Susana Trimarco | |
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Susana Trimarco (esquerda) e María de los Ángeles Verón (direita) | |
Nascimento | 1954 Tucumán, Argentina |
Residência | Argentina |
Nacionalidade | Argentina |
Cidadania | Argentina |
Cônjuge | Daniel Verón (1975–2010) |
Filho(a)(s) | Marita Verón |
Ocupação | Ativista |
Distinções | Prêmio Internacional às Mulheres de Coragem em 2007 Premio Cristo Rey em 2008 Premio Sarmiento em 2011 |
Página oficial | |
Fundación María de los Ángeles | |
Sara Susana del Valle Trimarco de Verón,[1][2] ou Susana Trimarco (nascida em 1954), é uma ativista de direitos humanos argentina cujos esforços para combater o tráfico humano e a corrupção foram reconhecidos internacionalmente. Após o desaparecimento de sua filha em 2002, que possivelmente foi sequestrada por uma rede de tráfico humano, ela passou anos a procurando e iniciou uma fundação de apoio às vítimas de tráfico sexual. Crê-se que graças a sua pressão, a corrupção e a impunidade governamentais na Argentina vieram à tona, discussão que levou a uma lei de 2011 banindo a propaganda de serviços sexuais em jornais e revistas.
A filha de Susana Trimarco, Marita Verón (nascida María de los Ángeles Verón), foi sequestrada em San Miguel de Tucumán, capital da Província de Tucumán, em 3 de abril de 2002. Marita era mãe de uma menina de dois anos de idade e tinha ido a uma consulta médica quando, de acordo com uma testemunha, foi puxada para dentro de um carro vermelho. Acredita-se que ela foi forçada a se prostituir.
Para tentar encontrá-la, Susana começou a frequentar prostíbulos vestida como uma garota de programa. Ela recebeu ameaças e pistas falsas a fim de atrapalhar a sua busca. Suas investigações levaram à libertação de outras mulheres supostamente privadas de suas liberdades, mas sua filha segue desaparecida.[3]
Susana criou a Fundación María de los Ángeles ("Fundação María de los Ángeles") em 2007, visando a resgatar garotas sequestradas na Argentina. Ela afirma ter conseguido libertar centenas de mulheres.[4]
Em fevereiro e março de 2012, Susana testemunhou no julgamento de 13 suspeitos, incluindo policiais, acusados de sequestrar Marita Verón e vendê-la a traficantes de pessoas. Todos os réus foram absolvidos em 12 de dezembro de 2012.[5]
Ao todo sete homens e seis mulheres foram indiciados formalmente pelo sequestro de Marita, mas foram absolvidos no tribunal penal de Tucumán. Uma semana depois, Susana Trimarco encontrou-se com a presidente da Argentina e foi iniciado o processo de impeachment contra os três juízes que proferiram este veredito[6][7].Em dezembro de 2013, dez dos originalmente 13 acusados foram condenados pelo sequestro e exploração sexual de Marita Verón.[8]
A luta de Susana Trimarco expôs a indústria do tráfico de pessoas e levou a conhecimento público as questões sobre a corrupção de altos funcionários e sobre a impunidade das redes de tráfico humano. Como resultado de seus esforços, a Argentina aprovou uma lei em 2008 que torna o sequestro e o lenocínio de pessoas um crime federal. Também se estabeleceu uma Agência de Resgate e Acompanhamento para prover assistência jurídica às vítimas.
Seu empenho ainda possibilitou o resgate de 3 mil pessoas exploradas pelo tráfico humano na Argentina.[9] Em 2011, a presidente Cristina Fernández de Kirchner decretou a proibição do "Rubro 59" (como era conhecida a seção de comércio sensual nas publicações argentinas),[10] banindo a publicidade de serviços deste gênero em jornais e revistas,[11][12][13][14] Pela primeira vez, o Ministério da Defesa da Argentina pôde revelar que forças policiais estavam implicadas nas redes de tráfico.[11]
No mesmo ano, além da aprovação da lei antitráfico, foi estabelecida uma Agência de Resgate no âmbito do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos para supervisionar a prevenção e a investigação de crimes de tráfico de pessoas e para oferecer assistência legal às vítimas[11].
No dia 8 de março de 2007, o Departamento de Estado dos Estados Unidos agraciou Susana Trimarco com o Prêmio Internacional às Mulheres de Coragem, concedido pela Secretária de Estado Condoleezza Rice. A condecoração oficial diz:
A Sra. Susana Trimarco de Verón encarou perigos e ameaças em seus esforços para combater o tráfico humano e para encontrar sua filha, sequestrada por traficantes. Desesperada, a Sra. Trimarco se colocou em situações perigosas ao se disfarçar de garota de programa, percorrendo bares e ruelas à procura de qualquer um que pudesse saber o paradeiro de Marita. Apesar das pistas falsas e das ameaças de morte, ela descobriu evidências de redes de traficantes operando nas províncias argentinas de La Rioja, Tucumán, Buenos Aires, Córdoba e Santa Cruz. Graças ao seu trabalho, agora o tráfico humano está ganhando atenção do público e do governo na Argentina e as vítimas estão sendo encorajadas a denunciar o crime.[1][2]
O Senado Nacional argentino também concedeu a Susana Trimarco o Premio Domingo Faustino Sarmiento pelo seu trabalho de promoção dos Direitos Humanos.[15]
Em 14 de março de 2012, o governo canadense conferiu a ela o prêmio John Diefenbaker pela Defesa dos Direitos Humanos e da Liberdade.[16][17]
Susana Trimarco foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz de 2013.[18]
A novela Vidas Robadas ("Vidas Roubadas") da emissora Telefe foi inspirada neste caso.[4]
Susana Trimarco também foi tema de um documentário de 2009, Fragmentos de una Búsqueda (Fragmentos de uma Procura), dirigido por Pablo Milstein e Norberto Ludín.[19][20]
Um episódio da 16ª temporada da série estadunidense Law & Order: Special Victims Unit, "Undercover Mother" ("Mãe Disfarçada"), foi inspirado em sua história.