Soneto 99 |
---|
The forward violet thus did I childe: -[nota 1] |
–William Shakespeare |
O Soneto 99 foi escrito por William Shakespeare e faz parte dos seus 154 sonetos.
Tecnicamente, este não é um soneto. É uma das duas únicas exceções entre os 154 sonetos.[nota 2] É o único que apresenta 15 versos, iniciando com um quinteto. [3]
O poema, se assemelhando a um soneto, tem, no entanto, 15 versos, fugindo à regra principal do soneto, que é ter o número de 14 versos. Analisando-se o esquema rímico, alguns autores consideram que ele inicia com um quinteto. O tradutor Milton Lins, por sua vez, entendeu ser o primeiro verso um título antes colocado e não retirado.
”O primeiro deles poderia ter sido um título inicial, abandonado no tempo pelos primeiros editores mas também conservado por constituir um verso. Colocando-o como título, belo verso que é, o soneto parece ficar mais atraente”. [1]
Há, no entanto, quem ache que é proposital essa possível anormalidade. Alguns comentaristas indicam que, por conter 15 versos e ser o número 99, este texto aponta para o ano de 1599. Este é um número crucial, no qual os elisabetanos se deleitaram.[4]
Neste poema, sobre a ausência do amado, o poeta acusa ervas da primavera e flores de roubar fragrância e cor do amado. Está intimamente ligado ao soneto 98, sendo-lhe a continuação. [3]
O soneto faz parte da série dos primeiros 126, que pertencem à sequência Fair Youth de Shakespeare, todos dedicados a um jovem desconhecido. [nota 3] Este soneto continua de onde o ‘Soneto 98’ parou, falando sobre a juventude em relação aos temas da primavera, vida nova e natureza.[5]
Censurei a violeta mais famosa[nota 4]
Ladra, de onde roubaste a flor cheirosa,
Do arfar do meu amor? Lilás contraste
Que nas tuas maçãs é cor de rosa,
Nas veias dele, em belo tom, coraste,
O lírio condenei com tua mão,
Brotos de manjerona em teu cabelo:
As rosas com espinho, apreensão,
Rubor de acanhamento e desespero;
Outro os roubou, não foi coral nem branco,
E a tal roubo somou o teu suporte;
Mas, em compensação – um prêmio franco:
A praga vegetal levou-o à morte.
Notei as flores, mas não pude ver
- Se o doce ou a cor roubou do teu poder.