«Verbasco» e «barbasco» são ambos variantes do termo latino verbascum, a primeira chega ao português moderno por via erudita[4] e a segunda palavra chegou ao português moderno por via popular.[2]
Quanto ao substantivo blatária, este advém do termo latino «blattarĭa», que significa «erva das baratas; erva mata-baratas».[3]
É uma planta herbácea perene, hemicriptófita, bienal e pubescente, com folhas alternas e flores amarelas.
Os talos podem ascender até aos 150 centímetros de altura, são lisos, com pêlos tectores simples, bifurcados ou mesmo trifurcados, verdejantes ou avermelhados.[8] As folhas são alternas, de formato oblongo-lanceolado ou dentadas, exibem uma coloração verde mate.[8]
As flores são simples, distribuindo-se na ordem das duas a cinco por fascículo, em cada bráctea, com a flor principal provida de 2 bracteolas.[8] Floresce de Junho a Setembro.[6]
Distingue-se do Verbascum barnadesii por este ter pedicelos bastante compridos, por sinal, maiores do que cálice das flores, ao passo que o barbasco bastante curtos, indiscutívelmente mais curtos do que os cálices.[9]
Encontra-se, concretamente, nas zonas do Noroeste ocidental, do Noroeste montanhoso, do Nordeste ultrabásico, da Terra quente transmontana, do Centro-norte, do Centro-oeste calcário, do Centro-oeste arenoso, do Centro-oeste olissiponense, do Centro-leste motanhoso, do Centro-leste de campina, do Centro-sul miocénico, do Centro-sul plistocénico, do Sudeste setentrional e do Sudeste meridional.[6]
Em termos de naturalidade, é nativa de Portugal Continental e Arquipélago da Madeira e introduzida no arquipélago dos Açores.
Trata-se de uma planta ripícola e ruderal, capaz de prosperar tanto entre matagais, como em courelas agricultadas.[9]
Dessarte, encontra-se em comunidades ao pé de estradas, em veigas, em charnecas e escarpas, onde o solo seja húmido, idealmente ácido e com apreciável teor nitroso.[9][8]
No ensejo do folclore português, o naturalista, Arruda Furtado chegou a relatar as crenças populares dos Açores, mais propriamente da ilha de São Miguel, que atribuiam à boliana a faculdade de conceder fortuna ao seu detentor, contanto que se plantasse junto do verbasco, do trovisco e da bela-luz.[15]
Com efeito, faz parte da crendice popular micaelense, do século XIX, que da união do verbasco com a boliana,[16] nascia, a cada sete anos, na noite de São João, das flores da boliana uma pena, como a dos patos, com que se podia escrever. Além de dar sorte, acreditava-se que era com essa pena que as bruxas subscreviam os pactos de sangue com o diabo.[17]
↑Contribution à la connaissance cytotaxinomique des spermatophyta du Portugal. Fernandes, A., M. Queirós & M. F. Santos (1977) Bol. Soc. Brot. ser. 2 51: 37-90
↑Arruda Furtado, Francisco (1883). MATERIAIS PARA O ESTUDO ANTROPOLÓGICO DOS POVOS AÇORIANOS.OBSERVAÇÕES SOBRE O POVO MICAELENSE(PDF). Ponta Delgada, São Miguel, Portugal: Tipografia Popular. p. 41 «A mais complicada e curiosa superstição micaelense que temos encontrado é a da boliana. A boliana, contracção de valeriana, é uma planta indispensável para se ter fortuna; mas para isto carece de estar sempre ao pé dos seus três companheiros, o verbasco, o trovisco e a bela-luz, e que se lhe diga todos os dias estas cantigas: "Bons dias, minha menina! Boliana minha amiga,/Como passastes a noite? verbasco teu companheiro,/Tu comigo e eu sem ti, hás’ pedir ao meu amor/e tu no coração doutro. Que me dê muito dinheiro." Quando se rega a boliana é preciso dizer-lhe: "A água que vem da serra,/vem de regar os craveiros;/também te venho aguar,/minha nobre cavalheira» « As pessoas que emigram levam consigo folhas dela, para lhes dar sorte»
↑Leite de Vasconcelos, José (1882). Tradições populares de Portugal. Porto: Typographia Occidental. p. 315. 350 páginas
↑Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições, Volume 2. Porto: .Livraria Ferreira. pp. 73–74 «O mais curioso desta superstição é que o povo crê que de sete em sete anos, na noite de S. João, a boliana dá uma flor que é exactamente do feitio duma pena de pato e com que também: se pode escrever. Para a poder colher é preciso ir à meia noite com um guardanapo de olhos pela cabeça, e a flor, ao ser cortada, dá uma grito. Afirma-se que muitos escrivães possuem uma pena destas e que a isto devem a sua fortuna»