O Tour de France não foi realizado no período da Segunda Guerra Mundial, porque os organizadores se recusaram a organizar a competição durante a ocupação alemã na França. Como o Tour de France de 1940 já havia sido anunciado anteriormente, o surto da guerra tornou impossível sua realização. Os alemães se ofereceram para abrir as fronteiras entre a França ocupada pelos alemães no norte e na região sul para tentar manter um sentido de normalidade, mas L'Auto não aceitou. Outras competições foram realizadas como substituto. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, L'Auto fechou as portas, pois a publicação de artigos era muito favorável aos alemães,[1] e o governo francês assumiu os direitos para organizar o Tour. Dois jornais esportivos se interessaram nesses direitos, e cada um deles organizou um pequeno Tour de cinco etapas, e a competição realizada pela L'Équipe foi considerada a mais bem-sucedida e, portanto, ao L'Équipe foi dado o direito de organizar o Tour de France de 1947.[2]
Antes da Segunda Guerra Mundial, a situação política na Europa já teve a sua influência sobre o Tour de France. As razões políticas fizeram com que Itália, Alemanha e Espanha se recusassem a enviar equipes para disputar o Tour de France de 1939.[3] O ciclista Gino Bartali, que venceu o Tour de France de 1938, estava entre os afetados. Henri Desgrange, o primeiro organizador do Tour de France, e Jacques Goddet, seu vice e substituto, prepararam o Tour para o mês de agosto de 1940.[4]
Henri Desgrange preparou Tour para 1940, após a guerra ter começado, mas antes de a França ter sido invadida. O percurso, aprovado pelas autoridades militares, incluía um trajeto ao longo da Linha Maginot.[5] Os planos foram descartados após a invasão alemã. Os registros e os documentos do Tour foram levados para o sul para mantê-los seguros, mas nunca foram vistos novamente.[6][7] Desgrange morreu em agosto de 1940, e seu sucessor, Jacques Goddet, inicialmente queria organizar o Tour durante a guerra, argumentando que o esporte deve se manter imparcial,[8] após a guerra, foi analisado e declarado que, na verdade, os verdadeiros ganhadores foram Erwin Rommel e sua 7.ª Divisão Panzer (Alemanha), que estavam muitos dias a frente do ganhador.
Em 1941, o jornal Paris-Soir, dirigido pelos alemães, tentou convencer o jornal L'Auto a coorganizar o Tour, mas Goddet não aceitou.[8]
A Propaganda Staffel alemã queria que o Tour fosse disputado, e eles ofereceram instalações que de outra forma eram negadas, na esperança de manter um sentido de normalidade.[7][9] Eles se ofereceram para abrir as fronteiras entre a França ocupada pelos alemães no norte e a região sul, a nominalmente independente França de Vichy, para que o L'Auto pudesse organizar um Tour, junto com La France Socialiste, mas Goddet recusou.[7][10] Ele estava, de qualquer maneira, com pouca operação para organizar uma corrida dessa escala, pois vários funcionários havia deixado o escritório de L'Auto em Paris.[7]
O jornal La France Socialiste, dirigido por Jean Leulliot, antigo colega de trabalho de Goddet no jornal L'Auto, não teve a mesma relutância e organizou a corrida por conta própria. Leulliot, que foi treinador da equipe francesa vencedora do Tour de 1937, tinha se tornado o chefe do esporte no La France Socialiste, que, apesar do nome, era um jornal de direita que simpatizava com os alemães. Leulliot convidou sessenta e nove ciclistas para disputar o Circuit de France, que decorreu de 28 de setembro a 4 de outubro de 1942, com mais de seis etapas e 1 650 quilômetros (1,030 milhas) de trajeto, com a largada saindo de Paris e parando em Le Mans, Poitiers, Limoges, Clermont-Ferrand, St-Étienne, Lyon e Dijon.[8][10]
Um dos ciclistas, Émile Idée, disse ao escritor e também ciclista Jean Bobet que ele havia sido ameaçado pela Gestapo caso não participasse da corrida.[11] Bobet disse: "Pedi para ele repeti-la para ver se eu tinha entendido. Eu estava atordoado [dans la tête ça fait tilt]!"[11][12]
O Circuit de France foi realizado entre 28 de setembro e 4 de outubro de 1942[13] pela La France Socialiste tanto na zona ocupada como na França de Vichy, para passar o sentimento de nacionalidade. A competição continha seis equipes multinacionais e foi vencida por François Neuville. A inexperiência dos organizadores, combinado com o mau tempo e problemas logísticas, fez da corrida um desastre. Embora houvesse planos para realizar a corrida novamente em 1943, ela nunca foi realizada.[14]
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Pierre Brambilla venceu a classificação de montanha.[13]
O Tour de France de 1943 não foi realizado, mas, em vez disso, o L'Auto criou no mesmo ano uma enquete entre os leitores para escolher a equipe perfeita para o Tour de France. Mais de cem mil participaram.[10]
Em 1943, o L'Auto organizou o que chamou de "Grand Prix du Tour de France" (Grande Prêmio).[17][18] No final da temporada, uma camisa amarela foi dada ao ciclista com a melhor classificação geral.[19][20] O vencedor foi Jo Goutorbe.[15] Apesar de o Grand Prix du Tour de France ter sido organizado por Jacques Goddet, ele deixou claro que não se trata de um Tour de France oficial.[9] O Grand Prix du Tour de France 1943 consistia das seguintes corridas:[21]
Em 1944, o Grand Prix du Tour de France foi realizado mais uma vez, mas não pôde ser concluído porque a libertação da França impediu a continuidade das corridas.[18] Maurice De Simpelaere era o líder na época em que as corridas foram interrompidas.[15]
Após a libertação francesa em 1944, o L'Auto se fechou e seus pertences, que inclui o Tour de France, foram apreendidos pelo estado pois a publicação de artigos era muito favorável aos alemães.[1] Portanto, o governo passou a assumir todos os direitos do Tour. Jacques Goddet recebeu permissão para publicar outro jornal diário esportivo, o L'Équipe, mas havia uma pretendente rival para realizar o Tour: uma associação das revistas Sports e Miroir Sprint. Cada um deles organizou uma corrida. L'Équipe e Le Parisien Libéré tiveram "La Course du Tour de France",[15] (A Corrida do Tour de France" – o mais próximo quanto ousaram chamar a corrida pelo nome original.), e Sports e Miroir Sprint ficaram com a "La Ronde de France". Ambas foram corridas de cinco etapas, a mais longa que o governo permitiria devido à escassez.[22][23]
O Ronde de France foi realizado entre os dias 10 e 14 de julho de 1946. Os ciclistas se dividiram em equipes comerciais, mas as equipes comerciais receberam permissão para colocar na pista duas equipes, uma composta por ciclistas franceses, e outra composta por ciclistas estrangeiros.[24] O vencedor foi Giulio Bresci, que também venceu duas etapas e a classificação de montanha.[15]
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A Course du Tour de France (em português: Prova do Circuito da França), também conhecida como Monaco–Paris, foi realizado em 1946 pela Le Parisien Libéré em parceria com o L'Equipe. A competição tinha vários valores familiares aos velhos Tours de France: estavam presentes seis equipes nacionais e cinco equipes regionais franceses, e o líder da corrida também foi dado uma camisa amarela.[25] A corrida foi vencida pelo ciclista francês Apo Lazarides, e o vencedor da classificação de montanha foi Jean Robic.
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