Soneto 129

Soneto 129

Th’ expense of spirit in a waste of shame
Is lust in action, and till action, lust
Is perjured, murd’rous, bloody, full of blame,
Savage, extreme, rude, cruel, not to trust,
Enjoyed no sooner but despisèd straight,
Past reason hunted, and no sooner had,
Past reason hated as a swallowed bait
On purpose laid to make the taker mad;
Mad in pursuit, and in possession so,
Had, having, and in quest to have, extreme;
A bliss in proof, and proved, a very woe;
Before, a joy proposed; behind, a dream.

All this the world well knows, yet none knows well
To shun the heaven that leads men to this hell.

–William Shakespeare

O Soneto 129 foi escrito por William Shakespeare e faz parte dos seus 154 sonetos.

O Soneto 129 captura completamente a essência da “luxúria”. A luxúria, como Shakespeare define neste soneto, é considerada antes da ação como “sangrenta”, durante a ação como “bem-aventurada” e a ação passada como manchada. Esta classificação tripartite dos efeitos emocionais que a luxúria traz consigo é essencial para entender o significado do soneto.[1]

Este soneto vai contra a corrente. É extraordinariamente desesperado, cheio de angústia masculina e corta o cerne, e dá uma visão dos medos e sentimentos mais profundos de Shakespeare sobre a luxúria, especificamente a luxúria do homem pela mulher. Mas ele não usa a primeira pessoa 'eu', e não há menção de mim, eu mesmo, tu, ou teu.[2]

Nele a poesia alcança a profunda amargura de um sermão calvinista.[3]

Ele é provavelmente um dos sonetos mais sexualmente explícitos de Shakespeare, chegando bem no início da terceira fase dos sonetos. Ao longo da segunda fase, o desdém cada vez maior do poeta pelo jovem e do jovem pelo poeta, com traição, triângulos amorosos, muito drama romântico.[4]

[5]

O dispêndio do ardor num ermo de vergonha
É luxúria em ação, ação mais que luxúria...
É culpada, assassina, é sangue com peçonha,
Inculta, extrema, ruim, cruel, é mera incúria,

Não só ativo gozo, em breve desprezado;
Razão de antiga busca, e cedo se não fora
De ódio antigo a razão, engodo devorado,
Intento de estender-se, a louca caçadora:

Louca no perseguir e a posse anunciar;
Tnha, tem e terá excesso em que (suponho)
Um gosto de alegria, - um gosto de pesar.
Antes, um regozijo; e, finalmente, um sonho:

Todo mundo sabe, e desconhece a luz
Que o afasta do céu, o inferno o tem e induz.</porm>

Tradução de Emmanuel Santiago

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[6]

Exaustão do vigor ao perder-se a vergonha
É luxúria em ação; e, em ação, a luxúria
É mendaz, assassina, culposa, medonha,
Irascível, feroz, sem limite ou lisura;
Desfrutada, em desprezo recai em seguida;
Desatino caçado, ao ser posto em corrente,
Detestável se torna, qual isca mordida,
Preparada a fazer quem a tome demente:
Um demente a segui-la e, também, um possesso;
Quem a teve ou a tem, inda mais se exaspera;
Uma bênção que, à prova, angustia em excesso;
Alegria primeiro, em seguida, quimera.

Todo mundo a conhece, sem ter o juízo
De furtar-se ao inferno de tal paraíso.

Referências

  1. «Sonnet 129». PoemAnalysis (em inglês). Consultado em 27 de dezembro de 2024 
  2. «Analysis of William Shakespeare's Sonnet 129». Owlcation. Consultado em 27 de dezembro de 2024 
  3. SANTOS, Mário Márcio de Almeida – ‘’Prefácio’’ – ‘’in:’’ LINS, Milton – ‘’Sonetos de William Shakespeare’’. Recife:FacForm, 2005
  4. «Sonnet 129». StageMilk (em inglês). Consultado em 27 de dezembro de 2024 
  5. SHAKESPEARE, William - Sonetos de William Shakespeare / tradutor: Milton Lins. Recife: FacForm, 2005. ISBN 978-85-98896-04-5
  6. «As traduções de Emmanuel Santiago para doze sonetos de Shakespeare, por Gilberto Cruvinel». Jornal GGN (em inglês). Consultado em 27 de dezembro de 2024