O Tribunal Russell, também conhecido como Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, Tribunal Russell-Sartre, ou Tribunal de Estocolmo, foi um evento organizado pelo filósofo britânico Bertrand Russell e mediado pelo filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre. Junto com Lelio Basso, Ken Coates, Ralph Schoenman, Julio Cortázar e muitos outros, o tribunal investigou e avaliou as políticas externas dos Estados Unidos e a intervenção militar no Vietnã, seguida da derrota de 1954 das forças francesas em Diên Biên Phu e o estabelecimento do Vietnã do Norte e do Sul. O tribunal não investigou supostou crimes de guerra cometidos pelos Vietcongs; Schoenman comentou: "Lord Russell pensaria nisso tanto quanto julgar os judeus do gueto de Varsóvia por sua insurreição contra os nazistas."[1]
Bertrand Russell justificou:
Se certos atos e violações de tratados são crimes, eles o são quer os Estados Unidos ou a Alemanha os pratique. Não estamos preparados para estabelecer uma regra de conduta criminosa contra outros que não estaríamos dispostos a invocar contra nós.— Justice Robert H. Jackson, Chief Prosecutor, Nuremberg War Crimes Trials[2]
O tribunal foi constituído em novembro de 1966 e conduzido em duas sessões em 1967, em Estocolmo, Suécia, e em Roskilde, Dinamarca. O livro de Bertrand Russell sobre a situação no Vietnã, War Crimes in Vietnam, foi publicado em janeiro de 1967, e incluiu pós escritos explicando o porquê de sua linha investigativa.[3] O tribunal foi amplamente ignorado nos Estados Unidos.
Tribunais posteriores foram criados nas décadas seguintes sob o mesmo modelo usando a denominação Russell Tribunal. E.g. Russell Tribunal na América Latina focou-se nas violações de direitos humanos nas ditaduras da Argentina e do Brasil (Roma, 1973 e Roterdão1980), no golpe militar do Chile (Roma, 1974–76), nos Direitos Humanos na Psiquiatria (Berlim, 2001), no Iraque (Bruxelas, 2004), e na Palestina (Barcelona, 2009–12). Uma audiência do tribunal Russell-Sartre Tribunal foi anunciada em Veneza (23 de agosto de 2014) sobre violações dos direitos humanos na guerra no leste da Ucrânia.[4]
Representantes de 18 países participaram em duas sessões do tribunal, formalmente autodenominado Tribunal Internacional de Crimes de Guerra. O comitê do tribunal consistiu de 25 personagens notáveis, predominantemente de organizações pacifistas de esquerda. Muitos desses indivíduos eram ganhadores do prêmio Nobel, e outros prêmios, especialmente de reconhecimento nos campos sociais e humanitários. Não havia representação direta dos Estados Unidos ou do Vietnã nesses 25 membros, embora alguns deles fossem cidadãos estadunidenses.
Mais de 30 indivíduos testemunharam e acrescentaram informações a este tribunal. Entre eles estavam militares dos Estados Unidos e representantes de diferentes facções vietnamitas. O financiamento do tribunal veio de várias fontes, incluindo uma grande contribuição do governo do Vietnã do Norte após a solicitação de Russel a Ho Chi Minh.[5]
Foi seguido por outro tribunal, conhecido como Tribunal de Russel II na América Latina, que teve três encontros em Roma (1974), Bruxelas (1975) e Roma novamente (1976), falando predominantemente do Brasil e Chile.
Na sessão de encerramento do tribunal de Russell Tribunal II, a criação de três novas instituições foi anunciada: a Fundação Internacional pelos Direitos e Liberdades dos Povos, e Liga Internacional pelos Direitos e Libertações dos Povos, e o Tribunal Popular Permanente.