[1] Uncispionidae | |||||||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||||
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Resumo dos táxons reconhecidos | |||||||||||||||||||||||
Gênero Rhamphispio Blake & Maciolek, 2018[3]
Gênero Uncispio Green, 1982[4]
Gênero Uncopherusa Fauchald & Hancock, 1984[5] |
Unscipionidae é uma família de animais anelídeos poliquetas pequenos, com corpos alongados e delgados.[6] O grupo representa a menor e mais rara família dentre os espioniformes conhecidos.[6][7] São caracterizados por apresentarem parapódios e cerdas direcionados para a cabeça no primeiro segmento, formando uma gaiola cefálica; ganchos neuropodiais bidentados ao longo da maior parte do corpo, sendo muito maiores e curvos nos dois últimos segmentos; estes ganchos são únicos entre os poliquetas espioniformes.[6][7]
Os uncispionídeos possuem corpos alongados e delgados,[6] divididos em três regiões distintas: anterior, mediana e posterior.[8]
Na região anterior fica a cabeça, que compreende o prostômio e o peristômio, sem a presença de segmentos associados.[8] O prostômio tem forma elipsoidal[8] e pode apresentar uma antena occipital, média ou curta,[6] inserida na extremidade posterior[8]. Não foi registrada a presença de órgãos nucais nem olhos.[8]
Observa-se um par de palpos sulcados, inseridos dorsalmente, na junção entre o prostômio e o peristômio.[8] Este par de palpos é muito curto e não se estende muito além da cabeça.[8]
O peristômio encontra-se expandido dorsalmente com abas laterais, e apresenta boca estendida ventralmente.[8] A faringe possui dois lobos orais anteriores, ciliados e arredondados.[6] Essas estruturas surgem a partir do lábio dorsal.[6] Quando estendida, a faringe também pode ter um par de curtos lobos laterais e um lobo mediano ventral perto da abertura da boca.[6]
Todos os parapódios são birremes.[6] O primeiro segmento apresenta parapódios baixos e cerdas capilares longas e espessas, direcionadas anteriormente, formando uma gaiola cefálica, característica marcante do grupo.[8] Alguns segmentos possuem brânquias, que podem estar fundidas basalmente, ou separadas dos lobos notopodiais.[6]
A região mediana possui cerdas capilares notopodiais longas e ganchos neuropodiais bidentados.[8] Esses ganchos se iniciam no segmento 9 e seguem até o final do corpo.[8]
A região posterior apresenta cerdas capilares notopodiais curtas.[8] Os ganchos neuropodiais dos dois últimos segmentos são modificados em relação aos demais, sendo extremamente grandes e curvos.[8]
O corpo do animal termina no no pigídio. O ânus é cercado por quatro a oito lóbulos anais digitados.[8]
De forma geral, esses vermes são frágeis e podem se fragmentar facilmente durante o manuseio e fixação, resultando na perda da extremidade posterior dos animais.[6] Ademais, os espécimes são pequenos e difíceis de examinar, dificultando o estudo de sua morfologia e anatomia.[9] Há relatos de espécimes que apresentam coloração verde clara quando vivos, e cor clara ou opaca quando fixados em álcool.[6]
A existência de grandes ganchos neuropodiais modificados nos segmentos posteriores sugere que essas estruturas atuam na ancoragem dos vermes ao substrato, indicando também a construção de tubos ou galerias, e motilidade discreta.[6] No entanto, não há informações disponíveis acerca da morfologia ou estrutura do abrigo desses animais.[6]
Os lobos associados aos lábios indicam um papel na seleção de partículas e, provavelmente, são utilizadas para a alimentação e construção de tubos.[10] De forma semelhante a outros grupos espioniformes, o par de palpos, provavelmente, atua na captura inicial das partículas na interface água-sedimento, que são transportadas em direção à boca por meio do sulco ciliado.[10]
O par de lobos orais anteriores também desempenha um papel importante na seleção e manipulação de partículas, que chegam à abertura oral.[10] Aparentemente, a faringe é capaz de se expandir e contrair, resultando em variação no tamanho da abertura da boca.[10] Entretanto, ainda são necessários mais estudos, para entender completamente a estrutura da faringe e as funções das outras estruturas orais.[10]
Os ovos dos uncispionídeos possuem cerca de 100 μm a 120 μm de diâmetro e apresentam uma membrana espessa, com alvéolos corticais protuberantes.[10] Essa morfologia também está presente nos ovos de outras espécies de poliquetas e em vários gêneros de Spionidae.[10] Não se sabe sobre a biologia reprodutiva, embriologia nem desenvolvimento larval destes animais[10], contudo, a morfologia dos ovos sugere que os gametas são dispersos na coluna d'água e possuem desenvolvimento planctônico.[10]
Os uncispionídeos são organismos marinhos encontrados nas profundezas da plataforma continental e taludes, entre 200 m e 3000 m, e apresentam preferência por sedimentos finos, de barro e argila.[9]
O grupo representa a menor e mais rara família dentre os spioniformes atualmente conhecidos, possuindo três gêneros com oito espécies descritas.[11] Há ocorrências registradas na Indonésia, Estados Unidos e Reino Unido.[11] Não há registros da presença deste grupo no Brasil.[11][12]
Não são conhecidos fósseis registrados de uncispionídeos.[8]
Até o momento, Uncispionidae é uma família é composta por três gêneros e oito espécies, das quais a maioria é rara e consiste em apenas alguns registros.[6]
Os primeiros registros desses vermes incomuns foram feitos entre 1965 e 1971, os quais relataram a presença de fragmentos posteriores de poliquetas em águas profundas.[6][7][13][14] Esses fragmentos possuíam ganchos bidentados posteriores anormalmente grandes, relativamente semelhantes aos ganchos encapuzados de espionídeos.[6][7][13] Desta forma, esses fragmentos foram considerados como pertencentes a espionídeos, sendo mencionados escassamente na literatura.[6][7][13]
A primeira descrição formal de um uncispionídeo foi realizada em 1981, na qual foi descrita um táxon de águas profundas do Oregon.[6][15] Essa espécie foi denominada Uncopherusa bifida e foi considerada como pertencente à família Flabelligeridae.[6]
A família Uncispionidae foi descrita apenas em 1982, com a descrição de uma nova espécie,[10] Uncispio hartmanae, do sul da Califórnia, com características semelhantes a Uncopherusa bifida[6].[16] Assim, as duas espécies foram transferidas para uma nova família denominada Uncispionidae,[10] sugerindo que o que foi considerado como corpo coberto de papilas e areia (como ocorre em Flabelligeridae) era, de fato, um tubo[8]. A família se sustentava principalmente pelos ganchos neuropodiais aumentados e modificados, presentes nos dois últimos segmentos.[9]
O relato mais recente desses poliquetas espioniformes raros e incomuns foi feito por Blake e Maciolek em 2018.[6] Com base em novas coleções, esses autores registraram novas espécies e gêneros que atualmente compõem a família.[6]
Os caracteres que sustentam a monofilia do Uncispionidae são a presença de uma gaiola cefálica e ganchos neuropodiais bidentados, ao longo da maior parte do corpo, com ganchos maiores e curvos nos últimos 2 segmentos.[6][7]
Embora semelhantes a Spionidae em termos de morfologia de ovos e larvas, e em particular à subfamília Nerininae[6], esses táxons diferem consideravelmente quando a morfologia de adultos é considerada.[6] Assim, a sinonímia dos grupos não foi proposta devido ao fraco apoio durante as análises. [10]
Até o momento, não houve estudos filogenéticos de uncispionídeos usando dados de sequência molecular.[6]