindo-se, a um ritmo de uma publicação por ano, os títulos Os Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camilla S. (1997), Romance de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (1999) — galardoado com o Prémio Máxima de Literatura em 2000 — A Trança de Inês (2001) e, subsequentemente, O Sétimo Véu (2003), Os Linhos da Avó (2004) e A Flor do Sal (2005). Em coautoria participou em Os Novos Mistérios da Estrada de Sintra e Código d' Avintes. No conto publicou livros dedicados às crianças — A Erva Milagrosa, As quatro Portas do Céu e Histórias de Muitas Cores. Na poesia foi autora de A Gaveta de Baixo, longo poema inédito, acompanhado de aguarelas de Oliveira Tavares, estando o resto da sua obra poética reunida no volume Poemas Escolhidos e Dispersos (1997). Para o teatro escreveu as peças A Hora do Gato, Sete Anos – Esquemas de um Casamento e A Severa.
Além da experiência na novela Vila Faia, Rosa Lobato de Faria integrou o elenco de diversas outras séries e novelas (1987 - Cobardias, 1988 - A Mala de Cartão, 1992 - Crónica do Tempo, 1992 - Os Melhores Anos), sitcoms (1987 - Humor de Perdição, 1990 - Nem o Pai Morre Nem a Gente Almoça, 2002 - A Minha Sogra é uma Bruxa, 2006 - Aqui Não Há Quem Viva) e novelas (1983 - Origens, 2004 - Só Gosto de Ti, 2004 - O Jogo, 2005 - Ninguém como Tu).
Também voltou ao cinema, de novo com Lauro António, em O Vestido Cor de Fogo (1986), a que se seguiu, com Monique Rutler, Jogo de Mão (1984). Mais tarde, com João Botelho, participou em Tráfico (1998) e em A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América (2003).
Vitimou-a uma anemia, aos 77 anos. Era viúva de Joaquim Aires de Figueiredo Magalhães (Porto, 5 de Agosto de 1916 - Lisboa, Hospital dos Capuchos, 26 de Novembro de 2008), editor literário, com quem casara civilmente a 14 de Agosto de 1978 e de quem não teve geração, desde 26 de Novembro de 2008.
"Balão Azul", um texto inédito da escritora, foi lançado em Março 2011 é o primeiro título da coleção Biblioteca Infantil Rosa Lobato de Faria [1].
A 8 de Junho de 2010 foi agraciada a título póstumo com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[5]
Com raízes na Índia Portuguesa, Rosa Lobato de Faria foi a segunda filha de um oficial da Marinha de Guerra, Joaquim António de Lemos Lobato de Faria (Goa, Pangim, 14 de Setembro de 1902 - Lisboa, 15 de Junho de 1982), Capitão-de-Mar-e-Guerra e Capitão do Porto da Figueira da Foz e do de Caminha, 6.º neto do 5.º Conde de São Vicente e duas vezes 8.º neto por bastardia do 2.º Conde de Aveiras, e de sua mulher e duas vezes prima em 2.º grau (Lisboa, 14 de Outubro de 1927) Vera Correia Mendes de Bettencourt Rodrigues (Lisboa, 14 de Outubro de 1905 - Lisboa, 26 de Março de 1963), bisneta por varonia dum Goês 6.ª neta do 5.º Conde de São Vicente e duas vezes 8.ª neta por bastardia do 2.º Conde de Aveiras, cresceu entre Lisboa e Alpalhão, no Alentejo.
Com apenas 19 anos casou em Caminha, Moledo, a 27 de Maio de 1951 com António de Vilas-Boas Romano e Vasconcelos Barreto Ferraz Sacchetti (5 de Fevereiro de 1928 - Lisboa, 7 de Novembro de 2016), que em Monarquia seria Representante do Título de Visconde da Granja, do qual foi primeira mulher e teve duas filhas (Teresa Maria e Ana Margarida) e um filho (João Rui) e de quem se divorciou mais tarde.
De Carlos Alberto Gomes Franco (Lisboa, 12 de Junho de 1928 - 15 de Maio de 1992) teve um filho: Nuno Alexandre (1964). Teve quatro filhos: João e Teresa Sachetti, Nuno Franco e Bi Rebelo de Sousa.[2]
A sua obra As esquinas do tempo foi escrita após uma estadia numa casa de Turismo Rural real na zona de Gondomar, chamada Casa de São Miguel-Turismo Rural. As 4 irmãs que são proprietárias da casa e a decoração e espólio da mesma, transportaram a autora para um tempo 100 anos no passado o que inspirou o tema do romance. Rosa Lobato Faria, explicava isso em quase todas as apresentações do livro, embora por opção das donas do espaço, nunca se referisse ao mesmo directamente. O Turismo em causa ainda existe nos dias de hoje e está conservado conforme Rosa Lobato Faria o encontrou nessa altura. No livro de honra da Casa de São Miguel pode-se observar a dedicatória que a autora deixou ás proprietárias do Turismo Rural, bem como dedicatórias de outros amigos da autora e diversas figuras públicas (ex. Mário Zambujal, Dr. José Hermano Saraiva, D. Ximenes Bello, D. Manuel Clemente, etc). Para quem quiser visitar aquele local imaculadamente conversado dos tempos de outrorá, pode visitar online em www.casasmiguel.com e www.facebook.com/casasmiguelgondomar ou então pernoitar por lá e viver a mesma experiência da autora e compreender melhor a obra e aproveitar para visitar toda a casa e Museu privado e seguir o percurso da autora.
Adaptado do seu romance "A Trança de Inês", é lançado em 2018 o filme Pedro e Inês do realizador António Ferreira.