Soneto 6 |
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(continuação do Soneto 5) Then let not winter's ragged hand deface, |
–William Shakespeare |
Soneto 6 é a continuação do Soneto 5 de William Shakespeare.
A linha que abre este soneto remete à linha final do Soneto 5, como se os dois poemas fossem concebidos como um, por si só talvez uma referência à ideia de emparelhar com o casamento que informa os primeiros 17 sonetos. O "frasco" doce refere-se à destilação de perfume de pétalas mencionado no Soneto 5, mas agora é diretamente explicado e expandido como uma imagem de impregnação sexual para gerar filhos. A imagem de "usura", refere-se a replicação do investido "essência" da prole, da mesma forma que o dinheiro rende juros. A propagação das crianças nunca pode ser de exploração. Um retorno de dez vezes o investimento é para ser desejado.
Assim, não deixemos a mão rota do inverno desfigurar
De ti o teu verão antes que sejas destilada;
Adoça teus sumos; orna um lugar
Que tenha o valor da beleza antes de sucumbires.
Este uso não é a proibida usura
Que alegra os que pagam os devidos juros –
Para que cries, para ti mesma, um novo ser,
Ou sejas dez vezes mais feliz do que és.
Serias dez vezes mais alegre,
Se em dez de ti dez vezes te transmudasses;
Então, o que poderia fazer a Morte se partisses,
Passando a viver na posteridade?
Não sejas turrona, pois és por demais bela
Para que a Morte vença e os vermes te consumam.[1]
Enfim, proíbe a mão do inverno te enfear,
Antes que destilado em ti o teu valor:
Põe-no dentro de um frasco e guarda-o num lugar,
Antes de se finar o belo ainda em flor.
Isto não constitui usura proibida,
Que felicita a quem acata um pronto empréstimo;
E procura gerar figura parecida,
Dez vezes mais feliz com dez vezes mais préstimo.
Dez cópias de ti mesmo, além dos teus sonhares,
Que dos dez tempos teus dez tenham validade:
Então o que faria a Morte se ficares
Vivo assim: - te deixar para a posteridade?
Não sejas pertinaz, és homem exemplar
Para a Morte vencer e aos vermes te doar.[2]