Foram assinalados vários problemas nesta página ou se(c)ção: |
| ||||
---|---|---|---|---|
Freguesia | ||||
Vista sobre o Monte Brasil a partir da encosta das Veredas, freguesia da Terra Chã | ||||
Símbolos | ||||
| ||||
Localização | ||||
Localização de Terra Chã nos Açores | ||||
Coordenadas | 38° 40′ 27″ N, 27° 14′ 56″ O | |||
Região | Açores | |||
Município | Angra do Heroísmo | |||
História | ||||
Fundação | 1825 | |||
Administração | ||||
Tipo | Junta de freguesia | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 10,48 km² | |||
População total (2011) | 2 915 hab. | |||
Densidade | 278,1 hab./km² | |||
Código postal | 9700-711 | |||
Outras informações | ||||
Orago | Nossa Senhora de Belém | |||
Sítio | juntafterracha |
Terra Chã é uma freguesia suburbana açoriana do município de Angra do Heroísmo, com 10,48 km² de área e 2 915 habitantes (2011; densidade: 278,1 hab./km²).
Situa-se a cerca de 5 km a noroeste do centro da cidade de Angra do Heroísmo, na parte sul da ilha Terceira, sendo uma das poucas freguesias açorianas consideradas interiores, isto é cujo território não confina com a costa da ilha.
Integrada na cintura suburbana de Angra do Heroísmo, foi curato da paróquia de São Pedro de Angra até ser elevada a freguesia por alvará do rei D. João VI, datado de 6 de Setembro de 1825, embora apenas tenha sido delimitada e instalados os seus órgãos autárquicos por alvará do Governo Civil de Angra de 26 de Novembro de 1835.
É o palco principal dos livros Arquipélago, A Vida no Campo e A Vida no Campo: Os Anos da Maturidade, de Joel Neto, autor também do hino oficial da freguesia.
A freguesia da Terra Chã ocupa um território aplanado, daí o topónimo,[1] de forma irregular, sem limites naturais definidos, sito na base da encosta da Serra do Charcão, designação localmente dada à vertente sudoeste do maciço da Caldeira de Guilherme Moniz. Sem atingir a costa, é limitado a sul pelas freguesias de São Mateus da Calheta e de São Pedro de Angra; a oeste, noroeste e norte pela freguesia de São Bartolomeu dos Regatos; e a nordeste e leste pelas freguesias do Posto Santo e de Santa Luzia de Angra.
O território da freguesia desenvolve-se maioritariamente sobre escoadas basálticas recentes (<100 000 anos) provenientes de erupções fissurais ocorridas na região do Pico da Bagacina, as quais produziram lavas muito fluidas que escorreram para a costa sul da ilha.[2] A acumulação das sucessivas escoadas, algumas localmente com algumas dezenas de metros de espessura, produziu uma paisagem aplanada, com a superfície recoberta de clínquer a que se juntou uma camada, em geral pouco espessa, de bagacinas e outros piroclastos provenientes das erupções que originaram os pequenos cones existentes na freguesia e nas imediações, nomeadamente os do Pico da Urze e da Boa Hora.
Em consequência desta génese, os solos existentes na freguesia são quase exclusivamente regossolos litólicos, com predominância de cascalheiras basálticas resultantes da degradação do clinker, enquadráveis na sua maioria no conceito de biscoitos.
A excepção ocorre nas encostas do Charcão e na zona alta em torno das Veredas e Matela, território muito mais antigo (> 3 Ma), constituído por traquibasaltos e traquitos pertencentes à formação da Caldeira Guilherme Moniz/Cinco Picos.[3] Essa zona, ao longo de uma linha cujo contorno é ainda visível na transição para a zona aplanada da freguesia, correspondeu por largo tempo à costa da proto-ilha Terceira e está muito marcada pela meteorização, apresentando algumas formações de calhaus aborregados típicas da evolução das paisagens traquibasálticas. O recobrimento é dominado por piroclastos traquíticos, provenientes das grandes erupções pós-caldeira da Serra de Santa Bárbara e de uma fonte local, em torno da Matela, onde a espessa camada de materiais pomíticos apresenta forte alteração hidrotermal. Os solos resultantes são mais evoluídos, localmente profundos, em parte enquadráveis na categoria dos andossolos.
A génese e geomorfologia do território da Terra Chã leva assim ao aparecimento de dois tipos de paisagem:
A estrutura urbana da freguesia da Terra Chã segue um padrão misto, com uma estrutura linear, típica das zonas rurais terceirenses, antiga e relativamente estabilizada em torno do antigo caminho que subindo dos Portões de São Pedro de Angra pela Boa Hora ligava a cidade às Doze Ribeiras e demais povoados do sudoeste e oeste da ilha (o antigo Caminho de Cima, hoje a EM 501), à qual se sobrepôs uma malha urbana relativamente nucleada, constituída por zonas habitacionais recentes (na sua maioria posteriores ao terramoto de 1980) e já de carácter marcadamente suburbano. Dessa estrutura resultam os seguintes núcleos:
A Terra Chã é rica em quintas assolaradas, tendo sido lugar de residência e de veraneio de parte importante da burguesia e da aristocracia de Angra do Heroísmo. As quintas dos grandes proprietários eram constituídas por uma habitação, grandes pátios jardins bem cuidados, hortas, pomares, vinhas, campos de pastagem e chafarizes. Para cuidar das quintas existiam os quinteiros, que tinham a sua pequena casa na quinta onde trabalhavam.
Exemplo destes imóveis são o Solar dos Corvelos, a Quinta de Nossa Senhora do Rosário, a Quinta da Boa Hora, a Quinta das Casas (ou Quinta de Santa Luzia), a Quinta dos Simões, a Quinta dos Prazeres, a Quinta de Nossa Senhora da Guia e a Quinta Viana. Existiram ainda outras quintas, entre as quais a da Canada do Fisher (no Pedregal), a Quinta do Loura (agora Quinta do Boi Negro) e da Árvore Grande (na Canada de Belém).[5]
É igualmente nesta freguesia que se localiza a A.C.M. — Associação Cristã da Mocidade da Ilha Terceira, Instituição de solidariedade social fundada a 14 de Novembro de 1980, com sede na Canada dos Folhadais, área rural da freguesia da Terra Chã.[6]
A partir de 1864, ano em que se realizou o primeiro recenseamento pelos modernos critérios demográficos, a evolução da população da freguesia foi a seguinte:
Evolução da população da Terra Chã | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | 2021 |
1 391 | 1 339 | 1 346 | 1 267 | 1 201 | 1 137 | 1 262 | 1 258 | 1 475 | 1 575 | 1 345 | 1 329 | 2 512 | 2 783 | 2 915 | 2 888 |
Grupos etários em 2001, 2011 e 2021
0-14 anos | 15-24 anos | 25-64 anos | 65 e + anos | |
Hab | 720 | 595 | 395 | 471 | 453 | 371 | 1 348 | 1 625 | 1748 | 244 | 242 | 374 |
Var | -17% | -34% | -4% | -18% | +21% | +8% | -1% | +55% |
A evolução demográfica da freguesia da Terra Chã, como aliás foi a norma na generalidade dos povoados da ilha Terceira, foi marcada pela emigração, primeiro para o Brasil, depois para os Estados Unidos e finalmente para o Canadá, e pelas consequências do terramoto de 1 de Janeiro de 1980, que causou grandes danos na localidade e desencadeou a concentração da população no bairro de realojamento então criado na Canada de Belém, próximo do centro da freguesia. A influência demográfica do Bairro Social da Terra Chã, a estrutura urbana que resultou daquele realojamento, é bem visível a partir do censo de 1991, quando a população da freguesia quase duplica.
Próxima da cidade e situada numa zona de terrenos pobres, na sua maioria de biscoito, a economia da Terra Chã, sempre assentou em três vectores, os quais se foram alternando em predominância ao longo dos tempos:
O fornecimento de lenhas e madeiras, a partir das matas da freguesia e dos matos das encostas da Serra de Santa Bárbara, foi uma importante actividade económica na freguesia até ao último quartel do século XX, fazendo da Terra Chã a principal comunidade de lenhadores da ilha. O fabrico e fornecimento de achas e a serração de madeiras, com algumas serrarias a atingirem apreciável dimensão, ocupou parte importante da população da freguesia.[8]
As condições do solo, que não permitia lavoura fácil, levou à instalação de vinhedos na parte mais baixa da freguesia e de pomares nas áreas intermédias. Apesar da zona ser húmida, e por isso não totalmente adequada à produção vinícola, ainda assim a vinha teve grande implantação na zona mais baixa, entre a Canada do Rolo e a Boa Hora, com relevo para as quintas da Canada e do Caminho de Belém. Essa presença de vinhedos, patente nos relatos históricos, explica a estrutura fundiária existente, com predomínio de pequenos campos murados, e a existência de loja nas quintas, espaços que funcionavam como adegas.
O declínio da cultura da vinha ocorreu nas primeiras décadas do século XIX, em parte devido aos problemas fitossanitários, com relevo para o oídio, mas também ao aparecimento do lucrativo negócio da exportação de laranja para o Reino Unido. Boa parte dos vinhedos, para não dizer a sua quase totalidade, foi transformada em quintas de produção de laranja. Essa transformação, e a consequente prosperidade, está na origem da construção das opulentas casas assolaradas das actuais quintas. Para além da laranja, os pomares da Terra Chã abasteciam de fruta variada a cidade de Angra e os navios que demandavam o seu porto.
A perda de competitividade da laranja produzida nos Açores, e o concomitante aparecimento de novas doenças das laranjeiras, levou ao fim do negócio das laranjas, revertendo as quintas para outras fruteiras, novamente para vinha, agora de vinho-de-cheiro, ou para mata. Por meados do século XIX o negócio da laranja já tinha desaparecido quase por completo. Surgiu então, ou talvez tenha ressurgido, pois poderá ser muito antiga, a produção de castanhas, com o plantio de extensas matas de castanheiros, com destaque para a castanha-viana, que se transformou num produto emblemático da freguesia, persistindo até hoje.[9]
A outra importante área de actividade da Terra Chã, que mereceu à freguesia o sobriquete de terra dos pastores, foi a criação de gado-bravo. Nas zonas mais altas da freguesia, acima do Charcão e nas imediações do Pico da Bagacina, desenvolveu-se um lucrativo negócio de ganadaria, pertencente a algumas famílias terratenentes angrenses, que teve como pastores, isto é como trabalhadores e como manobradores da corrida nas toiradas-à-corda, homens contratados na Terra Chã. Alguns deles atingiram grande notoriedade no panorama taurino terceirense.
O negócio dos touros ganhou grande ímpeto nas primeiras décadas do século XX, principalmente com a importância que a família Corvelo, com sede no Solar dos Corvelos, conquistou na criação de gado bravo para as toiradas à corda.
Após um período de intensa emigração para os Estados Unidos e Canadá, que atingiu o auge na década de 1960, o terramoto de 1 de Janeiro de 1980 veio alterar profundamente a situação sócio-económica da freguesia, destruindo quase por completo o tecido social preexistente. A instalação do Bairro da Terra Chã, em terrenos que tinham sido adquiridos para a instalação da Universidade dos Açores, como principal estrutura de realojamento de famílias que perderam as suas habitações devido àquele terramoto, quase fez duplicar a população residente na freguesia. Como consequência, a localidade assumiu um carácter de dormitório suburbano, com a maioria da sua populações empregada no sector dos serviços e na construção civil.
Hoje a economia da Terra Chã é dominada de forma esmagadora pelo trabalho assalariado na zona urbana de Angra do Heroísmo, estando em rápido desaparecimentos os últimos traços de ruralidade que ainda subsistem.
A geologia da região onde se situa a freguesia da Terra Chã cria condições para a rápida infiltração das águas, não permitindo a existência de nascentes ou de cursos de água perenes. Assim, a colonização daquela região, à semelhança do que aconteceu nas zonas vizinhas do sudoeste da Terceira, foi lenta e, no caso, dependente da construção de cisternas que permitissem o abastecimento de água. Assim, são escassas as menções à localidade durante a primeira centúria de colonização da ilha.
Com toda a probabilidade a zona da actual freguesia da Terra Chã, com os seus solos pobres de biscoito, foi inicialmente usada como fonte de lenha para a cidade, percorrida por lenhadores, mas sem habitantes permanentes. Com o tempo foram sendo instaladas vinhas e pomares, e construídas cisternas, o que permitiu a fixação dos primeiros habitantes. O topónimo Charcão parece indiciar que nas encostas acima do lugar existiram algumas zonas húmidas, provavelmente as primeiras e únicas origens de águas nativas no lugar.
No tombo de Pero Anes do Canto, que possuía terras naquela zona da ilha, e que cobre o período que vai de 1482 a 1515, é feita referência à Terra Chã da Silveira,[10] uma larga zona que se estendia pelo litoral desde o Pombal, na actual freguesia de São Mateus da Calheta, até ao lugar da Silveira na periferia de Angra, e para o interior até ao sopé do Charcão.
A partir de 1572 o lugar passou a integrar a paróquia de São Pedro de Angra, criada naquele ano por desmembramento da paróquia da Sé. Correspondia à parte rural daquela freguesia urbana, prolongando-se para noroeste em direcção ao planalto central da ilha.
Apenas em 1674, quando já estava no essencial estruturado o povoamento da ilha, a Terra Chã foi elevada a curato da paróquia de São Pedro de Angra, com sede na Ermida de Nossa Senhora de Belém, em cujo local hoje se encontra a igreja paroquial da mesma invocação.
A primitiva ermida fora construída quase um século antes por Sebastião Álvares,[11] abastado negociante angrense e sua consorte Grácia Fernandes, em resultado de promessa votiva que formularam à Virgem de Belém em momento de aflição: conta-se que durante a permanência na Terceira das tropas francesas do Comendador de Chaste em apoio a D. António I de Portugal ocorreram graves delitos contra a população civil, entre os quais o assalto perpetrado um grupo de soldados franceses armados que tentaram saquear, entre outras, a casa onde vivia Sebastião Álvares, já ancião, com sua mulher, um filho, duas filhas donzelas e três escravos. Lançaram-se os soldados contra portas e janelas tentando arrombá-las e ameaçando os seus ocupantes de incendiarem a casa se não a abrissem. Enchendo-se de coragem o filho de Sebastião Álvares subiu então ao telhado da casa e atirou sobre os salteadores uma panela de pólvora inflamada, fazendo recuar os assaltantes, ferindo uns e matando outros. Por a família ter escapado incólume, Sebastião Alvares construiu então uma ermida no local onde hoje está implantada a igreja da Terra Chã.
Apesar da população ser pequena, a ermida era diminuta, não permitindo a desejada dignidade no serviço divino. Por essa razão, fez-se sentir a necessidade de um templo mais espaçoso, o que levou o morgado João Moniz Corte Real, descendente dos fundadores da ermida primitiva, a ceder o terreno circundante e a apoiar o lançamento da obra de construção de uma nova igreja no local. O surgimento da guerra civil entre liberais e miguelistas, na qual o morgado teve papel preponderante na Terceira, adiou o processo e só a 21 de Novembro de 1846, já depois da guerra, foi lançada a primeira pedra. Devido ao ritmo moroso em que os trabalhos decorreram por falta de fundos, apenas em 1857 foi aberta ao culto.
Sendo a Terra Chã uma zona densamente florestada, com uma rede labiríntica de carreiros entre os abrigos dos pomares, e para mais local de residência do influente líder miguelista morgado João Moniz Corte Real, logo após o golpe que colocou os liberais no poder na cidade de Angra, a localidade transformou-se no lugar de refúgio dos miguelista, que ali instalaram o centro da sua resistência ao novo poder.
A resistência assumiu a forma de uma luta de guerrilha contra as forças liberais que deixou marcas que ainda se reflectem na toponímia actual da freguesia: o Lugar das Casas Queimadas e o Lugar das Guerrilhas.
O topónimo Casas Queimadas provém do incêndio de uma casa de moradia situada numa quinta no Caminho dos Regatos, então pertencente a André Machado Lemos, que ali vivia com a sua família. Em 1828, um emissário liberal que se dirigia às Doze Ribeiras foi atacado por um grupo de guerrilheiros que se apoderou da mensagem que levava, vindo a refugiar-se na casa de André Lemos. Sabendo do acontecimento os liberais incendiaram aquela casa com todo o recheio e os próprios ocupantes. Mas num rebate de consciência acabaram por salvar a família Machado Lemos. A sua casa ficou então conhecida por "Casa Queimada", e daí o nome ao lugar.
O segundo topónimo, Guerrilhas, lembra as guerrilhas que existiram na ilha Terceira, com centro na Terra Chã, durante a guerra civil. Ficaram célebres dois guerrilheiros naturais da Terra Chã, o Boi Negro e o Rasgado, sendo numerosos os relatos de ataques que tiveram origem naquela freguesia, a ponto de Francisco Lourenço Valadão Júnior ter chamado à Terra Chã o alfobre de guerrilhas.[12]
A 6 de Outubro de 1943 começou a funcionar o Hospital Militar da Terra Chã, estrutura construída frente à igreja paroquial, destinada a apoiar os militares do Corpo Expedicionário português então estacionados na ilha Terceira e os militares ingleses que então ali desembarcaram. Esse apoio foi estendido aos militares norte-americanos enquanto não dispuseram de instalações sanitárias próprias na Base das Lajes.
Em 1946, com a partida da Força Expedicionária portuguesa e das forças britânicas estacionadas nas Lajes, estas substituídas pelas forças norte-americanas ainda hoje presentes na Base das Lajes, o Hospital Militar da Terra Chã foi transferido para a tutela da Base Aérea n.º 4, recebendo a 9 de Setembro de 1946 a designação de Hospital Militar da BA4 (Terra-Chã), nome que manteve até 13 de Agosto de 1972, quando por força do Decreto-Lei n.º 296/72, de 14 de Agosto,[13] que reorganizou o Serviço de Saúde da Força Aérea Portuguesa e determinou várias outras providências respeitantes àquele ramo das forças armadas, passou a designar‑se por Núcleo Hospitalar Especializado da Força Aérea n.º 2 (NHEFA2).[14]
Foi único hospital da Força Aérea Portuguesa no período de 1946 até 1975, ano em que foi extinto pelo Decreto-Lei n.º 525/75, de 25 de Setembro,[15] e desactivado na sequência da concentração dos serviços de saúde da Força Aérea Portuguesa no Lumiar, Lisboa, onde subsequentemente deram origem ao Hospital da Força Aérea. A partir de meados da década de 1960 o Hospital da Terra-Chã foi utilizado para os militares feridos evacuados dos teatros de operações da Guerra Colonial Portuguesa em África. Passaram pela instituição largas centenas de militares, cuja presença na Terra Chã foi importante na alteração da estrutura social da freguesia.
Pelo seu quadro passaram médicos ilustres que colaboraram também no Hospital de Angra.[16] Entre esses médicos destacou-se o médico militar Dr. Viriato Garrett, chegado à Terceira em 1941 como alferes miliciano do Exército Português, trabalhou quase em permanência no Hospital desde a sua fundação. A sua actividade como cirurgião foi particularmente intensa a partir de 1957, ano em que ingressou no quadro permanente da FAP, foi promovido a capitão-médico e colocado na BA4, onde permaneceu até ao encerramento da estrutura, da qual foi director a partir de 1966.
Após o fim da actividade hospitalar, o edifício do Hospital Militar serviu de abrigo para refugiados provenientes das colónias portuguesas em África (os retornados), sendo em 1976 entregue ao então recém-fundado Instituto Universitário dos Açores, que ali instalou o seu Departamento de Ciências Agrárias. Com a transformação do Instituto em Universidade dos Açores, o imóvel passou a albergar o Campus de Angra do Heroísmo daquela instituição, situação que se mantém na actualidade, pese embora a mudança progressiva da actividade universitária para o novo campus do Pico da Urze a partir de 2004. O imóvel parece destinado a ser transformado em parque tecnológico associado à Universidade.
Nos termos do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto, que estabelece o regime jurídico relativo à inventariação, classificação, protecção e valorização dos bens culturais móveis e imóveis, incluindo os jardins históricos, os exemplares arbóreos notáveis e as instalações tecnológicas e industriais, estão incluídos na lista do património classificado dos Açores os seguintes bens: